Ex-presidente da FIA, Mosley diz que “F1 tem um problema enorme” com crise financeira e alerta para risco de colapso

Ex-presidente da FIA, Max Mosley avaliou que a F1 atravessa um problema enorme com o desequilibrio nas contas dos times e alertou para o risco de colapso da categoria. Britânico avaliou que Bernie Ecclestone tem um poder excessivo atualmente

Presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) entre 1993 e 2009, Max Mosley não vê com bons olhos a situação atual da F1. No entender do ex-dirigente, o desequelibrio nas contas dos times integrantes do Munidal pode levar o campeonato a um colapso.
 
Em entrevista à agência de notícias ‘DPA’, Mosley apontou as modificações ocorridas no esporte nos últimos anos e avaliou que a F1 mudou “enormemente”.
Mosley nunca foi unânimidade enquanto esteve no comando da FIA (Foto: Red Bull/Getty Images)
“Em primeiro lugar, no aspecto de segurança. A minha primeira corrida de F2 foi em abril de 1968, em Hockenheim, quando o Jim Clark morreu. Daquela vez, tinham 21 carros na largada e três dos 21 morreram antes do fim de julho”, lembrou. “A segunda mudança é o dinheiro e as pessoas envolvidas. Naqueles tempos, uma equipe como a Tyrell tinha mais ou menos 20 empregados e ganhou o campeonato do mundo. Agora falamos de cerca de 700 e mil empregados”, apontou. 
 
“Na nossa primeira temporada com a equipe March na F1, nós  tinhamos um orçamento de £113 mil (cerca de R$ 540 mil), o que seria hoje, ajustando a inflação, entre um e dois milhões. Mas hoje é necessário cem vezes mais do que isso para conseguir o mesmo. Isso é algo desproporcional”, opinou. “Claro que a tecnologia é impressionante, mas o público não vê 90 ou 95% dessa tecnologia porque as equipes ocultam. A transformação foi longe demais. Em certos aspectos, deveria haver um limite do que se pode fazer. Eu quis introduzir algo assim no final do meu mandato na FIA, mas não tive êxito”, lembrou.
 
Na avaliação de Mosley, o dinheiro obtido com a comercialização da F1 deveria ser dividido igualmente entre as equipes. Além disso, o britânico acredita que o poder de Bernie Ecclestone também deveria ser reduzido.
 
 “O que deveria acontecer é que o dinheiro que provém da comercialização dos direitos, nas mãos de Bernie Ecclestone, fosse repartido uniformemente entre as equipes. E as equipes não deveriam gastar muito mais do dinheiro que recebem”, ponderou. “Uma equipe que tivesse êxito no plano esportivo ganharia muitos patrocinadores e alcançaria uma alta rentabilidade, mas uma escuderia que não vence, não consegue isso agora”, seguiu. 
 
“A situação no momento é que as equipes ricas recebem mais dinheiro de Bernie e têm mais patrocinadores. Por isso, estão em uma posição de privilégio e a outra metade das escuderias não pode acompanhar o ritmo, porque não têm dinheiro suficiente”, explicou. “Isso é ruim. Se a equipe tem cinco vezes mais dinheiro, o efeito é o mesmo que se tivesse um motor melhor. Isso é injusto”, resumiu.
 
De acordo com Mosley, o único caminho possível é reunir todos os times, explicar a dificuldade e buscar uma solução. Na visão do ex-presidente da FIA, que foi sucedido por Jean Todt, a situação atual pode levar a F1 a um colapso.
 
“O único caminho é que exista uma unidade entre todas as partes. É preciso sentar todas as equipes em uma mesa e explicar que a F1 tem um problema enorme, porque alguns têm dinheiro suficiente e outros não. Se tudo continuar assim, a F1 vai entrar em colapso”, considerou. “Todos deveriam trabalhar juntos para forçar uma mudança. Os contratos só podem mudar se todos estiverem de acordo. É possível, mas é preciso deixar as coisas muito claras para todos. Em 2008, eu reuni todas as equipes e expliquei que uma grande crise era iminente e que algumas equipes teriam de deixar de correr. Minha proposta foi um teto orçamentário e todos, exceto a Ferrari, estavam de acordo. Creio que poderíamos ter convencido a Ferrari, mas tudo se mesclou com outros assuntos”, continuou.
 
Indagado se é bom para a F1 ter alguém com 84 anos no comando, Mosley avaliou que a relação entre Ecclestone e a FIA é diferente do que era em sua época no comando da entidade máxima. 
 
“É preciso um certo equilibrio entre esporte e dinheiro. Quando eu era presidente da FIA, conseguimos. Quando havia um problema, eu podia tomar uma posição contrária a Bernie e atuar de maneira diferente. Quando não existe esse equilibrio e tudo está na sua mão, então existe um problema”, observou. “Eu não conheço os contratos, mas, da forma como vejo, Bernie pode anular a FIA junto com as equipes. A FIA não está em uma posição tão poderosa como esteve no passado”.
 
Por fim, Mosley se disse bastante satisfeito com o que conseguiu nos tempos que comandou a entidade máxima do automobilismo, mas reconheceu que deixou uma coisa por fazer. 
 
“O que eu mais lamento é não ter conseguido pavimentar o caminho para os jovens pilotos, desde o kart até a F1”, revelou. “Que eles não precisassem ter muito dinheiro. Deveria ser possível que um talento se desenvolvesse e alcançasse a F1 sem que ninguém o financiassee ou sem que seus pais tivessem vários empregos. Deveria ser mais fácil. Deveria ter feito isso”, encerrou.
CUIDEM DA BORRACHA

Prestes a embarcar para a China, onde a F1 disputa neste fim de semana a terceira etapa da temporada 2015, Felipe Massa se mostrou confiante para a corrida e disse que a pista de Xangai se parece muito com o traçado de Barcelona, circuito que os pilotos conhecem bem devido aos inúmeros testes coletivos realizados na Catalunha ao longo dos anos. Por isso, o brasileiro entende que encontrar o melhor acerto para o FW37 não será uma das tarefas mais complicadas. Porém, o piloto apontou que a degradação dos pneus pode ser uma armadilha

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