Verstappen toma ponta com patacoada caseira de Pérez e vence GP da Cidade do México

Max Verstappen assumiu a liderança no contorno da primeira curva, quando Sergio Pérez pôs os pés pelas mãos e bateu em Charles Leclerc. Daí em diante, dominou

O suspense sobre a capacidade da Ferrari em esticar as mangas e segurar Max Verstappen durou até a primeira curva do GP da Cidade do México deste domingo (29), no autódromo Hermanos Rodríguez. Foi quando Sergio Pérez agiu antes da hora, bateu em Charles Leclerc e entregou a liderança nas mãos de Verstappen. Daí em diante, um desfile para Verstappen vencer a corrida: 51ª na carreira, 16ª na temporada 2023.

Os números retratados são representativos. Com 16 vitórias em 2023, Verstappen se torna o piloto que mais venceu numa mesma temporada em todos os tempos; com 51 vitórias, empata com o número de triunfos de Alain Prost e se torna o quarto maior vencedor da história. Agora, somente duas provas atrás de Sebastian Vettel.

A patacoada da largada, que ajudou a Verstappen, foi do companheiro Pérez, que largou como um foguete na frente da torcida nacional. Saiu de sexto para alinhar lado a lado com Leclerc e Verstappen na primeira curva. Mas Charles ficou preso no meio das duas Red Bull, sem ter para onde ir quando o mexicano moveu o carro na direção dele. O impacto tirou Pérez da prova e quebrou um pedaço da asa dianteira de Leclerc, mas que superou o problema e seguiu na prova.

A outra grande quebra da corrida veio após 35 das 71 voltas. Na metade, portanto. Uma bandeira vermelha causada por Kevin Magnussen, que, com a suspensão traseira esquerda quebrada após passar fora da pista instantes antes, perdeu o carro na curva nove, rodou e deu uma pancada fortíssima na barreira de proteção. Kevin saiu tonto e deixou um carro que pegava fogo na parte traseira.

Uma relargada parada, assim, foi realizada para as 36 voltas restantes do evento. E foi nesse tempo posterior que Lewis Hamilton sacou as duas Ferrari para frente, muito em função de retornar pós-bandeira vermelha com pneus médios contra duros da Ferrari. O heptacampeão ainda buscou a melhor volta da prova e o ponto extra na última volta. Leclerc fechou o pódio.

Carlos Sainz ficou com a quinta colocação, seguido por um Lando Norris que largou nas últimas filas e, sobretudo na segunda metade da prova, virou uma máquina de ultrapassagens para levar a McLaren do 17º para o quinto posto. George Russell, Daniel Ricciardo, Oscar Piastri, Alexander Albon e Esteban Ocon fecharam o top-10.

A Fórmula 1 retorna já no próximo fim de semana, entre os dias 3 e 5 de novembro, com o GP de São Paulo, em Interlagos. O GRANDE PRÊMIO cobre ‘in loco’ e com equipe cheia.

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Confira como foi o GP da Cidade do México:

Menos de 10% do sol estava coberto por nuvens nos minutos anteriores à largada do GP da Cidade do México de Fórmula 1. Era a realidade que aguardava: o calor na capital mexicana não era implacável, mas o sol dominava o céu e fazia o asfalto esquentar para 48°C e lançava desafio sobre os pneus.

O grid contava com somente uma diferença em relação ao fim do sábado: Lance Stroll largaria no pit-lane por conta de mudanças no assoalho da Aston Martin. Com isso, Lando Norris, Yuki Tsunoda e Logan Sargeant ganhavam uma posição cada.

Na escolha de pneus, os 13 primeiros colocados apostavam na estratégia mais popular: pneus médios na largada. Eram eles, em ordem: Charles Leclerc, Carlos Sainz, Max Verstappen, Daniel Ricciardo, Sergio Pérez, Lewis Hamilton, Oscar Piastri, George Russell, Valtteri Bottas, Guanyu Zhou, Pierre Gasly, Nico Hülkenberg e Fernando Alonso. Além deles, Kevin Magnussen, Tsunoda, Sargeant e Stroll partiam de médios.

Alexander Albon e Esteban Ocon começavam de pneus duros, enquanto Norris era o único piloto a arriscar uma largada de pneus macios.

Sergio Pérez forçou ultrapassagem por fora em Charles Leclerc e causou um acidente na largada (Vídeo: F1)

A partida já ofereceria elementos de caos. Pérez, em frente à torcida, começou bem saindo do quinto lugar e num instante estava mergulhando para cima de Leclerc. É importante registrar que Verstappen também largara bem e deixara Sainz para trás. Na chegada da primeira curva, os três estavam lado a lado: Verstappen por dentro, Leclerc no meio e Pérez por fora. O piloto da casa contornou para buscar o primeiro lugar, tocou no pneu dianteiro esquerdo de Charles e levantou do chão.

