Com preto, detalhes em prata e até marca d’água, Mercedes mostra W12 para 2021 na F1

A Mercedes lançou nesta terça-feira (2) o W12, carro que já entra na temporada 2021 da Fórmula 1 como favorito - não só para levar os alemães ao oitavo título do Mundial de Construtores consecutivo, mas também Lewis Hamilton ao octacampeonato. A cor preta volta a brilhar no modelo, tal como no último ano, para enfatizar a luta antirracista

Mercedes esconde mistérios em novo carro preto (Vídeo: GRANDE PRÊMIO)

A manhã desta terça-feira (2) foi o momento em que o fã da Fórmula 1 viu, pela primeira vez, o carro favorito ao título da temporada 2021. Foi nela que o W12 E Performance, nome oficial do novo modelo da Mercedes, foi levado a público. Da mesma forma que o vitorioso antecessor W11, a nova joia construída em Brackley vem pintada de preto, em alusão clara à luta contra o racismo encampada por Lewis Hamilton e por toda a equipe anglo-alemã. Diante de atualizações pontuais no regulamento técnico e de poucas mudanças nos carros, o bólido, definitivamente, já entra como principal candidato a, ao final do ano, conquistar o oitavo título do Mundial de Construtores de forma consecutiva.

Pouco antes do lançamento, originalmente marcado pela Mercedes para 8h (de Brasília), a equipe soltou alguns teasers do novo carro. E o que chamou a atenção não foi o preto como cor predominante no lugar do tradicional prata, mas sim o protagonismo da marca AMG, divisão de alta performance da montadora alemã e que também integra o nome oficial da equipe heptacampeã do mundo.

E meia hora antes do previsto, a própria equipe divulgou as imagens do seu carro para a temporada 2021, com a marca d’água da AMG no lugar das estrelas na parte traseira da tampa do motor. O verde Petronas, que é da petrolífera malaia, a principal patrocinadora da Mercedes, também se faz presente, assim como o vermelho no alto do carro, da gigante petroquímica Ineos, patrocinadora e a nova acionista da equipe.

O lançamento em si, em vídeo ao vivo publicado nas redes sociais da Mercedes e da Fórmula 1, contou com as presenças de Toto Wolff, chefe da equipe, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, os pilotos, e James Allison, diretor-técnico e responsável pelo projeto do novo Mercedes W12.

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Eis a primeira imagem do novo Mercedes W12 (Foto: Mercedes)

O novo W12 já começa sua história como candidato a ser o carro que conduziu Hamilton ao recorde isolado de títulos, tendo a grande oportunidade de superar Michael Schumacher como o maior campeão de todos os tempos na Fórmula 1. É com ele que o britânico vai lutar pelo octacampeonato, após renovação de discussão mais longa — mas muito mais interessante — do que o lançamento de equipe, não de carro, que a Ferrari proporcionou na última semana.

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O W12 não será guiado só por Hamilton, obviamente: Valtteri Bottas vai para o seu quinto ano na equipe mais vitoriosa da Fórmula 1 no século. Mas os dois pilotos vão esperar pelo menos mais dez dias antes de acelerar com o novo carro. Isso porque, diferente do habitual da Mercedes nos últimos anos, quando era comum um dia de filmagem com um shakedown em Silverstone, desta vez o bólido só vai estrear nos testes de pré-temporada, no Bahrein, a partir do dia 12.

Tal como o companheiro mais vitorioso, Bottas tem só um ano de contrato — mas, diferentemente de Hamilton, o nórdico de 31 anos não tem créditos e já começa a nova temporada pressionado. O W12 precisa, então, ser o carro da reviravolta em sua carreira.

O carro, aliás, continua a ser em sua maioria na cor preta, um símbolo que busca enfatizar a luta antirracista comandada por Hamilton na Fórmula 1. A ideia da Mercedes é que o termo ‘flecha de prata’ volte a fazer sentido em 2022, quando a categoria muda seu regulamento — mas, por enquanto, a ideia criada na última temporada, com o W11, segue em voga.

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O Mercedes W12 tem tudo para ser o carro do octa de Lewis Hamilton na F1 (Foto: Mercedes)

Chefe da Mercedes desde 2013, Toto Wolff, um dos grandes pilares do sucesso da equipe sediada em Brackley deixou claro que, mesmo diante de tantas conquistas e títulos, não há margem para comodismo.

“Todos os anos, redefinimos nosso foco e definimos os objetivos certos. Isso pode parecer fácil, mas é muito difícil e, provavelmente, é por isso que não existem equipes esportivas com sete títulos consecutivos. Muitas coisas podem acontecer, e é natural se acostumar com o sucesso e, portanto, não lutar tanto por isso”, explicou o ex-piloto austríaco.

“Mas essa equipe não mostrou nada disso. Vejo a mesma chama, vontade e paixão da primeira vez que entrei por essas portas, em 2013. Cada temporada apresenta um novo desafio e, por isso, uma nova meta para alcançarmos”, declarou o dirigente, com o objetivo claro em buscar mais dois títulos para a escuderia.

Muito além dos títulos: Lewis Hamilton e a luta por igualdade

Heptacampeão mundial, dono de 95 vitórias e 98 poles na Fórmula 1, naquela que é a carreira mais laureada da história, Lewis Hamilton deixou claro que não quer ficar reconhecido apenas pelos seus feitos nas pistas ao redor do mundo. E mesmo às vésperas do início de uma temporada que pode marcar sua ascensão como o maior campeão de todos os tempos na principal categoria do esporte a motor, é ir além do seu papel como piloto.

