Rei de Jacarta: Günther varre rodada dupla e alcança apogeu como piloto da Fórmula E

No eP de Jacarta, Maximilian Günther atingiu seu ápice. Avassalador durante todo o fim de semana, Max emulou seu xará da Fórmula 1 e não deu chance alguma à concorrência

De todos os finais de semana da Fórmula E em 2023, nada foi tão impressionante como o desempenho de Maximilian Günther no eP de Jacarta. Em um fim de semana que apresentou novas cartas ao campeonato, como a subida de ritmo de equipes como Maserati — principalmente —, Nissan e DS Penske, o alemão roubou completamente o protagonismo e se tornou o assunto da rodada.

Perfeito desde que foi à pista pela primeira vez, ainda no TL1, Günther mostrou ao longo de todo o fim de semana que seria o homem a ser batido em Jacarta. A decepção, entretanto, veio na corrida 1, em que o alemão não conseguiu se manter na primeira colocação devido ao déficit energético da Maserati em comparação ao motor Porsche, principalmente.

Ainda assim, Günther parecia levar o carro da equipe italiana — com base em Mônaco — além do limite ao conquistar o terceiro lugar, algo que o alemão já havia alcançado em Berlim. Mas Max queria mais, e o trabalho de um dia para o outro foi entender como o piloto mais rápido da pista poderia superar as deficiências do carro para conquistar a vitória no dia seguinte.

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Günther chegou a Jacarta sem poles na Fórmula E e saiu com duas em dois dias (Foto: Fórmula E)

E essa é justamente a beleza nas rodadas duplas da Fórmula E. Um resultado ruim na primeira prova — ainda que não tenha sido o caso de Günther — pode gerar uma oportunidade na segunda, já que o conhecimento de pista é vital para a análise de qualquer estratégia.

Foi exatamente o que a Maserati fez. Estudou tudo o que aconteceu no dia anterior, em que não teve chances reais de vitória em nenhum momento, e surgiu em um ritmo diferente neste domingo (4). Os domínios no TL3 e na classificação não foram surpresas, afinal, já haviam se repetido na véspera. Mas a corrida foi qualquer coisa.

Largando mais uma vez em primeiro, Günther logo sofreu o primeiro revés quando Jake Dennis ativou o modo de ataque de maneira mais consciente, segurando a liderança — algo que o alemão não conseguiu fazer. Foi a partir daí, entretanto, que a atuação espetacular do ex-Nissan começou a aparecer.

De alguma maneira, Günther manteve-se sempre no mesmo nível energético de Dennis, que conta com um trem de força consideravelmente mais eficiente. Enquanto Mitch Evans, da poderosa Jaguar, se arrastava da forma que podia para segurar a terceira colocação, tanto o alemão da Maserati quanto o britânico da Andretti disparavam rumo à bandeirada.

Pascal Wehrlein retomou a ponta do campeonato, mas ainda precisa acordar e voltar a somar pódios regulares (Foto: Porsche)

O normal, nesses momentos, é esperar um ataque por parte do segundo colocado, que — além do vácuo — possui a vantagem de regenerar mais energia e acumular bateria para atacar no momento certo. Não foi o que aconteceu. Mesmo na ponta, Günther esteve sempre no mesmo nível do rival, o que impossibilitou completamente qualquer ameaça. Na abertura da última volta, o piloto da Andretti tinha 3s de vantagem para o segundo colocado. Perfeito.

A partir de agora, o piloto se coloca em um novo patamar na temporada. A todo momento, o alemão ressalta a evolução da Maserati do início do campeonato para cá, o que não deixa de ser verdade. Por outro lado, erros de sua parte — e também de Edoardo Mortara — nas primeiras corridas do campeonato comprometeram resultados que poderiam ter sido muito melhores.

Assim, se a evolução é evidente, é preciso aproveitar. Pouco adiantaria varrer completamente o fim de semana em Jacarta e repetir o desastre do eP de Diriyah 1, por exemplo, quando nem largou após bater na classificação.

É possível repetir o que foi feito em Jacarta? Difícil. O domínio de Günther mostra que houve uma adaptação perfeita, um casamento totalmente encaixado entre piloto, carro e pista. É complicado de imaginar que o cenário aconteça novamente em Portland, Roma ou Londres.

Em fim de semana atípico da Jaguar, Evans precisou aguentar até uma batida do próprio companheiro de equipe (Foto: Fórmula E)

Em relação ao campeonato, o eP de Jacarta serviu como gasolina em um fogo já bem aceso. Em fim de semana desastroso, Nick Cassidy ameaçou abandonar na corrida 1, ao tentar um movimento atabalhoado sobre Jean-Èric Vergne, e concluiu o objetivo na segunda prova, ao atacar Pascal Wehrlein novamente de forma inexplicável. Depois de tantas boas corridas, o agora terceiro colocado tem o que lamentar.

Jake Dennis, por sua vez, tem muito o que comemorar após os dois segundos lugares da rodada dupla indonésia, mas ninguém sai com um sorriso maior do que Mitch Evans. O fim de semana se provou surpreendentemente difícil para a Jaguar, que não conseguiu acertar o próprio carro e sofre com as patifarias de Sam Bird — que abalroou o próprio companheiro de equipe pela segunda vez na temporada.

Na segunda corrida, entretanto, Evans voltou ao nível habitual e se colocou entre os primeiros desde o início. Prejudicado pela estratégia de Günther, que o obrigou a gastar muito mais energia do que o planejado, o neozelandês precisou segurar o pelotão por boa parte da corrida neste domingo. No fim, teve sucesso e somou mais um pódio fundamental.

A Fórmula E faz uma pausa de 20 dias a partir de agora e retorna em mais uma pista estreante na temporada. No dia 24 de junho, pilotos e equipes voltam a aquecer os motores para o eP de Portland, e o GRANDE PRÊMIO transmite todas as atividades de pista AO VIVO no YouTube.

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