GUIA 2024: F1 precisa driblar previsibilidade e já liga alerta em ano que começa turbulento

A Fórmula 1 viveu um rebuliço antes mesmo de os carros irem à pista. Uma série de notícias bombásticas dominou o noticiário em um movimento que terá, certamente, enorme impacto no desenrolar da longa temporada que começa no dia 2 de março. De novo, o Mundial se mostrou mais interessante fora do que dentro das pistas, uma vez que a Red Bull parece mais forte do que nunca. E é esse o grande desafio a ser superado pela maior categoria do esporte a motor em 2024

A FÓRMULA 1 NEM BEM foi à pista em 2024, e o cenário mais provável é de um ano absolutamente anárquico. O sinal inaugural surgiu logo nos primeiros dias de janeiro, quando a Haas decidiu demitir Guenther Steiner. Foi um choque, claro, porque o dirigente estava à frente da equipe desde a estreia, em 2016. Mas o que ninguém imaginava é que aquele seria só o episódio mais corriqueiro de uma série assustadoramente bombástica. A verdade é que as semanas que antecederam ao lançamento dos carros e à pré-temporada reservaram alguns dos dias mais insanos da história da maior categoria do esporte a motor. Isso porque os desdobramentos de muitas das tramas iniciadas agora ainda vão precisar de meses e meses até o desfecho — se é que terão um. E não há dúvida: todo esse processo vai reverberar ao longo do campeonato que começa no próximo fim de semana.

Essa percepção começou a ganhar corpo por meio da própria Fórmula 1, quando, no fim do último mês, optou por rejeitar a entrada da Andretti. A controversa decisão deixou o Mundial e as equipes em uma posição de alvo. A justificativa de que o projeto liderado por Michael e a Cadillac, além da própria GM, não agregava valor ao grid encontrou críticas severas de ambos os lados do Atlântico. A visão geral é que a categoria perdeu uma boa chance de pavimentar um pouco mais a via comercial e de popularidade nos EUA, e isso soou como uma contradição.

No entanto, não é uma disputa finita. A marca americana e a GM não engoliram facilmente as explicações e devem peitar novamente os donos da F1. O caso também se soma aos muitos na tumultuada relação com a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), que apoiou e aprovou a candidatura da Andretti.

Outro fato que também merece atenção é o imbróglio em que Christian Horner se meteu. O chefão da Red Bull é alvo de uma investigação interna por conduta inapropriada. E apesar de ter aparecido com pompa durante a apresentação do carro taurino e acompanhando os testes coletivos no Bahrein — sem o uniforme da equipe, diga-se —, a situação do britânico é delicada e parece envolver muito mais do que tem sido noticiado. O fato é que uma eventual perda de Horner vai obrigar uma reestruturação nas garagens dos atuais campeões, e isso certamente vai deixar sequelas no time.

Max Verstappen é o homem a ser batido em 2024 (Foto: Red Bull Racing)

Christian é um dos pilares do grupo energético na F1. Ocupa a chefia desde a estreia, em 2005, e foi ganhando autoridade a cada ano, principalmente nas temporadas vitoriosas. 2023 foi o ápice do sucesso da esquadra austríaca e, 2024, parece repetir a fórmula. Ainda assim, a Red Bull está na berlinda.

No entanto, a notícia que sacudiu a Fórmula 1 foi mais prosaica, por assim dizer, embora um movimento altamente surpreendente. Depois de ter assinado um contrato de dois anos com a Mercedes seis meses atrás, Lewis Hamilton decidiu que era hora de tentar novos ares. Acionou uma cláusula de saída e firmou acordo com a Ferrari para vestir o icônico vermelho a partir de 2025. O vínculo mobilizou redações no mundo inteiro e agora a expectativa é entender como será o ano derradeiro da parceria com os alemães, garagem onde Hamilton cresceu, fez seis de seus sete títulos e onde se tornou o piloto com mais vitórias na história da F1.

