GUIA 2024: Red Bull busca invencibilidade em radical RB20 e só perde para si mesma na F1

A Red Bull se recusa a descansar sobre os louros do sucesso na Fórmula 1. Mesmo após impor um dos maiores domínios de que se tem notícia na história deste esporte em 2023, a esquadra austríaca decidiu cavar mais fundo no regulamento e apresentou um projeto revolucionário para a temporada que começa no próximo sábado. O RB20, que leva a assinatura inconfundível de Adrian Newey e Pierre Waché, ‘alugou um tríplex’ na cabeça dos oponentes e a sensação é que os taurinos têm plena condição de preencher a lacuna que ficou faltando no último ano: vencer todas as etapas. Mas há uma ressalva. Apesar do plano que parece perfeito, a sombra que se faz em Christian Horner tem poder bastante para mudar tudo de lugar.

Antes de Horner e do complexo caso que o envolve, é importante celebrar a coragem e o arrojo do time dos energéticos. Porque é preciso deixar claro: mesmo sem qualquer mudança de conceito, os atuais campeões seguiriam como referência e favoritos. No entanto, a alma inquietante de Newey quis mais. Enquanto boa parte do grid buscou elementos e inspiração nas dicas dadas pelo gênio da Red Bull, a própria enxergou além. O RB20 é uma revolução e um carro destinado a marcar a jornada taurina.

Logo na apresentação, em meados de fevereiro, ficou nítido que o modelo foi resultado de um trabalho minucioso, sem pressa e que passou por diversos experimentos antes de ganhar a forma final. Isso porque a Red Bull iniciou o desenvolvimento ainda na primeira parte da temporada passada. Portanto, foi uma escolha consciente e reforçada por muitos dados, análises e, agora, performance.

Entre as mudanças mais visíveis, é possível dizer que o RB20 tem um bico mais afinado e traz uma curva maior próxima ao número, enquanto a ‘depressão’ no sidepod foi retirada. Em compensação, algumas ‘dobras’ foram adicionadas na traseira e a linha de saída do halo foi modificada. A entrada de ar mudou e parte da tampa do motor foi alargada, dando um visual bastante diferente de 2023 na traseira. A asa dianteira também é consideravelmente maior. Por baixo de tudo, está o segredo do assoalho e o perfeito balanço entre velocidade e downforce.

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A Red Bull também revisou o centro de gravidade do carro, para administrar ainda melhor o desgaste dos pneus, bem como o equilíbrio geral. E parte disso tudo começou a se revelar no Bahrein. Os taurinos inauguraram a pré-temporada na ponta. Max Verstappen colocou 1s1 em cima da concorrência sem muito esforço, e isso assombrou o grid.

De fato, o carro possui velocidade, mas foram os dois dias seguintes que reforçaram a impressão de que a equipe austríaca é mais favorita que nunca, mesmo concentrando o trabalho em conceitos totalmente novos. Desta vez, parece que será um pouco mais complicado para as rivais reproduzirem as ideias.

A performance em ritmo de corrida impressionou, tanto que Verstappen como com Sergio Pérez. E embora a Ferrari tenha fechado a semana de testes na ponta, o desempenho mais consistente e real veio do RB20. É claro que alguns dos principais times optaram por programas muito específicos, como ritmo de classificação, desgaste de pneus e estudos aerodinâmicos, mas os austríacos se colocam nessa posição de destaque porque decidiram por um planejamento voltado para o todo, buscando um conhecimento amplo do novo carro.

Tanto é verdade que Max sequer se preocupou com voltas únicas e pouca carga de combustível. “Decidimos não focar nos tempos de volta, optamos por trabalhar o ritmo de corrida, para ter uma compreensão mais ampla do carro. Nós nos concentramos nesse programa. Acho que, no geral, tudo parece positivo, estou muito feliz com o carro e com a forma como se comporta”, disse o tricampeão.

E por falar em Verstappen, esse é o maior trunfo da Red Bull. É claro que o RB20 terá enorme peso em uma nova conquista, mas é igualmente verdade que a chance se tornar quase certa por ter Max dentro dele. O neerlandês vive o auge na Fórmula 1 e não parece recuar no propósito de ampliar seus números.

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Em 2023, o piloto de 26 anos tomou de assalto a temporada com atuações brilhantes. Não baixou a guarda em nenhum momento e só não venceu mais por circunstâncias muito específicas. É o dono da Red Bull e o maestro desse grid. Parte fortíssimos rumo ao tetracampeonato neste ano, o que repetiria outro taurino de peso: Sebastian Vettel, que conquistou quatro título de maneira consecutiva entre 2010 e 2013.

Enquanto isso, a Red Bull precisa lidar com um Pérez que tem enorme dificuldade para entregar o mínimo. O melhor carro do grid deve ajudá-lo a crescer na tabela, mas ele mesmo terá de provar para a equipe que tem seu valor. Desta vez, sua situação parece um pouco mais delicada, especialmente com uma presença mais forte de Daniel Ricciardo na equipe irmã.

Ao fim e ao cabo, o cenário da Red Bull para o campeonato é o de favoritismo extremo. Neste momento, não há ninguém que possa encará-la de frente, e isso também não é um choque. Mas há uma ressalva: a crise instaurada desde a abertura da investigação contra o chefão Horner pode bater de forma decisiva nas garagens taurinas.

No último dia 5 de fevereiro, a Red Bull abriu uma investigação para julgar as alegações de comportamento inapropriado do chefe da equipe em relação à uma funcionária. Uma audiência chegou a acontecer na mesma semana, no dia 9, mas nenhum veredito foi divulgado desde então. O jornal neerlandês De Telegraaf chegou a dizer que, na verdade, Horner estava sendo acusado de assédio sexual e que tentou fazer um acordo com a denunciante — que recusou.

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O dirigente britânico negou todas as acusações e declarou que acredita em sua permanência no cargo. “Sim, absolutamente”, respondeu Horner à emissora ESPN, após ser perguntado se ainda estará ocupando a função de chefe no GP do Bahrein. “Obviamente, existe um processo ocorrendo, mas estou muito focado na temporada que está por vir”, completou.

Horner acompanhou a equipe durante os testes coletivos, mas sem usar o uniforme da Red Bull. A investigação ainda corre, mas já há pressão de todos os lados. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e a própria F1 já se manifestaram sobre o caso e pediram “processo rápido e justo” por parte da Red Bull, enquanto a futura parceira Ford é ainda mais vocal: falou em falta de transparência e cobrou uma postura íntegra dos taurinos.

O clima segue um tanto estranho, mas o fato é: se perder o comando de Horner, uma figura central no papel político e no sucesso dos taurinos, a marca dos energéticos terá pela frente tempos difíceis. Talvez não tenha uma interferência tão grande na disputa em si, na pista, mas certamente terá nos bastidores e nas garagens.

O GRANDE PRÊMIO publica nesta semana um guia completo de tudo que é preciso saber sobre a temporada 2024 da Fórmula 1, que começa no próximo fim de semana, entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março, com o GP do Bahrein. O GRANDE PRÊMIO transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após cada dia de atividade.

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