Rins põe fim a longo jejum e mostra valor à Honda com atuação impecável em Austin

Se queria mostrar para a Honda que merece ser mais ouvido quando se trata do desempenho da RC213V, o espanhol mandou um sólido recado à cúpula da montadora japonesa apenas na terceira corrida montado no protótipo nipônico

Se a Honda tinha alguma dúvida, Álex Rins tratou de silenciá-las no GP das Américas deste domingo (16). Na ausência de Marc Márquez, o espanhol não deixou a montadora de Hamamatsu amargar uma derrota em um circuito onde outrora foi dominante e tratou de levar a RC213V para um lugar onde ela não aparecia a longuíssimos 539 dias.

Desde que entrou no calendário, Austin era uma espécie de amuleto para a Honda. Mas a peça fundamental deste talismã sempre foi o mais velho dos Márquez, que tinha o hábito de impressionar nos Estados Unidos. No traçado do Texas, o #93 soma sete vitórias, dominando a disputa entre 2013 e 2018 e também em 2021. Em 2019, o irmão de Álex caiu e foi justamente Rins quem apareceu para levar o troféu para casa. Ano passado, Enea Bastianini fez as honras e contabilizou o primeiro triunfo da Ducati.

Álex Rins acabou com a seca de vitórias da Honda na MotoGP (Foto: MotoGP)

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Mas o momento da Honda é outro. Desde 2020, o piloto de Cervera amarga idas e vindas com lesões e cirurgias, e, sem ele, a casa japonesa se viu condenada ao ostracismo. Marc sempre fez da RC213V uma moto mais forte, mas, dependente dele, a moto piorou com o tempo e, além de dificultar a vida do filho de Roser e Julià, se tornou inviável para todos os outros. Até agora pelo menos.

Depois de seis temporadas com a Suzuki, Rins teve de dar um novo rumo à carreira, já que a montadora decidiu — de uma hora para outra — abandonar a MotoGP. O espanhol de Barcelona já estava negociando um novo contrato, mas se viu obrigado a buscar novos ares. A Honda acabou adotando os dois pilotos da Suzuki, mas a opção para o time de fábrica foi Joan Mir, campeão de 2020.

Para o pai do pequeno Lucas sobrou a satélite LCR, ainda que com um contrato direto com a HRC. A expectativa era ter mais voz ativa, mas, no desembarque em Austin, Rins mostrou a decepção por ser pouco usado no desenvolvimento da RC213V.

Primeiro, falou com a imprensa. Depois, falou na pista. No sábado, já na corrida sprint, Rins deu um aviso, deixando claro que merece, sim, ter voz na evolução do protótipo. Mas foi no domingo que o agora dono de seis vitórias na classe rainha do Mundial de Motovelocidade esfregou na cara dos japoneses que ele tem sim muito a contribuir.

Enquanto Mir, Takaaki Nakagami e Stefan Bradl ficaram pelo caminho no GP das Américas, Rins não só viu a bandeirada, como também cruzou a linha de chegada em primeiro para botar fim a jejum que já durava quase um ano e meio.

Claro, a vitória em solo texano não resolve os problemas da Honda. A moto ainda tem falhas e os engenheiros precisam seguir trabalhando em busca de soluções, mas a vitória do piloto de 27 anos envia sinais importantes. A vitória do GP das Américas é a primeira da marca da asa dourada com outro piloto que não Marc Márquez desde o GP da Argentina de 2018. Ou seja, foram 1.834 absolutamente dependente dos exímios talentos do hexacampeão da MotoGP.

Durante anos a fio, a Honda não teve problemas em depender de Marc. Afinal, ele sempre deu conta do recado. Mas, no momento em que a sorte — e a prudência — começou a falhar, a marca se achou em uma posição enfraquecida. Sem o grande astro do time, ninguém era capaz de fazer nada com a moto.

Agora, Rins surge como uma luz no fim do túnel. Depois de seis anos com a doce e bem redondinha GSX-RR, o #42 precisou de só três etapas para pegar a mão da moto. E ainda que possam existir condicionantes relacionadas ao circuito — que Álex gosta —, a vitória deste domingo foi maiúscula, conquistada com méritos, pois, mesmo que Francesco Bagnaia tenha entregado a ponta com uma queda, o espanhol ainda teve de controlar a distância para Luca Marini e a Ducati campeã do mundo. E, ainda que Pecco tivesse visto a bandeirada e ele fosse apenas segundo colocado, já seria uma atuação notável com tão pouco tempo com a moto.

“É difícil dizer o que aconteceu. Me custava um pouco em alguns setores, mas nas chicanes eu estava forte e podia caçar Pecco”, disse Álex ao fim da corrida. “Estou muito contente, ainda mais por ganhar neste circuito, onde já ganhei na MotoGP e também na Moto3 e na Moto2. Foi fantástico”, resumiu.

“Quando Pecco começou a escapar, o único lugar em que eu recuperava, forçando como um louco, era nas chicanes. Quando ele caiu, fiquei um pouco nervoso e pensei que, se me alcançassem, estragaríamos tudo”, assumiu o espanhol, que venceu metade dos últimos seis GPs da MotoGP.

Assim, Rins deixa dos Estados Unidos com 34 pontos na bagagem — já que foi segundo colocado na corrida sprint —, soma que fez a Honda saltar para a vice-liderança do Mundial de Construtores, 49 pontos atrás da líder Ducati. Certamente, uma posição inesperada levando em conta os problemas do momento.

Agora terceiro colocado na classificação do Mundial de Pilotos, com 17 pontos a menos que o líder Marco Bezzecchi, Rins defende que é importante manter a calma.

“É preciso manter os pés no chão. É só a nossa terceira corrida e, em Jerez, voltaremos a começar do zero”, encerrou.

Apenas oitavo piloto da vencer por dois construtores diferentes na era da MotoGP — depois de Valentino Rossi, Max Biaggi, Maverick Viñales, Jorge Lorenzo, Casey Stoner, Andrea Dovizioso e Jack Miller —, Rins reafirma a força e deixa escancarado para quem quiser ver que seria um erro a Honda não tratá-lo como prioridade.

A MotoGP volta entre os dias 28 e 30 de abril, com o GP da Espanha, em Jerez de la Frontera. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade.

Marc Márquez fora do GP das Américas e de ‘meia’ MotoGP
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da MotoGP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.