Morbidelli se desculpa por “declaração forte demais”, mas vê erro de Zarco na Áustria

Piloto ítalo-brasileiro contou que estava todo dolorido após a queda no GP da Áustria, mas conseguiu se recuperar. O titular da Yamaha SRT revelou que as imagens do Painel de Comissários mostram um acidente ainda mais feio

Franco Morbidelli aproveitou o primeiro dia de volta ao Red Bull Ring para lamentar a declaração que deu na semana passada, chamando Johann Zarco de “meio assassino” após o forte acidente no GP da Áustria. Apesar de considerar que deu uma “declaração forte demais”, o ítalo-brasileiro insistiu que o rival da Avintia cometeu um erro que poderia ter acabado em uma situação bastante pior.

Na semana passada, ainda na nona volta da corrida, Johann tentou passar Franco Morbidelli se valendo da superioridade do motor Ducati. Ao contornar a curva 2, o francês se colocou à frente do ítalo-brasileiro e, na sequência, freou para preparar a entrada na Remus, uma curva de 90°. Sem ter como reagir, Franco colidiu com a GP19 e caiu, junto com Zarco.

A YZR-M1 da SRT escorregou pelo trecho de grama e, em um desnível do piso, acabou catapultada, passando entre os dois companheiros de Yamaha. A Ducati de Johann, por sua vez, cortou a área de escape sem perder muita velocidade na brita e reencontrou Maverick Viñales e Valentino Rossi, que tinham acabado de contornar o ápice da curva.

Franco Morbidelli disse estar bem após o susto na Áustria (Foto: SRT)

Morbidelli precisou de atendimento médico ainda na pista, foi removido de maca, mas antes mesmo de ir ao centro médico já estava de pé, caminhando com as próprias pernas.

“Eu estou bem, me sinto bem. Segunda-feira foi o dia mais difícil. Eu estava todo inchado, dolorido e foi difícil sair da cama. Comecei imediatamente a trabalhar com os fisioterapeutas. Eles conseguiram me ‘desinflar’. E aqui estou eu na quinta-feira, me sentindo ok, bem e ansioso para começar o fim de semana”, disse Morbidelli.

Ainda na quinta-feira, Morbidelli e Zarco tiveram um encontro com o Painel de Comissários da FIM (Federação Internacional de Motociclismo), que adiou para esta sexta-feira uma decisão sobre o caso.

“Eles tinham câmeras de ângulos diferentes do acidente. As imagens falam por si só. Olhamos o incidente por um ângulo diferente. Devo dizer que por um ângulo diferente, parece ainda mais feio”, comentou. “Vimos de um ângulo em que dá para ver claramente a saída da curva 1, a entrada da curva 2 e aí o que acontece nas curvas 2 e 3. Digamos que uma visão de 45° do acidente. Até agora, só tínhamos visto ou de trás, e é feio, ou de frente, que é feio. Mas esses outros ângulos deixam ainda mais claro e ainda mais feio”, contou.

Ainda assim, o ítalo-brasileiro se desculpou por ter chamado Zarco de “meio assassino” em uma entrevista à TV italiana.

“Antes que me perguntem, digo a vocês que lamento pelo que chamei Johann depois da corrida. Foi uma declaração forte demais”, reconheceu. “Continua sendo um fato que Johann cometeu um erro. Continua sendo um fato que o erro de Johann ou a ação de Johann poderia ter terminado de uma maneira muito pior do que terminou. Ainda é um erro. Não sei como ele se sente. Não estou na cabeça dele. Não posso julgar o que está na cabeça dele. Posso julgar a ação”, ponderou.

Questionado sobre a ausência de imagens on-board de sua YZR-M1, Franco respondeu: “Talvez a minha moto estivesse destruída demais. Ou talvez as imagens não sejam para menores de idade”.

O pupilo de Valentino Rossi explicou, também, como viu o acidente e alegou que não tinha como evitar o contato.

“Claramente, Johann fez uma linha engraçada, uma linha que ninguém fez ― nunca, nem uma vez no fim de semana ―, passou super apertado [na curva 2] para cortar caminho para me ultrapassar. Então a meta era cortar caminho para ultrapassar e aí pensar depois na freada”, narrou. “O problema é que quando ele cortou caminho, não me passou completamente e escapou da trajetória depois da curva. Não tínhamos como evitar a colisão. Eu não podia, pois não podia ir mais para a direita. Não podia ir para nenhum outro lugar. Não podia ir por dentro, pois não havia espaço, e não podia ir por forma, pois acabaria na grama. Então acho que o acidente foi basicamente assim”, continuou.

A Avintia alega que a telemetria de Zarco comprova que ele freou mais tarde que o normal antes do acidente, mas Morbidelli entende que essa diferença é irrelevante.

“No momento em que toquei Johann, estava freando tinha uns 50 metros. O problema é que Johann estava mudando a linha dele de uma maneira nada natural, me deixando sem espaço enquanto freava”, rebateu. “Apresentar o fato de que ele freou dois metros mais tarde não significa nada, pois a aproximação da curva estava errada, a manobra de ultrapassagem estava errada e a linha de saída estava errada”, observou.

Franco afirmou, também, que não vê problemas no atraso da decisão dos comissários, que ouviram os pilotos apenas quatro dias depois.

“A verdade é que uma decisão finalmente será tomada cedo ou tarde. Não me importo com o tempo, só me importo que uma decisão seja tomada”, defendeu.

Por fim, Morbidelli ressaltou que o trecho entre as curvas 2 e 3 fica cada vez mais perigoso por conta da velocidade das motos.

“Acho que é uma boa pista. O layout é legal. Curta, mas envolvente. Eu gosto. Mas temos de falar sobre as curvas 2 e 3, porque está ficando mais e mais perigoso, por causa do nível que a MotoGP está atingindo”, explicou. “Vamos discutir isso na Comissão de Segurança”, frisou.

“Mas está tudo bem com os outros lugares. A devo dizer que a brita é boa e suave, pois eu estava rolando a 300 km/h e ainda saí andando, enquanto vimos pessoas em Jerez que rolaram na brita e não tiveram a mesma sorte que eu. Temos de dizer que estão fazendo um bom trabalho e, com certeza, farão um bom trabalho para melhorar essa área”, completou.

Veja as fotos do assustador acidente do GP da Áustria de MotoGP: clique na imagem abaixo.

Franco Morbidelli e Johann Zarco após o acidente no GP da Áustria (Foto: Divulgação/MotoGP)

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