GUIA 2024: De combustível e concessões: o que muda na nova temporada do Mundial

A temporada 2024 do Mundial de Motovelocidade tem como principal mudança no regulamento a nova regra de concessões da MotoGP, mas não é só isso. As três classes a combustão têm ainda mudanças na participação de convidados, alteração na idade dos participantes e um combustível mais verde

A TEMPORADA 2024 DO MUNDIAL DE MOTOVELOCIDADE CHEGA COM ALGUMAS MUDANÇAS IMPORTANTES NO REGULAMENTO. Do lado da MotoGP, a maior novidade é a mudança na regra das concessões. Para Moto2 e Moto3, uma ligeira mudança no formato do fim de semana e o aumento da idade mínima são as mais impactantes. Para todas, porém, o mais chamativo é a adoção de um novo combustível, mais verde.

O principal campeonato da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) trabalha com a meta de ter um combustível de origem 100% não-fóssil em 2027. Para isso, a transição começa agora, quando todas as classes têm de usar uma gasolina criada a partir de fonte, no mínimo, 40% renovável.

O objetivo do Mundial é fazer parte dessa transição para um combustível verde, ajudando também a indústria no desenvolvimento de fontes de energia carbono-zero.

Outra mudança que atinge as três classes diz respeito à idade dos pilotos. A transição para um mínimo de 18 anos começou já há algum tempo, mas algumas exceções foram aprovadas aqui e ali. Para não interromper a trajetória de jovens talentos, o campeonato agora autoriza que todos os pilotos do top-3 de Red Bull Rookies Cup e do Mundial Júnior de Moto3 possam acessar o Mundial de Moto3 desde que tenham, pelo menos, 17 anos. No caso da Moto2, entra em vigor uma exceção ao campeão do Europeu de Moto2, que também deve ter obrigatoriamente 17 para alcançar a classe intermediária. Na MotoGP, o mínimo de 18 anos se aplica, sem nenhuma exceção.

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Mundial de Motovelocidade terá combustível mais limpo em 2024 (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

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O campeonato também permite que pilotos de 16 ou 17 anos que participaram nas categorias menores em 2023 sigam competindo neste ano.

Também entram em vigor algumas mudanças pontuais que afetam todas as classes. A partir de agora, fica proibido o uso de scooters na pista desde quarta-feira, exceto aquelas que são utilizadas pela organização ou por trabalhadores do circuito em funções de execução e manutenção.

Além disso, a direção de prova agora fica autorizada a liberar a participação de pilotos contratados que, “por motivos de força maior”, não tenha registrado tempo que lhe permitisse a classificação para o GP.

O procedimento de largada da MotoGP — na sprint ou no GP — também sofreu modificações por razões de segurança. Agora, durante a volta de aquecimento, a direção de prova pode agitar a bandeira branca, sinalizando que os pilotos podem fazer a troca das motos em caso de mudança nas condições. Os pilotos que entrarem no pit-lane para troca de pneus ou motos, vão largar do pit-lane sem nenhuma punição extra.

“A proposta é no interesse da segurança, para evitar que pilotos sejam forçados a completar a volta de aquecimento e a primeira volta da corrida com pneus slicks em condições de chuva”, explicou.

A última dessas pequenas alterações diz respeito ao final de prova. Agora, os três primeiros colocados devem seguir ao parque fechado ou à área de pódio sem parar nos boxes. Celebrações na pista, mesmo que seja parando, seguem sendo permitidas.

A participação de pilotos como wild-card também sofreu alterações para 2024. No caso de Moto3 e Moto2, as inscrições para eventos fora da Europa têm de ser feitas com 90 dias de antecedência, justamente para permitir que as equipes façam os procedimentos de envio das motos e materiais a tempo. Na Europa, o prazo segue sendo 45 dias de antecedência.

Ducati não terá nenhum wild-card em 2024 (Foto: Ducati)

Para a MotoGP, o número máximo de wild-cards por etapa passou de dois para três. Caso ocorra excesso de inscrições, as aprovações vão levar em conta o número de wild-cards já atribuídos à fábrica ao longo da temporada. Em caso de empate, será beneficiado aquele em posição mais baixa no Mundial de Construtores, usando o ranking atualizado ou, no início da temporada, o do ano anterior.

Novo formato do fim de semana de Moto3 e Moto2

Moto3 e Moto2 têm uma pequena mudança de formato a partir de 2024. Começando pelo GP do Catar, as classes menores passam a contar com um treino livre, já que a atividade da manhã de sexta-feira deixa de contar na divisão dos pilotos para o treino classificatório.

A partir de agora, somente as atividades na tarde de sexta-feira e da manhã de sábado que vão interferir na classificação. Os dois treinos terão os tempos combinados, com os 14 melhores avançando direto para a fase final do treino que define o grid de largada, enquanto os demais passam pelo Q1 em busca das quatro vagas restantes.

