Retrospectiva 2024: IMSA SportsCar se consolida em ano potente e título de Nasr
Uma combinação entre estrelas do automobilismo, variedade de montadoras e ótimas provas fizeram o IMSA SportsCar ser destaque em 2024
O IMSA SportsCar em 2024 teve o campeonato mais imponente de sua história. Completando dez anos de atividades, o certame sempre foi muito equilibrado, mas a temporada em questão teve a assinatura que faltava para acabar com qualquer dúvida de que a categoria está entre as grandes do automobilismo, extrapolando também as barreiras dos Estados Unidos. Destaque para Felipe Nasr, que, com grandes atuações, foi fundamental para o título do Porsche Penske #7 — o terceiro do brasileiro no certame.
Prova de que o desempenho de Nasr foi vital para que o conjunto fosse campeão é que Dane Cameron acabou dispensado do programa Porsche Penske ao final do campeonato. Não foram poucas as críticas ao norte-americano durante 2024, assim como foram numerosos os comentários de que o brasileiro salvou a jornada da dupla.
Como é tradicional, o IMSA SportsCar começa o campeonato com o melhor: as 24 Horas de Daytona. A mais importante prova do endurance dos Estados Unidos permite escalar quatro pilotos por tripulação, o que abre espaço para diversos convidados — alguns de reputação internacional. Também é destacável que a prova é realizada em janeiro, quando o calendário do automobilismo ainda está vazio, e com grid cheio de carros de montadoras importantes. O combo é um perfeito chamariz — que diga o GRANDE PRÊMIO, que obteve números impressionantes na transmissão do evento.
Nomes como Felipe Massa, Álex Palou, Scott Dixon, Josef Newgarden, Jenson Button, Pietro Fittipaldi, Romain Grosjean, Pato O’Ward e até dois dos então atuais campeões das 24 Horas de Le Mans, como Miguel Molina e James Calado, fecharam quartetos em alguns dos 59 carros da prova.

Mesmo com a corrida encerrada minutos antes das 24 horas de prova em decorrência de um erro da direção de prova, a vitória da Porsche Penske, com a tripulação de Felipe Nasr, Dane Cameron, Matt Campbell e Josef Newgarden, veio com bastante suor e enorme repercussão, graças à emocionante disputa, aos nomes envolvidos no quarteto e também pelo fim do jejum de 55 anos do time de Roger Penske na prova. Dos quatro pilotos, foi o brasileiro quem conduziu o #7 nos momentos mais decisivos.
Na categoria GTD Pro, Daniel Serra, ao lado de Davide Rigon, Alessandro Pier Guidi e James Calado, levou a Ferrari da Risi ao lugar mais alto do pódio nas 24 Horas de Daytona, colocando uma volta de vantagem para o Porsche #77 da AO Racing, o popular “Boquinha”, com Laurin Heinrich, Seb Priaulx e Michael Christensen.
É bem verdade que a convergência entre os regulamentos do Mundial de Endurance [WEC] e IMSA SportsCar ajudam como um todo a fortalecer o cenário das provas de longa duração. Com as categorias atendendo a alguns anseios de montadoras, inúmeras delas desembarcam nesses grids. No certame norte-americano, aparecem protótipos da Porsche, Acura, Cadillac, Lamborghini e BMW, além de Ferrari, Aston Martin, Ford, Mercedes, McLaren e Lexus nas categorias GTD e GTD Pro.
Dois meses depois, boa parte dos holofotes de Daytona se voltaram para Sebring, que recebeu a segunda etapa do campeonato, com as 12 Horas de Sebring. As formações são limitadas em trios, mas o grid se manteve praticamente idêntico na questão dos carros — 58, um a menos que em Daytona.

A prova teve uma alternância muito grande de líderes e ainda proporcionou imagens que causaram repercussão nas redes sociais, como a capotagem de Pipo Derani no Cadillac #31. No final, depois de uma sequência de intervenções do safety-car, Louis Delétraz armou o bote para cima do Cadillac #01 e deu a vitória para o Acura #40 da WTR-Andretti, que também tinha Colton Herta e Jordan Taylor na pilotagem.
Na categoria LMP2, o #18 da Era Motorsport repetiu Daytona e venceu com Dwight Merriman, Ryan Dalziel e Connor Zilisch, apontado como uma futura estrela do automobilismo estadunidense.
O IMSA SportsCar, então, foi para uma sequência de três corridas de curta duração — Long Beach, Laguna Seca e Detroit, sendo 1h40 para os circuitos urbanos e 2h40 para a prova no circuito californiano. Mesmo em corridas onde a questão estratégica não tiveram tanta importância quanto nas etapas mais longas, o equilíbrio entre as forças e disputas mantiveram o campeonato interessante.
Sébastien Bourdais e Renger van der Zande deram a vitória ao Cadillac #01 em Long Beach; Matthieu Jaminet e Nick Tandy ganharam para o Porsche Penske #6 em Laguna Seca; e o triunfo em Detroit ficou com o Acura #10, com Filipe Albuquerque e Ricky Taylor. Com isso, o IMSA SportsCar tinha cinco vencedores diferentes em cinco corridas.

