Largar ou ficar? Viñales precisa definir vida na Yamaha em 2021 antes de pensar no futuro

Maverick Viñales não segue na Yamaha em 2022. O espanhol agora precisa definir se encerra o contrato de maneira imediata, como Johann Zarco fez na KTM em 2019, ou se vai até o fim, como Andrea Dovizioso cumpriu com a Ducati no ano passado

Quartararo vence em dobradinha da Yamaha: os melhores momentos do GP da Holanda (GRANDE PRÊMIO com Reuters)

Após cinco temporadas, a relação entre Maverick Viñales e Yamaha chega ao fim em 2021. Com 9 vitórias, 24 pódios e 13 pole-positions, o relacionamento passou por diversos abalos recentes, sendo os mais recentes nas últimas três corridas da MotoGP, gerando assim o estopim para o divórcio. Apesar da complicada situação, as duas partes ainda vão se aguentar por mais dez temporadas. Esse é, pelo menos, o plano.

Como já vimos no passado, a MotoGP é sempre uma caixinha de surpresas. Em 2019, por exemplo, Johann Zarco vivia uma fase ruim na KTM. Depois de se destacar com a Yamaha da Tech3, o francês deixou a desejar nas primeiras 11 corridas com a montadora austríaca e, depois de levar um banho do companheiro Pol Espargaró, pediu uma “rescisão amigável”.

Irritada com o caminho tomado pelo francês e impaciente depois de críticas contundentes, a KTM optou por logo depois encerrar de vez o contrato e Mika Kallio encerrou a temporada 2019, enquanto Zarco ainda faria algumas corridas na LCR Honda, substituindo o lesionado Takaaki Nakagami.

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Johann Zarco jogou a toalha no meio do ano e foi dispensado pela KTM (Foto: KTM)

“Nós temos de tomar decisões para garantir que utilizaremos nossos recursos da melhor forma possível e estaremos em uma boa direção com nossa estrutura da MotoGP”, disse Pit Beirer, diretor-esportivo da KTM, à época. Claramente não quis manter a boa vizinhança e deixou claro que nenhum lado se tolerava muito.

A situação que degringolou há dois anos na KTM, pode se repetir em 2021, já que ninguém garante muita salubridade. Yamaha e Viñales sabem que não vão se tolerar mais a partir da próxima temporada. Em 2021, apenas dois pódios para o espanhol, sendo uma vitória na abertura do campeonato. Como bem disse Juliana Tesser, o relacionamento era problemático há um bom tempo, mas piorou nos últimos meses. A separação era natural, mas ainda é cedo para dizer que não vão rolar mais constrangimentos.

A expectativa foi alta para Maverick na fábrica de Iwata desde 2017. Mas ficou, desde o início, o sentimento de “agora vai” que nunca foi. A moto nem sempre foi perfeita, é verdade, e todos os pilotos da Yamaha enfrentaram dificuldades nos últimos anos. A marca, nos últimos dez anos, venceu o campeonato apenas duas vezes, enquanto a Honda e até mesmo a Suzuki levantaram taças no mesmo período.

Ofuscado por Fabio Quartararo em 2021, o espanhol estourou. . O ponto de ruptura foi no fim de semana do GP da Alemanha. Maverick largou em 21º lugar e foi o último a receber a bandeira quadriculada. Para piorar, viu o companheiro Fabio Quartararo largar na primeira fila e terminar novamente no pódio, mantendo a liderança da MotoGP. Com isso, perdeu a paciência e foi para o ataque contra a própria equipe.

Fim de semana teve cenas de puro constrangimento entre Maverick Viñales e a Yamaha (Foto: Yamaha)

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“Não estou aqui para coletar dados, nem para ser piloto de testes. Isso já começar a parecer uma falta de respeito. Com o acerto de outro, não creio que possa vencer. Desde Portugal que estou só pegando informações”, completou Viñales.

Outro ponto que gerou desconforto foi a troca de engenheiro: saiu Esteban García, entrou Silvano Galbusera, ex-parceiro de Valentino Rossi, às vésperas do GP da Catalunha. Na época, de modo bem educado, Viñales falou que a mudança era dolorosa, mas agradeceu a Yamaha pelo empenho em extrair o máximo dele.

Maverick ainda tentou colocar panos quentes ao anunciar sua saída do time e afirmou estar comprometido com o fim da temporada. “Esta parceria tem sido muito significativa para mim nos últimos cinco anos e foi uma decisão difícil de tomar. Nessas temporadas juntos, vivemos grandes conquistas e tempos difíceis. No entanto, o sentimento que fica é de respeito e apreço mútuo. Estou totalmente comprometido e vou me esforçar para alcançar os melhores resultados para o restante da temporada”, declarou.

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Andrea Dovizioso foi até o fim com a Ducati (Foto: Red Bull Content Pool)

Outro exemplo que Viñales pode usar no restante do ano é Andrea Dovizioso. O italiano sabia que sairia da Ducati logo no começo da temporada passada, mas seguiu trabalhando e foi até o fim com a marca italiana, mesmo sem conquistar grandes resultados e passando longe da briga pelo título no fim. Mesmo desanimado e com a cabeça fora do lugar, comprometeu-se com o contrato vigente.

Depois das tretas recentes, Viñales tem uma longa metade de campeonato. Não só para definir o caminho da carreira, hoje encaminhado para a Aprilia, mas também para aguentar os momentos finais de um relacionamento fadado ao fracasso. Em 2012, com 17 anos, abandonou a equipe Blusens Avintia na Malásia por ser incapaz de vencer “com um time de segunda divisão”. Na época, ainda lutava pelo título, se desculpou, mas acabou só na terceira posição.

Ninguém sbae o que se passa na cabeça do ‘Top Gun’, como ninguém sabia o que passava na de Zarco em 2019, mas poucas vezes um desastre tão anunciado como esse terminou bem. O futuro promete mais cenas interessantes dessa novela mexicana na garagem da Yamaha.

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