Albon sofre para acompanhar ritmo de Verstappen, mas cobrança inicial é exagerada

Alexander Albon não tem andado nem próximo de Max Verstappen no começo da temporada 2020 da Fórmula 1, mas poderia já ter até uma vitória na conta. Com resultados aceitáveis, o tailandês já recebe uma pressão acima do tom

Alexander Albon foi uma das sensações da temporada 2019 da Fórmula 1. Novato do ano, o anglo-tailandês impressionou pelos resultados, mas, principalmente, pelo arrojo e pela naturalidade com que encarou a promoção para a equipe principal da Red Bull logo em seu primeiro campeonato.

Para quem já conhecia o potencial de Alex, no entanto, 2019 não foi uma surpresa. Campeão mundial de kart, o piloto de 24 anos se estabeleceu como uma das forças das categorias de base, especialmente, a partir de 2016, quando foi vice de Charles Leclerc na GP3. 2017 foi um ano complicado na F2 por lesão, mas veio 2018 e a briga pelo título com Lando Norris e George Russell, em um carro que não era essa maravilha toda, mostrou de vez seu valor.

Após quase mudar de rumo e tentar a sorte com a Nissan na Fórmula E, Albon foi pescado de volta pela Red Bull, com quem já havia trabalhado em 2012, no programa de jovens pilotos. A missão inicial era ser companheiro de Daniil Kvyat na então Toro Rosso, mas tudo mudou em pouco tempo, mais uma vez.

Alex brilhou no pelotão intermediário, foi de último para os pontos na China, visitou o top-10 com alguma frequência, mas foi na Alemanha que basicamente carimbou seu passaporte para a Red Bull. Ali, chegou em sexto e bateu em duelo direto Pierre Gasly, que estava totalmente pressionado pela falta de resultados. O francês ainda acabou acertando o carro do anglo-tailandês, para piorar as coisas. A inversão aconteceu nas férias, entre Hungria e Bélgica, com Gasly voltando para a Toro Rosso e Albon subindo.

Alex Albon brilhou com a Toro Rosso (Foto: Toro Rosso)

A sensação tailandesa seguia em alta: ótimas corridas de recuperação, presença frequente no top-5 e um GP do Brasil marcante, em que fatalmente o primeiro pódio da carreira sairia, quando Lewis Hamilton o acertou. O segundo lugar virou 14º e, para piorar, o pódio foi parar no colo de Gasly, que teve atuação memorável com a Toro Rosso e bateu o mesmo Hamilton na linha de chegada. Daí para frente, algo mudou, uma estranha pressão apareceu.

A verdade é que hoje Albon parece estar, para a opinião pública, mais para Gasly do que para a sensação que era antes. A pressão pelo primeiro pódio é algo latente e, para piorar, o ritmo bem inferior ao de Max Verstappen começou a cobrar um preço, já que a Ferrari não briga mais, fazendo com que a comparação seja praticamente única e direta com o companheiro de equipe.

E é exatamente aí que mora o problema. Alex não é e nunca vai ser Verstappen, aliás, ninguém vai ser como o holandês. Max é um talento absolutamente fora da curva, mas não só isso: tem um carro feito sob medida para o seu estilo de pilotagem, que é bastante específico. Assim, o papel do companheiro é se adaptar e, da forma que for possível, tentar não andar tão longe.

Alex Albon tem andado mais com as Racing Point do que com Max Verstappen (Foto: Red Bull Content Pool)

Só que Albon está bem longe, sim. A pressão começou a aumentar na Estíria, quando ficou distante de Max o tempo todo, não classificou bem, mas chegou em quarto. Na Hungria, mais contestações, com o tailandês ficando no Q2 da classificação, desabafando irritado no rádio por ter sido largado no meio do tráfego e, mais tarde, se envolvendo indiretamente em uma discussão entre Russell, Verstappen e a Red Bull, em que o inglês afirmou que Alex não estava sendo tratado da forma como deveria pela equipe e o holandês respondeu mandando George cuidar da Williams.

Veio a corrida e Albon teve mais uma de suas belas atuações de recuperação, cruzando a linha final em quinto e acalmando um pouco os ânimos. O grande ponto do momento parece ser classificar melhor e tentar ao máximo aproximar-se de Verstappen, por mais improvável que seja.

É justo que se diga, porém, que a pressão, dessa vez, parece vir mais de fora para dentro do que o contrário, como aconteceu na passagem de Gasly. A Red Bull, ao menos publicamente, garante que confia em Albon e prega algo que ela mesma não costuma ter: paciência.

Max Verstappen e Alex Albon estão distantes (Foto: AFP)

“Ele [Albon] assumiu a pressão de ter Max [Verstappen] como companheiro de equipe e acho que está administrando muito bem. É um rapaz brilhante e está trabalhando muito. Acredito que precisamos ser pacientes com ele, botar a mão em seu ombro e fazê-lo sentir que tem nosso apoio”, declarou Christian Horner no Instagram do ex-piloto Martin Brundle após o GP da Estíria.

O pódio é questão de tempo, é seguro dizer, mas fatalmente vai livrar um caminhão das costas do jovem piloto. As lembranças dos choques com Hamilton em Interlagos e, principalmente, na Áustria, quando Albon poderia ter até vencido a corrida, precisam sair da cabeça do #23.

Se Albon corre riscos de ser trocado? Não parece ser o caso. Por melhor que Gasly esteja na AlphaTauri, e realmente está muito bem, a passagem do tailandês pela Red Bull é muito mais consistente do que foi a do francês em 2019. E, quanto a Verstappen, a questão parece clara: os austríacos não vão ter dois Verstappen, mas dificilmente vão achar um segundo piloto melhor que Albon por aí. É hora de ter realmente calma e de deixar que os resultados fluam, pois eles certamente vão fluir.

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