Ímola é beliscão de realidade para quem sonhava com 2021 glorioso de Vettel e Alonso

Para quem imaginava o retorno de Vettel e Alonso aos dias mais bonitos, quem sabe até as vitórias, pode começar a recalcular a rota

F1 divulgou imagens da câmera 360ºC do carro de George Russell em forte acidente que envolveu Valtteri Bottas em Ímola (Vídeo: F1/Divulgação)

Quando o grid da Fórmula 1 foi modelado para a temporada 2021 com a presença de Sebastian Vettel de casa nova, deixando para trás o ranço da Ferrari, e do retorno de um energizado Fernando Alonso, a tônica da legião de fãs com que os dois contam e do público em geral, sempre ávido por histórias redentoras, era de um novo momento que mostraria a força do talento de duas das carreiras mais vencedoras de tempos recentes. A realidade, porém, começa oferecer verdade diferente.

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Alonso tem desculpa da adaptação, mas Vettel carrega obrigação de derrotar Stroll

O GP da Emília-Romanha apresentou uma verdade que sempre foi possibilidade, mas de tão temida acabou escondida no começo do ano. Os dois campeões mundiais poderiam ser batidos por companheiros jovens e em relativa baixa na carreira? Em Ímola, foram. Os dois ao mesmo tempo e de maneira retumbante. Lance Stroll e Esteban Ocon sobraram. Qualquer avaliação sobre os dois que não parta deste ponto está fora da realidade.

Ao longo dos treinos livres, na classificação e corrida, os veteranos perderam. Stroll e Ocon foram ao Q3, mas os campeões nem passaram perto de evoluir do Q2. Na corrida, o mesmo. Vettel foi pior. Ainda que Stroll tenha tido incêndio nos freios e relatado mais tarde que sofreu falhas no câmbio e desacerto com o visor do capacete, nunca passou nem perto do companheiro.

Quando Vettel abandonou, pouco antes do fim, era o 15º colocado enquanto o canadense colocava o carro verde na sétima colocação. Stroll, pasme, pontuou nas duas corridas da temporada, mesmo com todos os problemas de pré-temporada. Vettel nem se aproximou.

Tetracampeão mundial ficou fora do top-10 mais uma vez (Foto: Aston Martin)

“Sebastian teve problemas na corrida e acabou abandonando a uma volta do final, o que é frustrante para todos, mas ele tem uma boa quilometragem agora, o que é positivo, pois ainda está tentando se recuperar até certo ponto por conta de sua falta de tempo nos testes de pré-temporada”, arrumou a desculpa o chefe Otmar Szafnauer.

Mais experiente e positivo que em outros tempos através de adversidades, Vettel ainda aparenta estar no controle da situação, ainda que seja das piores. Mas a pose não vai levá-lo tão longe.

“Eu consegui aproveitar bem esse tempo no carro, mas é claro que não foi muito bom em termos de resultado. Precisamos fazer um trabalho melhor em muitas áreas, precisamos de mais aderência como um todo para ficar em uma posição melhor”, comentou.

“Tivemos algumas peças novas em Ímola, mas sinto que precisamos de um grande passo adiante para notar a diferença. Teremos algumas atualizações nas próximas corridas e espero que tenhamos esse passo adiante. Só que, como eu disse, estamos mais na parte de trás do pelotão intermediário nesse momento. Isso pode mudar rapidamente com alguns passos adiante e, acima de tudo, com corridas mais calmas”, destacou.

Alonso, justiça seja feita, não foi dominado nas duas corridas. No Bahrein, mostrou que ainda consegue tirar muito de um bólido que tem pouco ao levar a Alpine cabeçuda ao Q3. Foi melhor que Ocon. Mas a forma como acabou batido não apenas pelo companheiro, mas pelas Williams em Ímola foi grave.

O resultado final foi muito piedoso com Alonso: as Williams bateram, as Alfa Romeo foram punidos, Valtteri Bottas foi tirado da corrida por George Russell e sobrou um décimo lugar que não deveria ter sido de ninguém. Foi ultrapassado por Ocon mesmo depois que as circunstâncias da prova o colocaram na frente. Rodou sozinho ao passar da cena de um acidente. Poucas vezes se viu um Alonso tão entregue na Fórmula 1 quanto na última corrida, e ele sabe disso.

“Preciso me adaptar, mas isso não pode ser uma desculpa. É óbvio que cada volta que damos como pilotos nos deixa mais confortáveis, só que essa não pode ser uma desculpa para eu não andar bem. Preciso estar mais preparado para a próxima. Não importa se você tem pouco tempo no carro, é importante tentar melhorar”, destacou.

“Eu já troquei de equipes várias vezes, já troquei até mesmo de categorias e campeonatos. Sempre há um período de adaptação, mas nunca foi uma desculpa e não será agora. Eu preciso melhorar. Não estive em um nível bom neste fim de semana, mas estarei em Portimão”, afirmou.

E é verdade que há um dificultador para os dois que não há para seus companheiros, claro, já que estão aprendendo um carro novo enquanto encaram jovens pilotos que estavam com a equipe e sabem como é o funcionamento do bólido desde 2020. Seb ainda teve os testes coletivos mais conturbados de todo o grid. A questão é que quando você emprega os maiores nomes de sua geração, espera que o resultado seja imediato. Pelo menos que se bata jovens pilotos médios que dividem a garagem, mesmo com mais dificuldades. É o que grandes pilotos fazem.

É evidente que os dois, Alonso e Vettel, ainda merecem algum tempo e que duas corridas num universo de duas dezenas é uma mostra ínfima. Sim, é verdade. Mas é hora de ligar a luz amarela, sim, e se possível com bastante brilho. Por que a pergunta que se faz presente é simples: eles ainda são os pilotos fora de série de outros tempos? É possível que a resposta seja negativa. O ponto positivo é que nem Fernando e nem Sebastian tentam esconder o óbvio: não há desculpas para repetir Ímola como se normal fosse.

A Fórmula 1 segue no próximo fim de semana direto de Portimão, com o GP de Portugal.

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