Moto3 e Moto2 passam a ter treino livre em 2024 (Foto: Aspar)

Com a mudança, os pilotos ganham um tempo apenas para focar na moto, sem a necessidade de buscar tempo logo no início dos trabalhos de um fim de semana.

Tchau, Dunlop. Oi, Pirelli

Outra novidade na temporada 2024 de Moto3 e Moto2 é a mudança no fornecedor de pneus. A partir de agora, os calçados das classes menores do Mundial de Motovelocidade — e também das categorias que fazem parte do Road to MotoGP: Mundial Júnior, Talent Cup e Red Bull Rookies Cup — passam a ser fabricados pela Pirelli.

Fornecedora das categorias até o ano passado, a Dunlop chegou a apresentar à Dorna uma proposta para seguir, mas foi a marca que já fornecia os calçados do Mundial de Superbike quem venceu a disputa.

A Pirelli vai fornecer os pneus slick DIABLO Superbike, mantendo-se fiel à filosofia de: ‘Vendemos o que corremos, corremos com o que vendemos’. Ou seja, os pneus serão os mesmos disponíveis aos consumidores.

Novas concessões: a grande mudança da MotoGP

O ponto do regulamento que mais foi modificado para a temporada 2024 diz respeito às concessões da MotoGP. Promotora do campeonato, a Dorna venceu a queda de braço e conseguiu fazer as mudanças de que precisava para ajudar Yamaha e Honda, as duas lanternas do Mundial de Construtores do ano passado.

Outrora dominantes, as casas japonesas foram completamente dominadas pelas rivais europeias, também por causa de um ritmo de trabalho muito diferente. Enquanto casas como Ducati, Aprilia e KTM colocam rapidamente na pista soluções inovadoras, Yamaha e Honda são mais cautelosas, ou, como definiu Lin Jarvis, diretor da casa de Iwata, “mais conservadoras”.

Com o novo sistema, as fábricas são divididas em quatro grupos, separados de acordo com a pontuação no campeonato. Cada um desses grupos tem vantagens ou desvantagens.

Campeã vigente, a Ducati ficou sozinha no grupo A — destinado a quem somou mais de 85% dos pontos disponíveis no Mundial de Construtores — e, por causa disso, não poderá colocar nenhum wild-card na pista em 2024. Além disso, os italianos estão sujeitos ao congelamento de motores — como já acontecia anteriormente — e só podem fazer uma atualização aerodinâmica na temporada. Os testes estão limitados a 170 pneus e podem ser feitos apenas com o piloto de testes.

Mudança nas regras vai ajudar especialmente Yamaha e Honda (Foto: Repsol)

O grupo B, que ficou vazio neste início de ano, é reservado àqueles que somaram entre 60 e 85% dos pontos disponíveis, a diferença reside no número de pneus para teste, que sobe para 190, e na possibilidade de fazer três wild-cards no ano.

O grupo C, onde estão Aprilia e KTM por terem somado entre 35 e 60% dos pontos distribuídos no campeonato passado, disponibiliza 220 pneus para testes, mas libera até seis wild-cards, que não precisam obedecer ao congelamento de motores, mas que estão divididos em três antes da pausa para as férias e três depois.

O último grupo, o D, é destinado a quem somou menos de 35% dos pontos atribuídos na disputa entre as fábricas no ano passado. E onde estão Yamaha e Honda. Assim, as duas podem usar 260 pneus em testes, que também podem ser feitos com os titulares e em qualquer circuito do calendário, diferente das demais que tem de apontar apenas três pistas. Além disso, são liberados seis wild-cards e duas atualizações aerodinâmicas — desde que a anterior seja descartada. A principal diferença, porém, é a possibilidade de poder desenvolver os motores ao longo do ano e também de usar mais unidades que os demais — o grupo D pode usar nove ou dez propulsores, enquanto os demais estão limitados a sete ou oito, dependendo do número de corridas do ano.

Esse posicionamento das equipes será revisto a cada seis meses, para evitar que alguém que tenha dado um salto expressivo siga tirando proveito de vantagens competitivas indevidas.

A ideia era afastar o temor de uma saída de Yamaha e Honda da competição e ajudá-las a alcançar o nível competitivo das demais. O formato anterior das concessões funcionou com sucesso. Se o novo modelo repetir o desempenho, a MotoGP será ainda mais competitiva.

Confira o guia da MotoGP para a temporada 2024. Acesse aqui (Arte: Thiago Rocha)

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MotoGP volta a acelerar no final de semana de 7 a 9 de março, em Lusail, no Catar, para a abertura da temporada 2024. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

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