Hamilton diz que luta contra racismo “trouxe memórias dolorosas da infância”

Bullying, opressão, necessidade de se defender. A infância de Lewis Hamilton é repleta de episódios de racismo, memórias que o britânico relatou em meio aos protestos nos Estados Unidos

Lewis Hamilton conseguiu se firmar como um gigante da Fórmula 1, carregando seis títulos mundiais e sendo apontado como um possível melhor de todos os tempos. Fora das pistas, a luta é mais árdua: protestos denunciando racismo e violência policial nos Estados Unidos mostraram ao piloto a necessidade de se posicionar para garantir um futuro melhor. Para que outros negros não precisem viver as mesmas “memórias dolorosas” do passado de Lewis.

“Eu ando lendo todos os dias para saber de tudo que acontece na nossa luta contra o racismo, e isso é algo que trouxe de volta muitas memórias dolorosas da minha infância”, escreveu Lewis em nova postagem no Instagram. “Memórias nítidas dos desafios que enfrentei quando era criança, da mesma forma que muitos de vocês certamente enfrentaram racismo ou outras formas de discriminação”, seguiu.

Lewis Hamilton carrega memórias de uma infância marcada pelo racismo (Foto: Mercedes)

“Eu falo muito pouco sobre minhas experiências pessoais porque me ensinaram a guardar isso para mim, a não mostrar fraquezas. Supere isso com amor e seja o melhor nas pistas. Só que fora das pistas eu sofria bullying, eu apanhava, e minha minha única forma de lutar contra isso foi aprendendo a me defender. Tive aulas de karatê. Os efeitos negativos do ponto de vista psicológico são imensuráveis”, destacou.

Hamilton enfrentou racismo no esporte a motor, principalmente nas fases iniciais da carreira. E até mesmo na Fórmula 1: na pré-temporada de 2008, em Barcelona, fãs espanhois pintaram o rosto de preto, colocaram perucas e vestiram camisas afirmando ser a “família de Hamilton”. O abuso racial deixou cicatrizes, mas serviu como impulso para Hamilton no movimento negro.

“É por isso que eu corro da forma como corro. Vai muito além do esporte e eu ainda estou nessa luta. Agradeço a Deus por ter meu pai, uma pessoa negra que eu podia tomar como exemplo, que eu sabia que estaria ao meu lado para tudo. Nem todos nós temos isso, mas precisamos seguir unidos daqueles que não têm um herói. Precisamos nos unir! Eu me perguntava os motivos para 2020 parecer um ano tão desgraçado desde o começo, mas agora começo a acreditar que talvez 2020 seja o ano mais importante de nossas vidas. É quando podemos finalmente começar a mudar a opressão social sistemática das minorias. Nós só queremos viver, ter as mesmas oportunidades na educação, na vida e não ter de caminhar nas ruas com medo. Indo para a escola, em uma loja, o que quer que seja. Merecemos isso tanto quanto qualquer um. A igualdade é fundamental para nosso futuro, não podemos parar essa luta. Eu nunca vou desistir”, encerrou.

Hamilton já se manifestou seguidas vezes nos últimos dias a respeito da luta contra o racismo. O motivo original foi o assassinato de George Floyd, negro vítima de violência policial em Minneapolis, nos Estados Unidos. O britânico chegou ao ponto de denunciar o silêncio de colegas da F1, que prontamente reagiram com mensagens de apoio.

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