Administrador judicial sugere saída da MotoGP para “reduzir custos” de KTM em crise
Documentos organização de proteção ao crédito Alpenlandischer Kreditorenverband (AKV) revelam que administrador judicial colocou a retirada de Moto3, Moto2 e MotoGP como opção para reduzir custos da KTM em uma audiência na Corte Regional de Ried, na Áustria
A situação da KTM na MotoGP não parece tão segura quando a cúpula da marca diz ser. Nesta sexta-feira (20), em uma audiência na Corte Regional de Ried, na Áustria, o administrador judicial do processo de insolvência da marca colocou a retirada completa do Mundial de Motovelocidade como uma possibilidade para “reduzir custos”.
A austríaca Alpenlandischer Kreditorenverband (AKV), uma organização independente de proteção ao crédito, divulgou um extenso relatório sobre a primeira audiência do processo de insolvência da KTM AG, que reúne KTM AG, KTM Forschungs & Entwicklungs GmbH e KTM Components.
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Pela lei local, processos de reestruturação por autoadministração, como acontece com a KTM, exigem uma audiência com credores no prazo de até três semanas após a abertura do processo. Neste encontro, o administrador encarregado pela insolvência apresenta um relatório para determinar a continuação ou não da operação, assim como um plano de reestruturação correspondente aos interesses dos credores.
A explanação do advogado Peter Vogl foi suficiente para convencer a corte de que a KTM pode seguir em operação, já que o relatório do administrador permitiu concluir que existe “liquidez suficiente na empresa”.

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O documento indica que as causas da crise ainda serão mais profundamente analisadas, mas, citando especialistas externos, indica que ainda que o mercado esteja em crescimento, os custos de produção elevados na Áustria afetam a competitividade da KTM. Além disso, em 2023, após o pico causado pela pandemia de Covid-19, houve queda de demanda.
“Até o momento, ficou estabelecido que a empresa fez altos investimentos nos últimos dois anos, que foram financiados principalmente por meio de dívidas, de modo que os passivos aumentaram significativamente”, diz o texto da AKV. “Embora as vendas dos revendedores para clientes finais não tenham aumentado suficientemente desde 2023, os volumes de produção não foram reduzidos, o que levou a altos níveis de estoque em detrimento de liquidez”, segue.
“A redução final nos volumes de produção de 2024 não foi mais suficiente para cobrir os custos fixos resultantes, principalmente porque houve aumentos gerais no custo de pessoal, energia e materiais”, acrescenta.
O administrador passa, então, a apresentar medidas de reorganização, algumas já iniciadas. Entre as ações, a venda de ações do Grupo Pierer Mobility, descontinuidade de pagamentos às subsidiárias não operacionais do Grupo KTM, interrupção de produção e também um estudo sobre as possibilidades de realocação da produção.
No entanto, o documento diz claramente: “Para reduzir custos, está prevista a retirada da MotoGP, Moto3 e Moto2”.
Até aqui, porém, a KTM vinha assegurando que o programa esportivo seguia intacto. No início da semana, Pedro Acosta foi pessoalmente a Mattighofen para verificar as condições e, de acordo com o agente do espanhol, Albert Valera, o piloto saiu da visita “mais aliviado”.
Em uma nota divulgada à imprensa nessa sexta-feira, a KTM voltou a colocar as corridas como prioridade e tentou transmitir uma mensagem de calma aos clientes, assegurando a entrega de motos e serviços. No entanto, não havia ali uma garantia de permanência na MotoGP.
O GRANDE PRÊMIO procurou a KTM, mas ainda mão obteve resposta. Ao jornalista David Emmett, porém, a marca austríaca negou a saída da MotoGP.
“Hoje marca um dia importante para a KTM com a confirmação de nosso procedimento de reestruturação. Este marco assegura a continuidade do nosso plano, e estamos orgulhosos de confirmar que o esporte a motor segue sendo uma parte integral deste plano de reestruturação”, afirmou. “A KTM segue firmemente comprometida com o esporte a motor. Repetimos nossa declaração para 2025: vamos seguir correndo na MotoGP!”, garantiu.
“Estamos reenergizados com o desfecho positivo de hoje e gratos pelo apoio”, encerrou.
De acordo com a publicação austríaca Der Standard, a KTM deve para 1.630 credores, incluindo quase 180 bancos, totalizando um montante de € 796 milhões (aproximadamente R$ 5,2 bilhões). No início da semana, o administrador judicial responsável pelo processo de insolvência da companhia anunciou a venda da fatia de 51% das ações da marca na MV Agusta.
A MotoGP volta a acelerar entre 5 e 7 de fevereiro de 2025 para os primeiros testes de pré-temporada, em Sepang, na Malásia. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