‘Checo’ conseguiu voltar à pista, mas foi chamado aos boxes e por lá ficou. Leclerc tinha claro dano na asa dianteira, mas foi ficando na pista com anuência da Ferrari. Uma parte pendurada que preocupava, soltou, permitindo a equipe italiana a deixar o carro na pista sem que a FIA dessa ordem para ultrapassagem.

Verstappen saiu da confusão na liderança, com Leclerc atrás. Sainz, apesar da terrível partida, ainda era o terceiro. Ricciardo, Hamilton, Piastri, Russell, Hülkenberg, Gasly e Zhou fechavam o top-10. Norris conseguira sair de 17º para 15º, enquanto Alonso caíra para o 16º posto.

Em seguida, por conta da sujeira na pista causada pelo acidente, safety-car virtual até a retomada, na sexta de 71 voltas. Só aí que os comissários anotaram Leclerc por possivelmente guiar sob condições inseguras. Mas ainda não estava claro se haveria investigação.

Pérez ainda permaneceu no cockpit por alguns minutos enquanto a equipe mexia no carro, mas capitulou. Não daria mesmo para seguir em frente, o que rendeu uma aparência de decepção colossal no piloto.

Além da largada bem ruim, Alonso ainda foi multado em € 100 por andar acima do limite de velocidade permitido no pit-lane antes de formar no grid para a largada. O carro ainda piorava, e o bicampeão abria caminho para Stroll passar por ele.

Enquanto isso, Norris abriu a janela de pit-stops ao entrar e colocar pneus duros. Em seguida, Tsunoda fez a mesma coisa. Tudo isso com menos de 14 voltas.

“Cuidado com a zebra da curva três, Max”, pediu o engenheiro de corridas do tricampeão, Gianpiero Lambiase. Verstappen admitiu que não estava indo bem na curva, mas porque lutava com o carro quando chegava ali. Mesmo assim, abria 4s de frente com 16 voltas.

Max Verstappen tomou a liderança logo na primeira volta do GP da Cidade do México (Foto: AFP)

Algumas voltas para a frente, e Verstappen reitera. “Os pneus estão indo embora e não tem muita coisa que eu possa fazer”, apontou. Na volta 20, foi aos boxes para colocar pneus duros e retornou à pista no sétimo lugar.

Sainz, que estava bem mais lento que Leclerc na pista, recebeu a informação da Ferrari de que a equipe ainda considerava a possibilidade de fazer uma prova de apenas um pit-stop. Seria verdade?

Enquanto isso, Verstappen rapidamente deixava Russell e Piastri para trás. Hamilton respondeu somente na volta 25 e parou nos boxes para pneus duros, sem que a Ferrari fizesse qualquer ação de mudar os planos. Russell não foi chamado, chegou num trilho de retardatários e mostrou que estava nervoso. “Por que não paramos antes disso?”, questionou. A resposta da Mercedes foi que havia perigo de perder a posição para Norris.

O inglês, aliás, fazia fila. Sacou Alonso, Tsunoda e Stroll em rápida sequência para buscar Bottas e entrar na zona de pontos. Verstappen também continuava ganhando espaço e ultrapassava Sainz na volta 29. Estava claro que logo chegaria até Leclerc, ainda controlando os pneus médios.

Falando em controlar pneus, Albon estava na oitava posição após 30 voltas. O detalhe é que foi o único a largar de duros que seguia na pista. Ocon fez o mesmo, mas estava bem atrás. Após três dezenas de volta, somente Leclerc, Sainz, Albon e Bottas estavam sem paradas no top-10. Stroll, Alonso e Ocon eram os outros.

Norris era máquina de ultrapassar e já deixara Bottas e Albon para trás, ao passo que Zhou avisava a Alfa Romeo que alguma coisa cheirava a queimado no carro. Só então, na volta 32 de 71, Leclerc foi chamado para colocar pneus duros nos boxes.

Com 38 voltas ainda pela frente, Hamilton questionou a Mercedes se seria realmente possível terminar a corrida com aquele jogo de pneus. A equipe disse que via possibilidade, sim. O piloto tinha dúvidas.

Eis que a transmissão de TV teve um momento quase sensitivo: mostrou breve escapada de Magnussen na pista e passando pelo gramado. Segundos depois, Magnussen tocou a zebra, rodou sozinho e encheu a barreira de proteção para destruir sobretudo a traseira do carro. Magnussen saiu sozinho – aliás, sem que ninguém nem se aproximasse por longo período -, mas zonzo. E a traseira do carro pegava fogo.

Kevin Magnussen sofre quebra da suspensão traseira e bate forte no México (Vídeo: F1)

Inicialmente, bandeira amarela, mas ao mexer no carro e ver o estado da barreira de proteção, não teve jeito: bandeira vermelha. Verstappen não gostou. “Passei por lá e vi que tinha fogo, mas já estava tirando o carro”, questionou. A Red Bull respondeu que a bandeira vermelha veio somente pela pressão das demais equipes, mas foi realmente pela barreira.

Fato é que a interrupção dava um pit-stop grátis para todo mundo. Bom para Leclerc, que ganhava a chance de trocar a asa dianteira finalmente.

