GUIA 2024: Pérez chega com cabeça a prêmio e precisa convencer Red Bull a salvá-lo

Sergio Pérez começa a temporada 2024 da Fórmula 1 com a noção de que não terá o contrato renovado para 2025 pela Red Bull. O que precisa para reverter o quadro é ser o segundo piloto perfeito

É preciso honestidade para tratar as questões da vida. Em nome desta honestidade, Sergio Pérez precisa admitir, ao menos no íntimo, que entra na Fórmula 1 2024 demitido. Não oficialmente, claro. Não é como Carlos Sainz, que está definitivamente fora da Ferrari, mas a decisão natural é essa. É apenas com essa admissão em mente que se dá o próximo passo: o que fazer para mudar o destino da maré, realizar improvável virada e provar para a Red Bull que é a melhor decisão possível para o futuro.

Após três anos nos quadros energéticos, Pérez já mostrou bem que é. As delícias, como as sequências de excelente desempenhos para vencer de maneira dominante, e das dores, como as dificuldades em classificação. No ano passado, a sequência terrível do miolo da temporada junto todos os fatores que incomodam, e o diagnóstico foi verbalizado publicamente pela equipe. Pérez sofreu desmonte psicológico e de confiança em ver as Max Verstappen escapar com a liderança.

Aqui, mais uma vez, a honestidade: Pérez não vai superar Verstappen. Veja bem, não se trata de algum demérito ao piloto mexicano, mas o reconhecimento de que Verstappen está em outro nível. É um dos talentos mais impressionantes que já brindou o público da F1 e está o auge técnico e de confiança, numa equipe em que se sente tremendamente confortável. Pérez é e sempre foi um bom piloto, que tem até momentos de ser muito bom. Mas não é a mesma coisa.

Portanto, por mais que machuque, Pérez precisa compreender que seu ano de maior sucesso possível é preparar para ser o segundo piloto perfeito. E isso não é um contrassenso ao princípio do esporte de sempre disputar para tentar vencer. Tem de tentar vencer Verstappen sempre, é claro, mas também precisa diminuir o sarrafo das próprias expectativas. Perder para Max na batalha interna da Red Bull não pode ser motivo para ‘Checo’ desmanchar e começar a andar distante das primeiras posições tantas vezes quanto fez em 2023.

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Sergio Pérez durante os testes coletivos de pré-temporada, no Bahrein (Foto: Red Bull Racing)

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Talvez o leitor se espante. Afinal, Pérez foi vice-campeão mundial ao fim e a cabo, mas isso pouco importa. O RB19 foi um dos carros mais dominantes da história da Fórmula 1, e o fato de Pérez ter sofrido com ameaça de Lewis Hamilton até a penúltima prova do ano, mesmo que a Mercedes nem sequer tenha sido tão estável no posto de segunda força, é o destaque. Pérez esteve abaixo na maior parte do ano.

Ficou quase uma dezena de vezes fora do Q3 com um dos carros mais dominantes de todos os tempos — foram nove, ao todo. Algo que gerou cobrança às claras. E nas últimas cinco corridas do ano, em três das idas ao Q3, terminou com a nona colocação no grid. Claro que, ao contar com o carro que tinha e a famosa habilidade de recuperação em corridas, conseguiu reaver pontos. Mas apenas quatro segundos lugares — e só dois nas últimas 17 corridas — é pouco.

Com a derrota para Charles Leclerc pelo vice de 2022 e a aproximação de Hamilton mesmo em meio à chinelada constante que a Red Bull aplicou em 2023, deixou claro para a equipe que Pérez deixa o time sempre por um fio na briga pelo melhor dos resultados. E, ora, o domínio de 2023 não será possível de replicar com frequência.

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Pérez vai tentar calar os críticos com “melhor temporada da vida” em 2024 (Foto: Red Bull Content Pool)

Consistência na classificação e entrega dos melhores resultados possíveis para não deixar qualquer margem para uma possível rivalidade com oponentes que vistam outras cores. Incomodar Verstappen vez ou outra é bom, e é o que dá para fazer. Pérez não vai tirar o sorriso do rosto de Verstappen, apesar de manter a postura de que pode. A possibilidade disso acontecer é virtualmente nenhuma, mas pode incomodar o suficiente para mantê-lo atento e manter a Red Bull feliz.

É o segredo para Pérez provar, no tribunal da Red Bull, que a cabeça deve sair da oferta e ser reservada para mais um período com carros de ponta. Isso, é claro, se assim ele quiser. Mas tendo em vista a falta de opções que o tiraria do grid em 2020, quando foi dispensado pela então Racing Point antes da mudança para a Aston Martin, é difícil imaginar que não queira.

Pérez tem um elemento mais de incerteza ao entrar na jornada sem conseguir enxergar o futuro. Christian Horner, chefe da escuderia rubro-taurina, foi quem decidiu por chamar Pérez e advogou em prol do mexicano desde o começo, além de defendê-lo das constantes ‘falastrices’ do consultor Helmut Marko. Ter Horner é muito importante para as chances de permanecer.

Sergio Pérez vai provar para Red Bull que precisa ficar? (Foto: Red Bull Racing)

Mas a situação do chefe é uma incógnita. Investigado internamente por comportamento inadequado, após reclamação oficial feita por uma funcionária, Horner também está a perigo, algo que era impensável há um mês. O desfecho da investigação, que já vai se alongando, cada vez está mais próxima, e um afastamento daquele que foi o patrono de ‘Checo’ na Red Bull seria quase um tiro de misericórdia em qualquer chance de permanecer. É natural que seja assim, porque um novo chefe chegaria motivo a imprimir a própria visão e, já que em Verstappen não se mexe, a troca do outro piloto será desejo evidente.

O futuro de Pérez é um mistério, mas aponta para mudança. De Daniel Ricciardo a Alex Albon, vários pilotos estão atentos, babando pela oportunidade de abocanhar um assento como esse. A cabeça está a prêmio. Pérez terá de provar que o mundo está errado.

GRANDE PRÊMIO publica nesta semana um guia completo de tudo que é preciso saber sobre a temporada 2024 da Fórmula 1, que começa no próximo fim de semana, entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março, com o GP do Bahrein. O GRANDE PRÊMIO transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após cada dia de atividade.

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