Morbidelli apaga GP da Europa e sai favorito em Valência. Mir busca reação por título
Depois de um GP da Europa difícil para as Yamaha, o ítalo-brasileiro mostrou um ritmo forte neste sábado (14) e vai sair na pole para brigar pela terceira vitória no ano. Líder do Mundial, Joan Mir sofreu um revés na classificação, mas aposta nas forças da Suzuki para tentar fechar a disputa com antecedência
Depois de um fim de semana caótico para a Yamaha no GP da Europa, Franco Morbidelli parece ter voltado aos trilhos em Valência. Só décimo colocado na corrida da semana passada, o piloto da SRT Yamaha foi o destaque deste sábado (14) e conquistou a pole-position ― a segunda do ano ― ao cravar 1min30s191. Além disso, o ítalo-brasileiro mostrou um ritmo forte ao longo dos treinos e surge como favorito à vitória na penúltima etapa da temporada.
O que 2020 mostrou, porém, é que as previsões nem sempre são cumpridas. Assim, apesar de o ritmo de prova colocar Franco em destaque, a única coisa certa é que tem mais gente em condições de atrapalhar. Colegas de primeira fila, Jack Miller e Takaaki Nakagami são ameaças importantes, especialmente pela força conhecida dos motores V4 de Ducati e Honda, respectivamente.
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“Foi uma classificação muito difícil. A pista não estava completamente seca, mas tínhamos de arriscar para fazer uma boa volta. No início, saí com o pneu dianteiro macio e fui avaliar como estava a pista. Vi que não estava top, mas no segundo ataque, estava melhor e foi quando tentei dar uma volta arriscando muito”, contou Morbidelli. “Deu certo. É uma posição muito boa para largar amanhã e vamos tentar fazer um bom trabalho também durante o warm-up, mas acho que estamos em um bom caminho”, avaliou.
Ao contrário da semana passada, Franco contou que a equipe liderada por Ramón Forcada encontrou um caminho para deixá-lo confortável.
“Me sinto fantástico. Fomos capazes de entender o que aconteceu na primeira corrida de Valência e tratamos de resolver para este fim de semana e logo nos sentimos bem. Conseguimos lutar pelas primeiras posições e vamos tentar manter o ritmo também amanhã”, avisou.
45 pontos atrás de Joan Mir na classificação, Morbidelli não entregou os pontos na briga pelo título e acredita que tem uma boa chance de recuperar terreno em Valência.
“Vou tentar fazer o máximo pelo campeonato. Se for primeiro, fantástico. Se não, segundo, terceiro ou quarto, mas ainda podemos apostar pelo título, ainda que as chances sejam poucas. Hoje, pelo menos, estamos em uma posição melhor para lutar por ele”, indicou. “Vamos ver onde acabamos. É um fim de semana de tudo ou nada e é uma boa oportunidade para dar uma mordiscada no campeonato”, observou.
Quinto na ordem de partida, Pol Espargaró segue sonhando em dar uma vitória à KTM antes de partir para a Honda e se mostrou competitivo ao longo do fim de semana.
“No geral, foi um ótimo dia. Não tão bom quanto a pole-position da semana passada, mas começar na segunda fila ainda é positivo”, disse Pol. “Fizemos um bom tempo de volta nesta manhã e aí fiz muitas voltas no TL4 para entender o desgaste de pneus para a corrida de amanhã e ter as melhores informações”, seguiu.
“Foi complicado com as condições de pista, mas fizemos outro bom tempo no Q2. Vamos focar em uma boa largada e ver onde podemos chegar no fim da corrida”, completou.
Nono no grid, Brad Binder também fez um balanço positivo do sábado e se mostrou confiante em um bom desempenho na penúltima etapa da temporada.
“Não foi um dia ruim de forma nenhuma. No TL3 desta manhã, não consegui fazer uma boa volta e foi um pouco decepcionante, mas fiquei bem feliz em fazer algumas boas voltas no TL4. Demos um passo hoje e o meu ritmo era forte na classificação”, indicou.
“Por causa do Q1, eu não tinha nenhum pneu sobrando para o Q2. Tinha um traseiro novo, mas não dianteiros”, explicou. “A minha equipe deu um bom passo à frente com o acerto da moto. Senti-me muito melhor e acho que vamos ter uma boa corrida amanhã”, previu.
Só 0s044 mais lento que o sul-africano, Miguel Oliveira vai sair em décimo. “Foi um bom dia. Foi muito complicado entender o quanto podíamos forçar na parte da tarde. Me senti bem com a moto, mas na última saída, não pude melhorar o bastante para pelo menos alcançar as duas primeiras filas, então estou triste por isso. Cometi um erro na curva 2 na última volta. De qualquer forma, acho que temos um ritmo forte para a corrida, estamos trabalhando decentemente, portanto precisamos de uma boa largada e evitar qualquer toque nas primeiras curvas”, apontou o português.
