Sette Câmara lamenta falta de progresso e vê ERT focada em 2025: “Não tem como evoluir”

Sérgio Sette Câmara espera maximizar potencial da ERT ao longo da temporada da Fórmula E e vê equipe focada no desenvolvimento do Gen3Evo de 2025

A temporada 2023/24 da Fórmula E não tem sido das melhores para Sérgio Sette Câmara e sua equipe, a ERT. O principal resultado de ambos no campeonato foi o nono lugar na primeira corrida da rodada dupla em Diriyah, na Arábia Saudita. Fora essa exibição, o brasileiro e o time não marcaram pontos e passaram por um problema sério no eP de São Paulo, quando o piloto reclamou por ter sido informado de que não precisava mais se preocupar com o gerenciamento da bateria, mas acabou ultrapassando o limite permitido de energia na última volta, o que o fez ser desclassificado.

Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO no Anhembi, Sette Câmara disse que espera conseguir maximizar o potencial do carro ao longo do ano, mas admite que o foco dos engenheiros da ERT está já em 2025 — quando a Fórmula E terá um carro com especificações diferentes, o Gen3Evo.

Os motivos para que os olhares já estejam na próxima temporada são justificáveis por dois pontos centrais: além da chegada do Gen3Evo, uma versão aprimorada dos monopostos atuais, há a limitação que o regulamento impõe para a evolução dos carros ao longo do campeonato.

Sette Câmara revelou que a ERT já trabalha no desenho de peças para 2025, que estarão acessíveis a ele somente nos últimos meses deste ano. Com isso, o brasileiro indica que o alvo está no presente — melhorar o que for possível ainda nesta temporada.

“Da minha parte, o foco é total em 2024. O nosso motor ainda está longe de ficar pronto para o ano que vem, então só vou treinar com o modelo da próxima temporada a partir de setembro ou outubro. Por enquanto, é chegar em cada fim de semana de corrida e tirar o máximo do carro”, revelou Sette Câmara.

Sérgio Sette Câmara à frente de Jake Hughes (Foto: Guilherme Bloisi/GRANDE PRÊMIO)

“Para os engenheiros, não. Eles já estão com a cabeça no ano que vem, porque já estão desenhando os componentes do carro. Na minha parte de pilotagem, eu só começo a trabalhar mesmo nisso a partir de setembro ou outubro”, completou.

Apesar da possibilidade de evoluir o software ao longo do ano, o brasileiro acredita que a ERT já alcançou o máximo de seu potencial no quesito. O trem de força, por outro lado, não apresenta eficiência e dificulta muito o ganho de posições nas corridas. Diante desses fatos, Sette Câmara fala com resignação sobre o possível progresso no conjunto ainda em 2024.

“Pra ser sincero, não tem muito o que evoluir. A gente fica bem preso com relação ao que pode alterar no carro. Na verdade, a parte de hardware não pode mudar nada, só software. A gente já tem um software bem otimizado, então nosso objetivo é, na verdade, tirar o máximo em cada etapa sem desenvolver muito, extrair o melhor possível”, comentou.

“Basicamente, isso significa encontrar um acerto superior, todo mundo executar a estratégia correta, eu acertar as voltas de classificação, tirar o máximo do fim de semana. Esse é o objetivo. Queria que tivesse um desenvolvimento, que a gente pudesse melhorar durante o ano, mas é complicado fazer isso, infelizmente”, prosseguiu.

Sérgio Sette Câmara passou por situação muito complicada em SP (Foto: Rodrigo Berton/GRANDE PRÊMIO)

O foco antecipado para a temporada de 2025 pode não ser suficiente para a ERT dar um salto, segundo o próprio Sette Câmara. O brasileiro indica que o time precisa de maior orçamento para competir em condições de igualdade com as principais concorrentes do grid da Fórmula E.

Na visão do 16º colocado no campeonato, uma equipe cliente pode ajudar no futuro, pois trará mais informações importantes para refinar os ajustes e progressos dos carros. Porém, admite que chegar nesse ponto será resultado de ser ter uma unidade de potência melhor e mais eficiente.

“Acho que ter uma equipe cliente ajuda, porque você tem o dobro de carros coletando dados. Isso será consequência. Quando você é uma referência no motor, uma parceria nesse sentido vem automaticamente. Nem sempre significará um resultado muito bom. Podemos pegar a Mahindra como parâmetro, que tem uma equipe cliente [Abt Cupra] e não tem conseguido ganhar corridas, por exemplo”, destacou.

“O que precisa é ter mais investimento, um orçamento mais robusto. De preferência ter um parceiro, uma marca global grande por trás, como é o caso com tantos outros times. A Porsche e a Jaguar, que são os principais motores, têm uma empresa grande atuando em conjunto, que é uma parceira não só na questão econômica, como também na parte técnica. E aí, como consequência, você tem uma equipe cliente, tem quatro carros rodando. Uma coisa leva à outra, mas começa na parte financeira. Temos um orçamento que é de menos da metade dos times grandes. No automobilismo, a gente vê que o campeonato, geralmente, é uma ordem do capital injetado, raramente foge disso”, finalizou.

A próxima etapa da Fórmula E acontece entre os dias 29 e 30 de março, com a tão aguardada estreia da categoria em Tóquio. O GRANDE PRÊMIO transmite todas as atividades de pista da temporada AO VIVO COM IMAGENS no YouTube.

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Assista à corrida completa do eP de São Paulo

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