O primeiro vencedor repetido na categoria GTP foi o Porsche Penske #7, com Nasr e Cameron, que ficou com o triunfo nas tradicionais 6 Horas de Watkins Glen, com destaque para a grande atuação do brasileiro, que segurou o ímpeto final do Cadillac #01. O duelo final entre Nasr e Van der Zande, com a pista um pouco úmida e consideravelmente verde por conta da chuva ter limpado a borracha, acelerou os batimentos e encheu os olhos de quem acompanhou os minutos decisivos da prova.
O IMSA SportsCar tem alguns eventos que não comportam todas as categorias, sendo que em duas não tem GTPs, como é o caso da etapa no Canadian Tire — antigo autódromo de Mosport, no Canadá. Na corrida realizada em julho, em que os LMP2 recebem os holofotes, a vitória foi do Inter Europol #52, com Nick Boulle e Tom Dillmann, que superaram o Riley #74, de Gar Robinson e Felipe Fraga.
Em agosto, todas as categorias voltaram a se reunir em Road America. Uma corrida totalmente dominada pela Porsche Penske: vitória do #6, com Tandy e Jaminet, com o #7 na sequência, com Nasr e Cameron. Serra competiu aquela prova pela Ferrari #35 da Conquest. Ao lado de Giacomo Altoe, conquistou a vitória na GTD Pro.
No final daquele mês, o campeonato desembarcou em Virginia para uma etapa só com os carros GT3, com as categorias GTD Pro e GTD. Melhor para a BMW #1, com Brian Sellers e Madison Snow, nas 2h40 de prova, em uma corrida que não teve a participação de brasileiros.

Então, o IMSA SportsCar 2024 foi para a penúltima etapa, com as 6 Horas de Indianápolis. Uma semana de setembro em que a RLL, que opera os GTPs da BMW, vivia uma enorme pressão. E não era mais somente por não ter vencido no ano, mas por ter recebido uma visita do FBI à sua sede, nas cercanias do autódromo. O time supostamente teria se apropriado de propriedade intelectual da Andretti.
E não é que Indianápolis reservou o ápice da equipe na temporada? Depois de um campeonato apagado também na Indy, a RLL fez 1-2 debaixo de muita chuva com o #24, de Jesse Krohn e Philipp Eng, e #25, com Connor de Phillippi e Nick Yelloly, na corrida de 6 horas de duração.
Na prova em questão, o Porsche Penske #6 chegou em terceiro, o que colocou pressão na dupla Nasr e Cameron, que teve problemas mecânicos e se arrastou na hora final da corrida, fechando na nona posição na categoria. Entretanto, o #6 e o #40 da WTR-Andretti foram desclassificados pela vistoria técnica pós-prova.
Na GTD Pro, o Boquinha venceu a terceira no ano e praticamente colocou a mão na taça. Destaque para Laurin Heinrich, que apresentou níveis muito altos de pilotagem — naquela corrida, seu companheiro era Michael Christensen.

Na grande decisão do IMSA SportsCar, Nasr e Cameron precisavam chegar na nona colocação da Petit Le Mans. Com a adição de Matt Campbell ao #7, jogaram com o regulamento embaixo do braço e conquistaram o título antes mesmo do fim da prova. Com 5h30 para o final, dois GTPs abandonaram a etapa em Road Atlanta, o que garantiu o troféu para o conjunto.
A vitória ficou com o Cadillac #01, com Van der Zande, Bourdais e Dixon, na corrida que marcou o fim da parceria da montadora com a Ganassi. O triunfo veio no final, com ultrapassagem sobre Nick Tandy, do Porsche Penske #6.
Na categoria LMP2, o título ficou com o Inter Europol #52, que chegou na quarta colocação na prova, com Nick Boulle, Jakub Smiechowski e Tom Dillmann. A vitória na corrida ficou com o TDS #11 de Steven Thomas, Mikkel Jensen e Hunter McElrea.
Na GTD Pro, o Porsche #77 conquistou o campeonato, mas não foi tão tranquilo quanto indicava. Um problema mecânico fez a tripulação de Heinrich, Christensen e Julien Andlauer fechar somente em 11º. No entanto, a vitória da Lamborghini #19 de Franck Perera, Jordan Pepper e Mirko Bortolotti ajudou o time da fábrica alemã.
Por fim, Cedric Sbirrazzuoli, Albert Costa Balboa e Manny Franco venceram na classe GTD com o Ferrari #34, mas o título ficou com a Mercedes #57, com Russell Ward e Philip Ellis. Ambos fizeram um ano muito consistente e precisaram somente do oitavo lugar para ficar com a taça.
Para 2025, a expectativa é que o campeonato cresça ainda mais. Grandes nomes estão confirmados para a disputa, bem como outros, como Felipe Drugovich, estarão presentes ao menos nas 24 Horas de Daytona, marcadas para o dia 25 de janeiro.
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