Pelo lado ferrarista, a sensação é quase a mesma. A escuderia, sob a batuta de Frédéric Vasseur, também tenta driblar a espera pelo heptacampeão, enquanto constrói um ambiente vencedor, na busca pelo fim de um jejum de taças que já dura mais de 15 anos. Mas é importante dizer: essa movimentação vai repercutir forte no mercado de pilotos para 2025 — espera-se alterações dramáticas do grid.

É diante desse cenário que a Fórmula 1 dá o pontapé inicial para a temporada 2024. O noticiário ainda segue muito quente e borbulhante, enquanto dentro das pistas existe um desejo de um toque de caos também. É bem verdade que há uma estabilidade de regras — pouquíssimos itens mudam para este ano — e uma expectativa de maior combatividade do grid, que de maneira inédita também não sofreu qualquer alteração desde o fim de 2023, mas é igualmente certo dizer que esse é um ponto que agrada demais os favoritos. E descabela os desafiantes.

Lewis Hamilton disputa em 2024 seu último ano com a Mercedes. Em 2025, o heptacampeão vai vestir o vermelho Ferrari: o movimento deve também provocar enorme mudança no mercado de pilotos (Foto: Mercedes)

Isso porque a pré-temporada exibiu uma Red Bull fortíssima — ainda melhor que no último ano. O gênio Adrian Newey colocou para jogo um carro muito diferente do poderoso RB19. O projetista mudou o conceito, trouxe um design renovado e revisou aquilo que já era muito especial. Há agora novos elementos em um modelo que serve muito em Max Verstappen. O neerlandês foi imediatamente rápido durante os testes no Bahrein, exibindo um conforto que põe medo nos adversários.

Talvez a busca pelo tetra se torne ainda mais fácil do que se imagine, para o terror da concorrência. Afinal, Verstappen também chega no auge. Difícil imaginar que o piloto de 26 anos vá recuar da briga e, se em 2023 já beirou à perfeição, 2024 deve atingir o ápice.

E enquanto a Red Bull inova, as demais equipes copiam. É bem verdade que não vale para todo mundo, mas há, sim, inspiração em todo lugar. Na tentativa de retomar o caminho das vitórias, a Mercedes voltou muitas casas para produzir um W15 completamente novo. Ainda precisa de quilometragem. Já a Ferrari deu muitos passos à frente, refinou as escolhas aerodinâmicas e investiu muito na parte mecânica e de motor. Parece muito sólida. A McLaren foi na mesma linha e deve novamente incomodar.

A Aston Martin ousou e colocou na pista um modelo mais original. Neste momento, não deve brigar sequer por pódio. O pelotão intermediário, por sua vez, parece ter uma ordem de forças mais confusa. Agora repaginada, a RB — equipe B dos taurinos, que ganhou novo nome (Visa Cash App F1) e uma injeção de investimentos — surpreendeu e pode beliscar o grupo de cima. A Williams parece bem acertada, mas sofreu com confiabilidade, enquanto a Sauber, que perdeu a Alfa Romeo e agora atende também por ‘Stake F1 Kick‘, busca um lugar ao sol com um maior aporte financeiro. Já a Alpine surgiu perdida ainda, embora tenha mergulhado em um projeto arrojado. Aí há a Haas, que tenta se reorganizar, agora sob nova direção. De cara, é possível dizer: terá muito trabalho pela frente.

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A Fórmula 1 também parte para uma longa volta ao redor do planeta, no maior calendário de todos os tempos. 24 etapas ao todo, com mais seis sprints em novo formato. Um teste à logística e ao fôlego/sanidade de quem acompanha/trabalha com a principal categoria do esporte a motor.

Diante de tudo, a Fórmula 1 ainda terá um enorme desafio a resolver em 2024: driblar a previsibilidade que já se avizinha e evitar que os bastidores se tornem mais interessantes do que aquilo que acontece no asfalto. E essa prova começa no próximo sábado, 2 de março, no Bahrein.

O GRANDE PRÊMIO publica nesta semana um guia completo de tudo que é preciso saber sobre a temporada 2024 da Fórmula 1, que começa no próximo fim de semana, entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março, com o GP do Bahrein. O GRANDE PRÊMIO transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após cada dia de atividade.

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