Em 2020, Hamilton abraçou de vez a luta antirracista, protestando nas pistas contra a discriminação e contra a violência policial. Lewis entendeu o tamanho que tem além do esporte e bradou também contra as queimadas na Amazônia, defendendo o meio ambiente. Também no ano passado, o piloto criou a chamada Comissão Hamilton, que consiste em um projeto de ampliar a inclusão e garantir maiores oportunidades na indústria automobilística, protagonizada sobretudo por homens brancos.

“A principal prioridade para 2021 — no passado, as coisas eram apenas sobre vencer campeonatos, mas agora é buscar mais. Ano passado houve muita discussão sobre igualdade e inclusão, e creio que teve muita coisa falada. Esse ano é para avançarmos com a diversidade e realmente nos certificarmos de que ações são tomadas”, disse.

“Isso está no topo das preocupações para mim, é tudo pelo qual esses homens e mulheres estão trabalhando. Essa, então, é minha meta, entregar isso para eles”, seguiu.

Ao falar sobre o novo contrato, de apenas um ano de duração, Hamilton justificou o período bem mais curto em relação aos seus últimos vínculos com a Mercedes.

“Estou numa posição privilegiada em que atingi a maioria das coisas que eu queria até hoje, então não há necessidade de planejar muito além no futuro. Estamos vivendo um período incomum, e eu só queria um ano. Depois disso, podemos falar sobre se acertamos para mais tempo ou se seguimos fechando de um em um se for preciso”, encerrou.

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Depois da longa novela para a renovação do seu contrato, Lewis Hamilton já conhece seu carro para a temporada 2021 (Foto: Mercedes)

Valtteri Bottas e a questão central? Como melhorar?

Valtteri Bottas fechou a temporada passada como vice-campeão do mundo, mas nem por isso foi um 2020 de grande performance. Afinal, sendo dono do melhor carro da F1, é natural que o finlandês termine pelo menos na segunda colocação. Entretanto, o nórdico, em que pese algumas corridas sólidas, como na vitória no GP da Áustria, e performances muito parecidas ou até melhores que Lewis Hamilton em classificações, jamais conseguiu ser um concorrente direto ao título mundial.

O desempenho muito abaixo do que poderia entregar tendo nas mãos o carro da Mercedes fez Valtteri ir para as férias no inverno com um questionamento central na mente.

“O ponto principal durante o inverno e as férias foi ter sido honesto comigo mesmo e tentar descobrir como posso ser melhor. E saber, quando estiver no grid no Bahrein, que dei tudo o que pude de melhor tanto do aspecto físico quanto do mental, que dei tudo de mim”, disse o piloto durante entrevista no lançamento do W12.

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Valtteri Bottas entra no seu quinto ano como piloto da Mercedes (Foto: Mercedes)

Assim como Hamilton, Bottas também tem contrato com a Mercedes válido apenas para a temporada 2021, mas sabe que, diferente do companheiro de equipe, o seu patamar dentro da equipe é bem diferente. E, desta vez, o finlandês convive com uma ameaça real à sua permanência no ano que vem, chamada George Russell. Mas Valtteri tenta olhar apenas para o que vai ser possível fazer neste novo campeonato. “É o meu quinto ano com a Mercedes. Estou totalmente concentrado nos meus próprios objetivos”.

Para Bottas, ter Hamilton ao seu lado nos boxes da Mercedes é um privilégio e, ao mesmo tempo, uma missão duríssima. “Ele me dá motivação, é um desafio tê-lo como companheiro de equipe. Trabalhamos bem juntos, mas quando coloco o capacete, competimos muito um contra o outro. Ele é a melhor referência que existe”.

O piloto comemorou por estar de volta à sede da Mercedes, em Brackley, algo que foi pouco comum no ano passado em razão da pandemia.

“Obviamente, não pudemos visitar muito a fábrica no ano passado. Então, em primeiro lugar, estou muito feliz por estar de volta aqui e ver o novo carro pela primeira vez. Tenho recebido atualizações regulares sobre como as coisas estão progredindo, então é bom agora poder ver o resultado final pessoalmente, e isso me deixa mais animado para a nova temporada”, comentou.

Por fim, o piloto falou sobre a ansiedade para guiar o W12, que vai ficar apenas para 12 de março, em Sakhir. “Os carros são muito parecidos com os do ano passado, mas existem algumas mudanças aerodinâmicas interessantes que terão um impacto em como o carro se comporta, então estou ansioso para ver como é a sensação na pista do Bahrein”, concluiu.

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Toto Wolff é o grande comandante da equipe que domina a Fórmula 1 desde 2014 (Foto: Mercedes)

Além do W12, o público já conhece os carros da McLaren, com o seu laranja MCL35M; a AlphaTauri, com o AT02 carregado no azul; a Alfa Romeo, que já mostrou o C41 na pista, com Robert Kubica; e a Red Bull, com evento inexistente e poucas imagens. Ainda nesta terça, às 12h (de Brasília), a Alpine, novo nome da antiga Renault, realiza seu evento de lançamento do A521. E sem sua maior estrela: Fernando Alonso.

O primeiro teste oficial de pista destes carros será na sessão coletiva de pré-temporada, marcada para Sakhir entre os dias 12 e 14 de março. Duas semanas depois, no fim de semana de 28 de março e na mesma pista, o GP do Bahrein abre a temporada 2021 do Mundial de Fórmula 1.

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