Do lado dos postulantes ao título, Joan Mir não se saiu bem na classificação e vai largar apenas em 12º, o último entre os participantes do Q2. O piloto de Palma de Maiorca, porém, costuma ganhar terreno nas corridas, mas, ainda que não o fizesse, os principais adversários não foram muito melhores.
“Estou desgostoso pela forma como a classificação correu, mas não podemos dizer que o dia foi negativo, porque me encontrei muito bem nos treinos três e quatro. Temos de ver o que aconteceu na classificação”, comentou Mir. “Esperava mais. Não entendo muito bem, vamos ver realmente qual foi o problema. Precisamos deixar isso para trás, recomeçar e recuperar, usar o ritmo que temos. Veremos até onde podemos chegar”, seguiu.
Com 37 pontos de frente, um pódio basta para conquistar o título com uma etapa de antecedência, mas as contas são amplamente favoráveis ao piloto da Suzuki.
“Sei que a posição de hoje não me bastaria. Acho que é normal, porque 12º lugar não é uma boa posição para começar, mas o ritmo me tranquiliza um pouco mais, assim como ver onde estão os rivais. Se conseguir imprimir o ritmo, podemos estar mais próximos do pódio, lutando por ali, sendo realistas. Sem sonhar, podemos estar próximos do pódio ou no pódio”, apontou, reconhecendo que a posição dos rivais “ajuda a acalmar”.
“Tranquiliza, pois se eles estivessem em primeiro em segundo, estaria mais nervoso”, disse Mir. “Foi uma classificação um pouco estranha. Tinha aderência, mas não consegui encontrar as sensações. E parece que Fabio e Álex também não. Morbidelli encontrou e bem”, reconheceu.
Largar em 12º, porém, é um risco, já que é no meio do bolo que os principais problemas costumam acontecer.
“O risco que temos também afeta as pessoas que estão disputando o Mundial conosco. Nas primeiras voltas, todo mundo vai com a faca nos dentes. O importante é atacar e não defender: tentar passar todo mundo que pudermos no início”, explicou. “A partir daí, encontrar uma posição cômoda, que nos deixe colocar nosso ritmo e ver até onde podemos chegar na segunda parte da corrida. Será a nossa parte forte. Se conseguir passar por esse funil sem me meter em muita confusão, pode ser uma boa corrida. Do contrário, teremos de sofrer”, concluiu.
Aparentemente perdido ao longo de todo o fim de semana, Fabio Quartararo foi só 0s124 melhor que Mir na classificação e vai sair em 11º.
“Está acontecendo alguma estranha que não entendemos. Todas as mudanças são mais do que o dobro do ano passado e a sensação é igual. É muito frustrante”, desabafou Fabio. “Fizemos mudanças muito grandes e não encontramos nada. Antes, fazíamos mudanças pequenas e era possível notar. Testei a segunda moto com muitas mudanças e não achei nada. Amanhã vamos provar outra coisa, mas parece que temos o mesmo problema não importa a mudança que façamos”, discursou.
“No momento, não estou pensando nessa corrida. Penso no warm-up. Deste jeito, não podemos lutar. Não temos o feeling para ultrapassar. Primeiro, temos de pensar em estar bem no warm-up e, se estivermos bem, também na corrida. Tenho vontade de testar a moto no warm-up, vamos cruzar os dedos”, afirmou. “Infelizmente, me vejo na posição em que estamos. No ano passado, nós brigamos pelo pódio. Agora, estamos perdidos”, admitiu.
Terceiro na tabela geral, Álex Rins sequer alcançou a fase final do treino que definiu o grid de largada e sai apenas em 14º.
“Hoje foi meio que um desastre na classificação. Acho que não tivemos muita sorte, pois no início do Q1 eu estava liderando todo o grupo, tentando fazer uma volta rápida, mas não consegui e, no fim, com o segundo pneu, depois de parar e forçar bastante na última volta, eu estava vindo, se não para passar, mas muito próximo, mas vi os setores três e quatro com mais chuva e cheios de bandeiras de chuva e aí decidi não arriscar muito. Por isso, fiquei fora do Q2”, explicou. “Mas o importante é que temos um bom ritmo para amanhã. Sabermos que vamos começar atrás, então a chave é fazer uma boa largada, boas primeiras voltas. Temos o potencial. Esta pista não é como Aragão. É mais apertada, mas vamos tentar”, finalizou.
O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do GP da Comunidade Valenciana, penúltima etapa do Mundial de Motovelocidade 2020.
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