Herta enterra F1 de vez e retoma desempenho para desafiar Palou na Indy 2025
Colton Herta teve reta final impressionante de temporada e deu salto junto da Andretti. E a dupla promete ser forte concorrente de Álex Palou e Ganassi em 2025
Álex Palou tem provado a cada ano que está no patamar de piloto histórico da Indy. Em cinco temporadas, já amealhou três títulos, algo bem incomum na categoria. Na teoria, muitos são os concorrentes que podem rivalizar com o espanhol, mas, na prática, poucos são os que, de fato, desafiaram o #10 da Ganassi. No entanto, a parte final do campeonato de 2024 mostrou que Colton Herta pode ser o nome a tirar a coroa de campeão de Palou para 2025.
Filho de Bryan Herta, piloto com certo destaque na Indy, Colton sempre foi um nome muito falado no paddock, antes mesmo de assumir algum posto por lá. Prodígio, chegou com tudo no grid. Fez uma corrida pela Harding em 2018 e fechou para a temporada completa de 2019. Na segunda etapa daquele ano, tornou-se o mais jovem da história da categoria ao vencer no Circuito das Américas, em Austin — faltavam seis dias para completar 19 anos.
A partir desse feito, a Indy começou a tratar o jovem como um futuro campeão da categoria — mais ainda ao assumir um posto na Andretti, em 2021, apesar de que a Harding já possuía ligações com a equipe. Vitórias nunca faltaram no currículo de Herta, triunfando ao menos em uma corrida em todas as temporadas até 2022. Porém, mesmo ganhando, o norte-americano demonstrava certa inconstância, indo do besta ao bestial em questão de segundos.
A velocidade — e a nacionalidade — de Herta chamaram a atenção da AlphaTauri [atual RB] na Fórmula 1. Helmut Marko, consultor da Red Bull, queria o rapaz no carro para 2023. As partes se acertaram rapidamente, mas a ida para a F1 foi barrada pela falta de superlicença. Por mais que pareça ser injusta a forma como a Federação Internacional de Automobilismo [FIA] pontua a Indy, classificando quase como uma categoria de base regional, a falta de tentos para ter a permissão de correr na F1 é reflexo da inconstância de Herta.
Então, veio 2023. Ao mesmo tempo em que renovou com a Andretti para receber o maior salário da Indy — estimados em US$ 7 milhões [cerca de R$ 38 milhões] contra os US$ 4 milhões [R$ 22 milhões] de Álex Palou —, algumas coisas tiraram Herta de órbita. Ficou evidente que o fracasso em ir para F1 afetou, e Colton ainda passou a ter forte concorrência dentro da equipe, com Romain Grosjean e Kyle Kirkwood apresentando melhor desempenho. Para o americano, apenas duas poles, sem pódio algum, muitos erros e pouco desempenho.
Naquele momento, Bryan Herta foi realocado dentro da equipe e passou a ocupar a função de estrategista de Kirkwood. Na primeira prova da parceria, vitória no GP de Long Beach. Posteriormente, Rob Edwards, chefe de operações da Andretti, assumiu a função para Colton. Essa movimentação, em primeiro momento, pode não ter agradado a família, mas acabou se mostrando acertada.
Michael Andretti, dono da esquadra, mantém a sanha de ter uma estrutura na Fórmula 1, porém, parece ter se convencido de que não dá para controlar tudo muito de perto. Com isso, Edwards tem assumido o posto de chefe de equipe, apesar do cargo não dizer oficialmente. A Andretti, em tese, colocou o principal dirigente dedicado à Indy para cuidar do carro da principal estrela.
Chegou a temporada de 2024 e Herta mostrou um sólido desempenho no início, com quatro top-10 nas quatro primeiras provas, com direito a dois pódios. Quando a nuvem carregada seria dissipada, dois erros em sequência — 500 Milhas de Indianápolis e Detroit — condicionaram o 23º e 19º lugar para o norte-americano.
No GP de Road America, Herta foi envolvido em dois incidentes logo no início da corrida, que o jogaram para o final do pelotão. Ainda assim, fez uma grande recuperação e terminou em sexto. Ao fim da prova, reclamou ao site norte-americano Frontstretch, que na Indy “só se é punido se der um tiro”. A declaração causou um rebuliço na categoria, que se reuniu com o piloto naquela semana. Pode ter sido esse o ponto de virada. Herta admitiu que a fala veio após uma série de frustrações recentes.
Herta deu um salto de desempenho e passou bem longe de demonstrar a inconstância de outrora — e dá para contar a etapa de Elkhart Lake. Foi segundo em Laguna Seca, quarto em Mid-Ohio e cravou a primeira pole em circuito oval na Indy em Iowa 1. Naquela corrida, estava entre os ponteiros, quando a Andretti o chamou para a última parada de pit-stop no mesmo momento em que, vejam só, Palou rodava sozinho e causava a bandeira amarela. Apesar de um tropeço do adversário, o lance jogou Colton para o fundo do grid e americano só remou ao 11º lugar.
No dia seguinte, na segunda corrida de Iowa, conseguiu o quinto lugar. Em Toronto, na sequência, encerrou o jejum de 799 dias sem vencer na categoria. Concluiu o GP de Gateway com o quinto posto — mesmo após ter largado no fundo do grid por ter batido na classificação —, foi quarto em Portland. Herta vinha com resultados que o deixavam com possibilidade de chegar na decisão, o GP de Nashville, com o título como alvo. As chances, entretanto, praticamente acabaram na corrida 1 de Milwaukee. Brigando pela vitória, o piloto viu uma roda escapar após um pit-stop errado da Andretti.
Destaque-se, porém, que esse foi um raro erro da equipe em 2024, que teve taxas altíssimas de falhas nas últimas temporadas, que contribuíram bastante para que o resultado de Herta nunca fosse suficiente para estar na disputa do título. É mais um sinal de que Edwards está colocando a casa, antes tão criticada, em ordem.
Herta fechou a rodada de Milwaukee com um pódio, o primeiro em ovais, com o terceiro posto. Na decisão da Indy, em Nashville, levou a vitória, entrando na lista dos que já triunfaram no tipo de traçado, com direito a uma linda ultrapassagem sobre Pato O’Ward nas voltas finais.
A reta final de temporada resgatou ‘aquele Herta’, que sempre foi visto como potencial campeão da Indy. O piloto da Andretti se destacou em um momento em que Palou se mostrou ‘humano’, após ter problemas elétricos na segunda prova de Milwaukee e muita dificuldade em Nashville, encerrando com um apagado 11º.
É claro que ninguém é campeão por uma ou duas provas — o espanhol criou uma gordura impressionante, com duas vitórias e 13 top-5 —, mas o vice-campeonato, ultrapassando McLaughlin e Will Power na última corrida, é um sinal de que Herta enterrou a Fórmula 1 de vez e deve ser muito considerado para 2025.
O próprio piloto deu de ombros ao fato de, agora, ter os pontos da superlicença, e parece estar focado em se manter entre os grandes da Indy — não foi sem razão que venceu duas vezes, com nove top-5. Bom sinal para ele é que a Andretti também melhorou o nível de excelência. E a parceria promete ser forte concorrente na disputa do título da Indy em 2025.
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