Metade da corrida ainda vinha pela frente. No momento, Verstappen, Leclerc, Hamilton, Sainz, Ricciardo, Piastri, Russell, Tsunoda, Hülkenberg e Norris formavam o top-10. Norris e Albon, que traçavam uma estratégia diferente dos demais, viram a tática cair por terra com a situação.

A relargada viria com todo mundo parado nos colchetes cerca de 25 minutos após a bandeira vermelha. “Relargada parada de pneus duros vai ser uma bagunça”, pontuou Leclerc. No momento da partida, Verstappen e Leclerc seguraram as duas primeiras colocações, enquanto Hamilton foi para dentro de Sainz e tomou o terceiro posto. Russell passou Ricciardo, ainda, enquanto Piastri, Tsunoda, Albon e Hülkenberg completavam o top-10.

Quem se deu mal foi Norris, preso no meio das duas Alpine. Teve de tirar completamente o pé para não ser esmagado e sair da corrida, mas caiu para o 14º lugar.

Dos dez primeiros colocados, Verstappen, Leclerc, Sainz, Ricciardo e Tsunoda saíram de pneus duros. Ocon, Gasly, Stroll, Zhou e Alonso fizeram a mesma escolha. De médios, foram Hamilton, Russell, Piastri, Hülkenberg, Albon, Ocon, Norris e Sargeant. Todos mudaram durante a bandeira vermelha.

Os que tinham pneus médios levavam clara vantagem. Hamilton engoliu Leclerc, enquanto os de fora do top-10 ganhavam posições intermediárias.

Na última posição da pista, Alonso resolveu levar o carro aos boxes na volta 48 e encerrar o que foi um fim de semana verdadeiramente doloroso. Dentro da pista, Tsunoda perseguia Piastri. Atacou, mas ficou na defesa. Em seguida, atacou de novo, mas deixou Oscar sem espaço para defender na pista. Resultado foi um toque que fez Yuki rodar, sair da pista e voltar na penúltima posição entre os 17 carros que restavam. O aviso de que se tratava de um incidente em investigação foi instantâneo.

Lando Norris foi grande personagem da corrida na reta final (Foto: AFP)

Enquanto Gasly e Bottas brigavam sem parar pelo 12º lugar, Norris engolia todo mundo. Passou pelos dois, por Ocon, Hülkenberg e Albon. Chegou, então, a Piastri. E veio o aviso da McLaren para o novato: se não conseguir chegar a Ricciardo, abra o caminho para Norris. Logo, abriu mesmo. Norris foi para cima de Ricciardo e chegou em menos de cinco voltas.

Sargeant, um dos pilotos de pneus médios, atacou Stroll, que estava de duros, pelo 14º posto. Claramente, Lance abriu para um lado e jogou o carro para cima de Logan conforme mergulhava. O americano agiu rápido para evitar um acidente sério. “O que esse cara está fazendo?”, questionou.

Norris, como um homem possuído, não quis negociar e já jogou o carro para o mergulho e tomou a posição de Ricciardo. Russell era o próximo, pouco mais de 5s à frente. Mais atrás, Ocon tocava a traseira de Hülkenberg na busca pela última colocação da zona de pontos.

Conforme Ocon sacava Hülkenberg da frente para entrar na zona de pontos, Norris também superava Russell para completar a recuperação: do 17º para o quinto posto. Russell se mostrava muito vulnerável com os pneus médios e via Ricciardo se aproximar.

Enquanto isso, Stroll também levava o carro aos boxes e encerrava o dia dele na pista mexicana. Que fim de semana lamentável da Aston Martin.

E era isso. Verstappen venceu com 13s8 para cima do segundo colocado, Hamilton, que ainda buscou a melhor volta na última chance. Leclerc fechou o pódio. Russell conseguiu conter Ricciardo e ficar na sexta colocação.

F1 2023, 19ª Etapa, GP da Cidade do México:

1M VERSTAPPENRed Bull Honda71 voltas
2L HAMILTONMercedes+13.875
3C LECLERCFerrari+23.124
4C SAINZFerrari+27.154
5L NORRISMcLaren Mercedes+33.266
6G RUSSELLMercedes+41.020
7D RICCIARDOAlphaTauri Honda+41.570
8O PIASTRIMcLaren Mercedes+43.104
9A ALBONWilliams Mercedes+48.573
10E OCONAlpine+1:02.879
11P GASLYAlpine+1:06.208
12Y TSUNODAAlphaTauri Honda+1:18.982
13N HÜLKENBERGHaas Ferrari+1:20.309
14G ZHOUAlfa Romeo Ferrari+1:21.676
15V BOTTASAlfa Romeo Ferrari+1:25.597
16L SARGEANTWilliams MercedesNC
17L STROLLAston Martin MercedesNC
18F ALONSOAston Martin MercedesNC
19K MAGNUSSENHaas FerrariNC
20S PÉREZRed Bull HondaNC
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