Travessia de rio, troca de pneu e diversão: como foi estreia de Barrichello no Sertões
Foram mais de seis horas de muita lama, chuva e diversão ao longo de 353 km da primeira parte da etapa Maratona. Mas Rubens Barrichello e seu navegador, Edu Bampi, terminaram em 12º lugar dentre 38 carros que largaram na especial de segunda-feira: “Estou bastante cansado, mas muito feliz”
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Rubens Barrichello estreou de maneira maiúscula no Sertões. O piloto de 48 anos, duas vezes vice-campeão mundial de Fórmula 1 e campeão da Stock Car em 2014 vivenciou um verdadeiro batismo de lama na segunda especial da edição 2020 do maior rali das Américas, em plena primeira parte da etapa Maratona. Ao lado do experiente navegador Edu Bampi, Rubens acelerou o buggy V8 4×2 da Giaffone Racing com a equipe RMattheis e fez bonito: terminou na 12ª colocação dentre 38 carros que largaram naquela que a própria organização do Sertões considera ter sido uma das especiais mais difíceis de todas as 28 edições da prova.
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Definitivamente, foi algo completamente diferente do que Barrichello já havia experimentado antes em uma carreira laureada e que compreende participação em outras tantas corridas tradicionais como as 500 Milhas de Indianápolis, 24 Horas de Le Mans e 24 Horas de Daytona. Mas na última segunda-feira, Rubens pilotou por quase seis horas e meia e somente com algumas horas de descanso depois de ter voado de Córdoba e ter aterrissado em Brasília na noite do último domingo.
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Quando Barrichello chegou à zona de meta da Bolha 2, em Minaçu, norte de Goiás, o piloto foi ovacionado por praticamente toda a caravana do Sertões, também impressionada pela dificuldade da especial de segunda-feira.
Ao longo de um percurso muito difícil, de 353 km de trecho cronometrado, a chuva foi uma das protagonistas da etapa. Além disso, Barrichello teve de encarar outro desafio inédito: atravessar o rio Bagagem antes de concluir uma especial. Rubens e Edu Bampi tiveram de parar para trocar um pneu furado e recolocar a correia do motor no lugar.
No fim das contas, mesmo em meio a tantos contratempos e o natural cansaço, Barrichello teve motivos de sobra para sorrir.
“Quando eu era pequeno, ia para Interlagos e minha mãe falava para não brincar na lama. Hoje eu brinquei e me diverti muito. Foi muito legal. Eu achava que a gente vinha lento e, de repente, estava ultrapassando outros carros, até aprendi a usar a buzina [o Stella, mecanismo usado para avisar sobre a aproximação do veículo que está à frente]”, contou o piloto do buggy de numeral #357.
“E com a tração 4×2 do buggy, muitos pontos estavam bem difíceis. Muitas vezes vinha abanando a traseira do carro nos galhos, havia muitos pontos estreitos. Ainda tivemos de trocar um pneu e recolocar a correia no lugar. Em alguns pontos, vi gente que nos reconheceu e fez a maior festa quando passamos”, recordou Barrichello.
“Estou bastante cansado, mas muito feliz. Quando você vê todo mundo falando que foi uma etapa difícil, isso mostra que fizemos um trabalho bacana. E amanhã tem mais”, complementou. O piloto vai fazer a especial desta terça-feira, na sequência da etapa Maratona, e corre ainda na quarta antes de entregar o volante do buggy a Felipe Fraga, campeão da Stock Car em 2016, que vai dar sequência à participação da tripulação no Sertões até o dia da chegada, sábado, em Barreirinhas, no Maranhão.
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Edu Bampi, com muitos anos de experiência nos ralis, se mostrou impressionado com a capacidade de Barrichello na sua estreia no Sertões.
“Se ele disser que gosta de rali depois de hoje, é porque ele realmente gosta. Foi muito duro, muita água, nós pegamos todos os tipos de terreno, poças d’água, a gente se encharcou mesmo. Em nenhum momento ele falou ‘isso aqui não é legal’, ele estava bem tranquilo na prova, acredito que se divertiu bastante pilotando o carro. E foi muito humilde ao encarar a especial”, elogiou o navegador.
“É legal saber que numa prova dessa, tão difícil, ele terminou. Conseguimos nos afinar bastante, mas quase não deu tempo de trabalhar a navegação, a maior reta não chegou a um quilômetro. A especial foi o tempo todo falada, ‘vira aqui, faz isso’, numa hora estava liso e escorregando, o carro começa a escapar, depois ficou seco e começou a fazer poeira, foi muito intensa. Não é um padrão de especial em que a gente pudesse dizer que aprendeu a navegação”, destacou Bampi, feliz com seu parceiro de cabine no ‘buggão’.
“O Rubinho fez um intensivão e aprendeu da pior, ou da melhor maneira possível. Mesmo eu nunca tinha encarado uma especial assim no Sertões”, concluiu Edu.
A segunda parte da etapa Maratona, batizada como Paulo Gonçalves, em homenagem ao piloto português, campeão do Sertões em 2013 e que perdeu a vida no Dakar deste ano, na Arábia Saudita, vai ter 200 km de trecho cronometrado no último dia completo em Goiás.
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