Mahindra vê parceria com Abt como fuga de beco na Fórmula E: “Não temos recursos”

A Mahindra já havia adiantado, há algum tempo, que possuía o objetivo de se tornar uma equipe fornecedora na Fórmula E. E o ‘sonho’ vai virar realidade a partir do ano que vem, quando a Abt retornará à categoria e vai utilizar o trem de força produzido pela equipe indiana sediada na Inglaterra. No entanto, a parceria entre os dois times vai muito além da mera divisão de motores — é o que explica Dilbagh Gill, chefe da Mahindra.

“Quando olhamos para isso [ser um fornecedor], percebemos que não tínhamos a capacidade de ser uma [equipe] fornecedora, porque internamente não éramos equipados em grande escala”, explicou Gill ao portal The Race. “Mas também, olhando para as performances nos últimos anos, sentimos que caímos em certa rotina como equipe”, salientou.

“Estamos fazendo menos do que podemos com nosso conjunto, já que acredito que nosso conjunto seja melhor do que nosso desempenho”, avaliou. “Existem dias, como em Nova York, em que somos muito fortes em um dos dias da rodada dupla. Então, acabamos pensando: ‘talvez seja o momento de trabalhar junto a alguém que tenha experiência, e a Fórmula E está indo nessa direção”, afirmou.

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Assim, a opção pela Abt se tornou instantaneamente atrativa no momento em que o time resolveu retornar ao grid da Fórmula E, de acordo com Gill. Além disso, um nome bastante conhecido da época de Audi deve fazer o caminho contrário no ano que vem: de acordo com informações do próprio portal, o brasileiro Lucas Di Grassi — campeão da Fórmula E com a Audi-Abt em 2016/2017 — será o companheiro de Oliver Rowland na Mahindra em 2023. Alexander Sims, por sua vez, já confirmou que vai deixar a categoria pra focar no endurance.

Assim, Gill indicou que teve pouco a pensar sobre o assunto, já que conhecia a operação da Abt na primeira passagem do time alemão pela Fórmula E. O indiano ainda indicou que a parceria entre os dois times vai muito além apenas do fornecimento de motores, mas envolve uma integração importante em termos de conhecimento técnico.

“Quando a Abt voltou, não houve o que pensar. Conhecíamos esses caras desde o primeiro dia”, revelou. “Sabemos seus valores, conhecemos as pessoas que tomam decisões e temos uma relação cordial. Além disso, quando você é um fornecedor, automaticamente tem uma hierarquia. Esse [acordo] pode ser muito mais algo como duas equipes trabalhando em conjunto”, ressaltou.

Por fim, Gill detalhou levemente como seria essa parceria entre as duas equipes, que vai se estender também ao testes com o novo carro Gen3. Pelas regras da Fórmula E, cada equipe fornecedora tem direito a oito dias a mais de testes com o novo monoposto — além dos 12 já previstos —, porém quatro desses dias precisam ser dedicados ao time cliente — com o mesmo carro e o mesmo nível de bateria.

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“Também vamos juntar recursos lado a lado, porque a colaboração para as testagens serão em um nível muito mais alto do que o normal”, explicou. “Novamente, não temos os recursos. Nossa equipe de testagem será combinada entre os dois, independentemente de serem da Mahindra ou da Abt. Vamos fazer tudo juntos a partir de agora, para que o nível de sabedoria aumente nas duas companhias”, destacou.

“Mahindra e Abt possuem uma longa história juntas: as duas marcas foram fundadoras da Fórmula E há quase uma década”, elogiou. “Tivemos grandes batalhas na pista e nos juntamos para desenvolver a categoria fora dela. Agora, estamos continuando nossa jornada com uma intensa colaboração técnica”, finalizou.

A Fórmula E realiza sua penúltima etapa da temporada já neste final de semana, com o eP de Londres programado para acontecer nos dias 30 e 31 de julho — com transmissão ao vivo da TV Cultura.

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