Bagnaia vê Martín se enrolar com pneus e dá duro golpe na briga pelo título da MotoGP

Com agressividade desde o início, Pecco Bagnaia terminou o GP do Catar em segundo, mas viu o título da MotoGP mais próximo com o sofrimento e a décima posição do rival Jorge Martín

O GP do Catar viu mais uma reviravolta na briga pelo título da temporada 2023 da MotoGP. No sábado, golpe de Jorge Martín com vitória na sprint. No domingo, contra-ataque de Francesco Bagnaia ao terminar na segunda posição e vendo o rival apenas em décimo. Entre trocas de pancadas, o italiano sai de Lusail com uma vantagem ainda maior — agora de 21 pontos — do que quando chegou e vai mais tranquilo para a etapa decisiva, em Valência.

O domingo começou com os dois postulantes ao título dispostos a buscarem a violência como caminho. Não no sentido literal, é claro, mas as intensas manobras de Martín na sprint claramente incomodaram Bagnaia, que deixou isso bem claro nas entrevistas. Por isso, o italiano parecia disposto a não dar muitas esperanças para o rival na corrida principal.

A tarefa seria árdua, na teoria, mas mostrou-se bem mais fácil. Com uma largada quase perfeita, Pecco saiu de quarto no grid para a primeira posição ainda na reta principal de Lusail. Enquanto isso, Martín caía de quinto para oitavo ao patinar — e aqui entra um fator crucial na disputa, o pneu Michelin, mas dele vamos falar daqui a pouco.

Bagnaia liderou as 22 primeiras voltas e parecia pronto para vencer, enquanto o espanhol despencava na classificação e chegava em décimo. Pecco, no entanto, não contava com um combativo e preparado Fabio Di Giannantonio, que lhe roubou o triunfo no circuito catari e venceu pela primeira vez na classe rainha do Mundial. O piloto da Ducati ainda chegou a errar enquanto tentava retomar a posição e, com isso, contentou-se com o pódio.

Francesco Bagnaia está mais próximo do título em 2023 (Foto: Ducati)

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“Tentei de tudo para ganhar, o único [problema] foi esse erro de entrar no vácuo depois de começar a frear. Esse turbilhão quase me colocou na traseira [da moto de Di Giannantonio] e poderia ter sido um desastre. Mas estou muito feliz, pois fizemos um grande trabalho”, afirmou.

Pecco ainda comentou sobre o poder de reação dele e da Ducati após o duro golpe sofrido na sprint.

“Depois de ontem, tentamos algo na moto para o final. Nesta manhã, treinamos e provamos que o problema não era na moto. Então, colocamos tudo igual e trabalhamos como deveríamos”, completou.

Por outro lado, Jorge Martín estava furioso no final da corrida. Talvez não tenha mostrado isso no rosto, mas nas palavras. O duro golpe sofrido logo na penúltima etapa do Mundial. Depois da largada ruim, não mostrou o ritmo esperado e foi despencando pouco a pouco, sem muito poder de reação contra as outras motos.

A dura relação de Martín com os pneus já tinha sido vista na sexta-feira, após os primeiros treinos, quando não escondeu a frustração para reclamar de forma veemente. O novo asfalto de Lusail era um fator preponderante, mas a escolha de compostos da Michelin também criou uma grande dor de cabeça para alguns pilotos, como o espanhol.

Ao final da prova, ele foi enfático ao pontuar que está sendo “roubado” e que os problemas vistos neste domingo são uma vergonha para a MotoGP.

“É difícil dizer. Parece que eu esqueci de pilotar. Desde o início, o meu pneu traseiro começou a patinar, parecia uma pedra. Normalmente, isso acontece quando a pista está suja ou quando o pneu tem 30 voltas, mas ele era novo e eu ainda estava no grid. A partir disso, tentei gerenciar um pouco, mas senti que estava saindo de traseira em todas as curvas. É uma pena que em um campeonato como este, após uma temporada tão boa, na qual trabalhei duro, sinta que estou sendo roubado. Estava otimista antes desta corrida, agora ficou realmente difícil”, disse Martín.

“Fui o único piloto em todo o grid, em todas as categorias, a quem isso aconteceu. Então, com certeza, havia algo errado com o pneu. E depois de três voltas, entendi que era impossível fazer o mesmo que ontem. É uma pena que isso tenha acontecido conosco. Com certeza, acho que eles precisam melhorar. É inaceitável que o título da MotoGP seja decidido por um pneu. Não é que eles me venceram na pista porque nas mesmas condições, acredite em mim, poderia ter vencido hoje. Mas, sim, estou frustrado, com certeza, porque acho que também mereço o campeonato, e perdemos uma grande chance hoje”, acrescentou.

O espanhol não poupou a Michelin, fornecedora oficial de pneus da MotoGP, das críticas após o resultado ruim obtido no Catar.

“Acho que eles não querem decidir o campeonato, querem ser competitivos. Mas acho e espero que eles queiram nos deixar nas mesmas condições. Perdi 1,5s de ritmo de um dia para outro. Acho que não esqueci como pilotar. Eles precisam melhorar e precisam analisar por que isso aconteceu, para que não aconteça novamente no futuro”, pontuou.

Agora, Bagnaia tem a chance de fechar a disputa já na sprint de Valência, no próximo sábado (25). Depois de tantas reviravoltas, o cenário para o bicampeonato do italiano parece desenhado. Porque vimos na Indonésia, na Malásia e agora no Catar, que o #1 parece tirar algo da cartola quando as coisas mais apertam.

O instinto de campeão estava em Pecco nesse tempo, só parecia adormecido. E o problema de Martín em Lusail ajudou a deixá-lo em destaque justamente antes da grande decisão.

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