Ricciardo diz que foi “muito agressivo” em críticas a time de redes sociais da Fórmula 1

Daniel Ricciardo chamou os membros da equipe de redes sociais da F1 de “idiotas do caralho” por darem mais destaque a acidentes do que aos grandes momentos dos pilotos nas pistas. O australiano reconheceu que passou do ponto nas palavras, mas deixou claro que não mudou sua opinião

O jogo F1 2021 vem aí (Vídeo: Codemasters)

O tom adotado por Daniel Ricciardo para criticar a equipe de redes sociais da Fórmula 1 por, na opinião do piloto da McLaren, focar mais em acidentes do que em grandes disputas nas pistas, foi abordado na entrevista coletiva da última quinta-feira (15) em Ímola, palco do GP da Emília-Romanha neste fim de semana. E o australiano, embora siga contundente nas suas críticas, reconheceu que passou do ponto ao se referir ao time de redes sociais da F1 como “idiotas do caralho”.

Daniel admitiu que foi “muito agressivo” e afirmou: “Certamente tenho de ser melhor com a minha escolha de palavras”.

Em entrevista à revista Squire no começo de abril, Ricciardo bradou contra a abordagem da equipe da F1 nas redes sociais, sobretudo no canal do YouTube. “Acho que no ano passado a Fórmula 1 colocou nas suas redes sociais algo como ’10 melhores momentos do ano’, ou algo assim, e oito dos dez foram acidentes. Eu fiquei, tipo… vocês são idiotas do caralho”, disparou.

O canal do YouTube da Fórmula 1 costuma realizar várias listas, os chamados top-10, sobre vários temas. Para puxar o ponto levantado por Daniel sobre a temporada passada, a categoria apresentou, por exemplo, as dez melhores imagens de câmeras onboards, os dez momentos mais dramáticos do campeonato, as dez melhores ultrapassagens, as dez melhores mensagens via rádio, as dez melhores disputas por posição e, também, os dez acidentes mais dramáticos do ano.

DANIEL RICCIARDO; MCLAREN; GP DO BAHREIN;
Daniel Ricciardo criticou a abordagem da Fórmula 1 nas redes sociais sobre os acidentes sofridos pelos pilotos (Foto: McLaren)

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Ricciardo reiterou não ser favorável à exibição exaustiva de acidentes. “Talvez crianças de 12 anos queiram ver esse tipo de conteúdo e isso é legal porque elas não conhecem nada melhor, mas não somos crianças. Apenas façam melhor, caras. Façam melhor do que isso”, criticou.

Com exceção das palavras ácidas, de restante Daniel manteve totalmente a sua opinião a respeito. “Tirando esse comentário, acho que o que estou tentando dizer é que sinto que o ano passado, por exemplo, foi incrível para a F1. Houve muitos pilotos diferentes no pódio. Houve várias corridas empolgantes. Certamente não a colocaria como uma temporada entediante”.

“E eu senti que provavelmente haveria mais espaço para expor os pontos altos do esporte e as grandes conquistas individuais de muitos pilotos, muitos desempenhos individuais e algumas ultrapassagens espetaculares. Senti que havia histórias melhores para serem contadas”, explicou.

Na visão do australiano, há muito mais espaço para abordar grandes momentos da F1 do que propriamente acidentes. “Obviamente, esta é a minha opinião, mas sinto que o nosso esporte é melhor do que isso. Sinto que somos melhores do que apenas mostrar as falhas. E eu acho que há outros esportes, outras categorias, para mostrar esse tipo de destaque”.

“Somos os pilotos mais talentosos do mundo e estamos pilotando esses carros incríveis.  Normalmente, um acidente mostra menos o nosso talento. Sinto apenas que isso é sobre a forma como o esporte é visto e como somos vistos como pilotos. Cometemos erros, absolutamente, mas provavelmente eu destacaria os pontos altos nos melhores momentos se eu tivesse o controle criativo”, concluiu.

Críticas à Fórmula 1 desde 2020

No ano passado, o mundo do esporte ficou impactado com o gravíssimo acidente sofrido por Romain Grosjean na primeira volta do GP do Bahrein. O franco-suíço, que à época era piloto da Haas, perdeu o controle do carro após disputa com Daniil Kvyat e bateu de frente no guard-rail da curva 3. O bólido se partiu em dois e pegou fogo imediatamente, mas Grosjean, graças ao Halo, escapou apenas com queimaduras e sobreviveu.

As imagens, muito fortes, ganharam o mundo. Mas Ricciardo criticou a Fórmula 1 por exibir inúmeros replays do acidente durante o período de bandeira vermelha após a batida. Algo que o tirou do sério.

“Quero expressar minha repulsa e decepção com a Fórmula 1. A maneira como o incidente de Grosjean foi transmitido continuamente, os replays repetidamente, foi completamente desrespeitoso e sem consideração para com sua família, para todas as nossas famílias assistindo”, criticou Ricciardo em entrevista à emissora holandesa Ziggo Sport.

“Vamos correr de novo em uma hora e cada vez que vemos na TV é uma bola de fogo e o carro dele partido ao meio. Quer dizer, podemos ver isso amanhã, não precisamos ver hoje”, salientou.

“Para mim, foi entretenimento, eles estão brincando com todas as nossas emoções, e eu achei isso bem nojento. Espero que os outros pilotos tenham se manifestado. Mas se não for assim que todos nós nos sentimos, ficaria muito surpreso”, complementou à época.

A Fórmula 1, por meio da sua assessoria de imprensa, se defendeu e disse que só mostrou o acidente com Grosjean depois e cumprir com o protocolo ao certificar de que o piloto estava bem e salvo.

“Em primeiro lugar, a Fórmula 1 não se trata de entretenimento, e alguns procedimentos e protocolos estão em vigor antes que qualquer decisão de executar uma resposta seja feita”, disse a categoria em declaração veiculada pela revista britânica Autosport.

“Depois de um acidente, todas as [imagens] de câmeras onboard, helicópteros, são cortadas. Há comunicação direta entre a torre de controle da corrida e o centro de transmissão. Nenhuma filmagem é mostrada até que haja confirmação de que o piloto esteja bem. Nesta ocasião, a F1 mostrou Romain na ambulância, sem capacete e caminhando com ajuda”, explicou.

“Nenhum replay de acidente é mostrado até que haja a aprovação e confirmação da torre de controle e da FIA de que todas as pessoas estejam seguras, seja piloto, fiscais de pista e médicos. Então, as repetições começaram”, complementou a categoria, ressaltando a importância de levar o máximo possível de informações precisas diante de um momento tão tenso.

“O contexto do que um espectador vê e ouve com os comentários é importante, falando sobre a segurança de Romain, o halo, melhorias de segurança da FIA e atualizações do centro médico. Há um diálogo constante entre a F1, a FIA, a torre de controle da corrida e há um julgamento no que diz respeito aos telespectadores, famílias e às pessoas afetadas”, complementou a F1.

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