Rio Motorsports dá calote e ameaça transmissão da MotoGP no FOX Sports

Após deixar o SporTV no começo do ano e passar a ser transmitida pelo canal da Disney, a MotoGP corre riscos porque a empresa que também sonha em construir um autódromo no Rio não pagou à Dorna pelos direitos

O grupo que detém os direitos de transmissão da MotoGP não está honrando os compromissos financeiros e coloca, por ora, a exibição da categoria pela TV no Brasil em risco, apurou o GRANDE PRÊMIO com três fontes familiares ao caso. A empresa em questão é a Rio Motorsports, de propriedade de José Antonio Soares Pereira Jr., ou JR Pereira, que negociou com o FOX Sports um acordo no início de 2020.

A Rio Motorsports é a mesma que sonha em levar para frente a construção do autódromo do Rio de Janeiro — sem indicar a origem dos mais de R$ 700 milhões inicialmente previstos para a obra — na região da floresta do Camboatá, área de Mata Atlântica.

JR Pereira esteve reunido com o chefão da MotoGP, Carmelo Ezpeleta, em 2018, e conseguiu convencê-lo de que haverá uma nova praça esportiva com capacidade de receber corridas de moto no Rio de Janeiro. Foi assim que a categoria anunciou, no ano passado, o retorno ao Brasil em 2022.

O caso mais recente sobre o autódromo foi uma conturbada audiência pública em que o Ministério Público do Rio apontou ilegalidades e apenas duas pessoas se manifestaram a favor da construção.

JR Pereira e Carmelo Ezpeleta em 2018. Ao lado deles aparecem Luiz Fernando Mendes de Almeida e Luiz Fernando Mendes de Almeida Junior, à época identificados como diretores da então Rio Motorsports (Foto: Dorna/MotoGP)

A Rio Motorsports também quis se envolver no mundo das transmissões do esporte a motor e da telecomunicação. Ao ver que o Grupo Globo/SporTV não renovaria com a MotoGP para esta temporada, aproveitou a porta aberta por Ezpeleta para fisgar os direitos de transmissão em território brasileiro. Em paralelo, a companhia jurou se tratar de uma opção viável para comprar a estrutura do FOX Sports — que, nos EUA, fora adquirido pelo grupo Disney e, no Brasil, teria de ser oferecido a um novo comprador antes de uma eventual fusão com a ESPN Brasil, também pertencente à Disney.

A empreitada da Rio Motorsports fez o Cade (Conselho de Administração de Defesa Econômica) atrasar em seis meses a decisão. O órgão pediu a JR Pereira que desse garantias financeiras para a eventual compra do FOX Sports. Nunca houve. Em maio, o órgão enfim determinou a associação dos canais.

Meses antes, o FOX Sports já tinha feito acordo com a Rio Motorsports e até exibido a primeira etapa do campeonato da MotoGP no Catar, apenas com as categorias Moto2 e Moto3. A pandemia do coronavírus havia impedido que a classe rainha viajasse àquele país. As transmissões foram retomadas em julho com um novo calendário.

A MotoGP tornou-se uma atração importante do canal então unificado a ponto de ser mostrado no Fox Sports 1, teoricamente voltado apenas ao futebol. As últimas provas passaram até a ter a exibição dos treinos livres às sextas ao vivo, algo que o SporTV não fazia. A equipe de transmissão foi aumentando e conta, ao longo do fim de semana, com Téo José, Edgard Mello Filho, Tite Simões, Rodrigo Mattar e Alexandre Barros.

Nos últimos dias, no entanto, a Disney — que quitou devidamente as parcelas do acordo — soube do calote da Rio Motorsports no negócio firmado com a Dorna. A situação fez com a direção da companhia no Brasil buscasse apoio da ESPN na Argentina para negociar com a Dorna diretamente e evitar que a transmissão seja interrompida. A próxima etapa do campeonato acontece entre os dias 11 e 13 de setembro, o GP de San Marino e Riviera de Rimini.

O Mundial de Motovelocidade é transmitido pelo Fox Sports no Brasil (Foto: Repsol)

Enquanto isso, a Rio Motorsports vende a ideia de que quer comprar os direitos de transmissão da Fórmula 1 diante do fim do contrato com a Globo, confirmado dias atrás.

Em junho do ano passado, a Folha de S.Paulo revelou que a Crown Telecon, presidida por JR Pereira, deve quase R$ 25 milhões à União. Há mais de 20 processos trabalhistas contra a empresa.

As partes foram todas procuradas pelo GRANDE PRÊMIO. A Rio Motorsports disse na tarde desta terça-feira (1), via assessoria, que não comentaria o caso. O Grupo Disney foi na mesma linha e afirmou que a “empresa não irá se pronunciar a respeito”. A Dorna não se manifestou até a publicação desta reportagem.

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