Briga apertadíssima pelo 3° lugar tem equipes em momentos distintos, mas sem favoritos

Renault, McLaren e Racing Point carregam pontos fortes e fracos únicos, criando briga interessante. O trio está separado por um único ponto no Mundial, isso com quatro GPs restando

Restam quatro corridas para o fim da temporada e ninguém tem condições de cravar quem terminará o Mundial de Construtores da Fórmula 1 2020 em terceiro lugar. A Racing Point começou favorita, depois vendo a McLaren ganhar força e, por fim, a Renault embolando tudo de vez. As três estão separadas por um único ponto, e uma sensação começa a ficar clara: a de que o momento das escuderias fará a diferença em novembro e dezembro.

É que, apesar das pontuações semelhantes, algumas equipes chegam ao fim do ano mais no embalo do que outras. Melhor exemplo disso é a Renault: a escuderia começou o ano para trás, incapaz de pontuar em grande quantidade, mas parece ter tirado um coelho da cartola em meses recentes. O desenvolvimento do R.S.20 foi um grande sucesso, com Daniel Ricciardo conseguindo dois pódios em três corridas e virando ameaça constante.

A verdade é que, dada a performance recente, daria para acreditar até em uma vantagem maior da Renault no Mundial. Acontece que a confiabilidade do carro deixa a desejar, e ninguém percebe isso melhor do que Esteban Ocon. O francês sofreu três abandonos mecânicos nos últimos cinco GPs e, apesar de não estar no mesmo patamar de Ricciardo no momento, vinha em boa forma para pontuar em cada oportunidade perdida.

Daniel Ricciardo vem forte, mas a Renault sofre com problemas mecânicos (Foto: Renault)

Tivesse Ocon terminado em oitavo em cada uma dessas corridas, ou pelo menos em duas delas, a Renault já teria uma vantagem na casa dos 10 pontos. Não resolveria a briga, mas traria mais tranquilidade. É possível também ir no embalo dessa análise e reclamar que Esteban não anda no mesmo nível de Ricciardo. E isso é verdade, mas talvez seja mais mérito do australiano do que demérito do francês. De um jeito ou de outro, a escuderia de Enstone tem um ponto de vantagem sobre as rivais.

A McLaren, em quarto lugar às vésperas do GP da Turquia, vive situação diferente. O carro nasceu bem, mas teve desenvolvimento que deixou a desejar. Os dias de Lando Norris no pódio e de fazer volta mais rápida duas vezes seguidas viraram coisa do passado. Salvo situações excepcionais, como o louco GP da Itália que colocou Carlos Sainz Jr. em segundo, a briga da McLaren é pelas últimas posições da zona de pontos.

O mais interessante é que isso está longe de ser culpa dos pilotos. Norris e Sainz erram pouco, com o britânico fazendo campeonato quase livre de erros e o espanhol reagindo após um início vagaroso. O que pesa é que o desenvolvimento não pôde seguir na mesma toada do visto na Renault, muito por conta de problemas financeiros que atormentam os britânicos desde o começo da pandemia – demissões em massa e venda de ações foram apenas algumas ações de uma escuderia que temeu pelo futuro. Talvez seja esse o grande fator por trás da dificuldade de repetir o domínio visto em 2019 dentro do pelotão médio.

A McLaren, por sua vez, murchou desde o começo do ano (Foto: McLaren)

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Passada a McLaren, chegamos à equipe que realmente teve condições de sobrar nessa briga e acabou desperdiçando: a Racing Point. A equipe que começou o ano incomodando a Red Bull terminou perdendo gás e, mais do que isso, jogando pontos fora de várias formas diferentes e criando situação inconveniente.

O primeiro grande problema da Racing Point foi não aproveitar o carro quando ele era realmente bom. Sergio Pérez e Lance Stroll pontuaram nas primeiras corridas, mas nem de perto na quantidade possível. Aí veio o segundo problema: na justiça, o uso de dutos de freio muito parecidos com os da Mercedes de 2019 resultou na perda de 15 pontos.

Como desgraça pouca é bobagem, a equipe ainda lidou com nada menos do que dois casos de coronavírus. Pérez perdeu duas corridas em Silverstone e, por mais que Nico Hülkenberg tenha feito bom trabalho, o uso de um substituto de última hora nunca é ideal. Além disso, Stroll ficou fora de combate em Nürburgring e criou o drama de convocar Nico – que voltou a andar muito bem, dadas as circunstâncias. Mais recentemente, a equipe encara também uma fase tenebrosa de Lance, que não pontua desde o terceiro lugar em Monza, em setembro.

Como se vê, é uma lista de desventuras. Algumas por culpa própria, outras por situações que fugiram do controle. É difícil projetar onde a Racing Point estaria no Mundial se evitasse os problemas. Mais do que isso, nem vale a pena falar nisso: todo mundo perdeu pontos e isso faz parte do esporte. A diferença é que os rosáceos estão abusando dos desperdícios e arriscam pagar caro por isso no fim do ano.

Lance Stroll é a cara de uma Racing Point que desperdiça oportunidades (Foto: Racing Point)

A diferença é que o problema da Racing Point é talvez o mais fácil de corrigir. Ao contrário dos problemas mecânicos da Renault ou da falta de desenvolvimento da McLaren, a irregularidade dos rosáceos exige apenas algumas corridas de tranquilidade. Se Pérez ganhar estratégias funcionais, vai seguir no alto nível dos últimos meses. Se Stroll parar de cometer erros bobos e apenas cumprir o papel de segundo piloto, também vai ficar em condições de fazer sua parte e fortalecer a caça ao terceiro lugar.

Faltam quatro corridas e ninguém pode cravar quem será o terceiro colocado. Que bom: o pelotão médio nunca será tão apertado quanto já está em 2020.

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