Force India, Lotus e Sauber criticam e revelam que F1 deve permitir venda de chassis em 2016
A F1 vive um período de crise financeira séria e atinge em cheio as equipes médias. Sem contar com um pagamento extra dos acionistas, os times criticaram a gestão da F1 e revelaram que a categoria caminha para a adoção de equipes clientes
A ganância é algo muito perigoso, como bem mostrou o famoso personagem de Michael Douglas no premiado ‘Wall Street’, filme de 1987, mas que, de alguma forma, lembra muito o cenário vivido pela F1 atualmente. E quem fez a curiosa associação foi o dono da Lotus, Gérard Lopez, ao falar da crise pela qual o Mundial passa neste final de temporada, com apenas 18 carros no grid e ainda acompanhado uma luta desesperadora de Caterham e Marussia para sobreviver.
Acontece que a equipe de Enstone, a Force India e a Lotus criticaram duramente a decisão de Bernie Ecclestone e do CVC Capital, o grupo acionista majoritário da F1, em virar as costas para as equipes menores. As três esquadras foram informadas que não haverá um pagamento extra e que o Mundial deve mesmo adotar em um futuro muito breve o sistema de equipes clientes.
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Entende-se que, a partir de 2016, os times maiores vão fornecer chassis aos menores. Antes disso, entretanto, parece certo que Ferrari e Red Bull estão prontas para colocar um terceiro carro em suas garagens no próximo ano, como forma ampliar o grid.
Em Interlagos, depois do GP do Brasil do último domingo (9), o diretor-adjunto da equipe indiana, Bob Fernley, contou que a F1 está caminhando na direção de adotar carros clientes. "A orientação que recebemos foi clara: não há dinheiro. Existe um programa muito claro entrando. O objetivo é passar para as equipes clientes. O sistema com três carros é interino. E isso vai ajudar a manter o grid", disse.
Acredita-se que a Haas, equipe norte-americana que deve estrear em 2016, também deve ser umas das primeiras dentro do novo formato, que ficará sob o comando das cinco maiores equipes: Ferrari, Red Bull, Mercedes, McLaren e Williams.
"Mais uma vez, temos uma solução de curto prazo para o lucro. Para eles, é agora é simples: quanto dinheiro podemos gerar para os acionistas. Fim de história. Venda, porque eles não estão interessados nas consequências. É problema de outra pessoa, porque já têm o dinheiro. Mas os fãs? É irrelevante para eles também", completou.
Monisha Kaltenborn, chefe da Sauber, também compartilhou das preocupações do colega e vê com descrença o uso de carros clientes. "Basicamente é o fim do fascínio da F1", decretou a dirigente também na pista paulistana. "Eles estão destruindo tudo que os fãs querem e gostam. Estão destruindo todo o campeonato. É um pensamento empresarial muito míope. Você vai ter cinco grandes equipes e quatro perdedoras. E talvez equipes como a nossa, a Force India ou a Lotus pudessem lidar melhor com situações como essa. Um bom ano, um ano ruim. Se isso se prolonga por três anos para eles [equipes clientes], vão deixar o esporte", afirmou a suíça.
Lopez seguiu na mesma linha dos colegas e, citando o famoso personagem de Michael Douglas, disse que a F1 está gananciosa demais. "Gordon Gekko disse que a ganância é boa e veja o que aconteceu com ele. Acabou na cadeia", falou.
"Eu nunca representei nenhuma ameaça e nenhum tipo de protesto, mas esse é um negócio de bilhões de dólares e as equipes estão morrendo por causa de dezenas de milhões", completou.
"Adotar um terceiro carro será a morte do campeonato. As pessoas simplesmente não parecem se importar o suficiente com o esporte para fazer alguma coisa", acrescentou.
Chefão da F1, Bernie Ecclestone vê a situação de maneira diferente. Para o dirigente, o caminho é gastar menor. "Essas equipes coletivamente recebem US$ 900 milhões (R$ 2,2 bi), e isso é suficiente", disse o inglês.
"Elas têm o suficiente para sobreviver, mas não da forma como estão sobrevivendo. Comece a gerir o negócio como um negócio e não um hobby", falou, acrescentando que ainda não há uma definição para um terceiro carro.
As propostas para uma solução ainda serão discutidas pelo Grupo de Estratégia da F1.
O piloto que tirou a chance de Felipe Massa ser campeão é quem deve ganhar o título de 2014. Participando do programa 'Bem, Amigos', do SporTV, na noite desta segunda-feira (10), o brasileiro manifestou sua opinião sobre a decisão da F1 daqui duas semanas em Abu Dhabi. "Acho que o Hamilton merece pelo campeonato que ele fez", declarou. "Mas às vezes, as coisas acontecem de uma maneira diferente", completou.