McLaren surpreende e embaralha vida de Ferrari, Mercedes e Aston Martin na Inglaterra

Ainda que tenha sido uma classificação marcada pela instabilidade do tempo e das condições de pista, a McLaren apresentou um desempenho genuíno na parte final da decisão do grid de largada ao colocar Lando Norris e Oscar Piastri na cola de Max Verstappen. E enquanto o holandês segue em liga própria, a F1 'A' ganha um interessante capítulo em Silverstone: a performance da equipe inglesa pegou mesmo Ferrari, Mercedes e Aston Martin de surpresa, e só por isso já vale acompanhar o GP da Inglaterra deste domingo

A famosa instabilidade do tempo da Inglaterra proporcionou à Fórmula 1 uma das melhores sessões de classificação da temporada. Mas foi a McLaren que escreveu a história mais fascinante do sábado (8) em Silverstone, palco da décima etapa do campeonato. A equipe laranja surgiu velocíssima e foi capaz de colocar seus dois pilotos na cola de Max Verstappen. Tudo bem que o bicampeão da Red Bull não deu chances e cravou a pole, com a costumeira insolência, mas o time de Woking pegou a todos de surpresa, com uma performance genuína e que, certamente, colocou algumas pulguinhas atrás das orelhas de Ferrari, Mercedes e Aston Martin, que viveram um dia confuso e aquém das expectativas.

O fato é que a McLaren tomou o protagonismo em mais um intrigante capítulo da F1 ‘A’ em 2023 — não fosse o domínio dos taurinos, o Mundial seria absurdamente equilibrado. Até a Áustria, na semana passada, a esquadra chefiada por Zak Brown tentava encontrar um rumo em uma temporada que começou um tanto curiosa. Isso porque o time reconheceu, durante o lançamento do novo carro, que o projeto “havia perdido o ponto de desenvolvimento” — o que acarretou mais tarde na saída de James Key e uma reestruturação técnica na fábrica. Antes disso, porém, a equipe de Woking precisou atualizar o modelo logo na primeira corrida do campeonato, no Bahrein. Depois, levou um pacote ainda maior para o Azerbaijão, onde nada funcionou. Nas etapas que se seguiram, o trabalho dentro das garagens britânicas foi mais silencioso e gradativo. Até um conjunto robusto de novas peças que foi colocado originalmente no carro de Lando Norris, no Red Bull Ring.

O MCL60 ganhou um assoalho redesenhado com um sidepod totalmente remodelado e muito semelhante ao usado pela Aston Martin — que lembra, por sua vez, a lateral do RB19 da Red Bull. O halo, a tampa do motor e o sistema de refrigeração também sofreram mudanças em busca de desempenho. A ideia da McLaren foi aprimorar o desempenho em trechos de alta velocidade. E a corrida austríaca confirmou o acerto das atualizações. Norris foi o quarto colocado na classificação, com uma volta pouco mais de 0s2 pior que a pole de Verstappen. Na corrida, o piloto terminou na mesma posição, angariada por uma punição a Lewis Hamilton. Ainda assim, o ritmo de prova de Lando foi muito forte.

Agora, em um circuito também veloz, a McLaren faz proveito e dá condições a Norris e Oscar Piastri — sim, o australiano também recebeu as atualizações — de melhores resultados. Neste momento, no entanto, a equipe inglesa credita parte da performance à situação da pista, de temperaturas mais baixas, além dos pontos de maior velocidade. Mas há de se destacar o ritmo de classificação. O dono do #4 empolgou a torcida com uma volta apenas 0s2 atrás de Verstappen. “Áustria e Inglaterra são pistas onde nossos pontos fortes aparecem. Alta velocidade (curvas) é um dos nossos pontos fortes e temos um pouco disso aqui”, afirmou Norris.

“Acho que estou um pouco surpreso. Eu não esperava que estivéssemos aqui ou que eu estivesse aqui de qualquer maneira. Mas não poderíamos ter um resultado melhor — tirando Max de novo, ele estraga tudo. O resto foi incrível”, completou.

Norris surpreende e divide primeira fila com Verstappen em Silverstone (Foto: McLaren)

Só que há uma questão que precisa ser respondida, especialmente diante do desempenho de Ferrari, Mercedes e Aston Martin. O ritmo de corrida da McLaren ainda oscila, mas é bem verdade que o ritmo foi mais consistente na pista das bebidas energéticas. E a sexta-feira de treinos livres em Silverstone também apresentou uma performance semelhante do carro cromada. Em média, o time de Andrea Stella sustenta um déficit de 0s5 para a Red Bull, mas de apenas 0s2 na comparação com os italianos — a escuderia de Maranello tem o segundo melhor ritmo de corrida — a diferença é de 0s3 para Verstappen. Já o time de Toto Wolff e a esquadra de Lawrence Stroll aparecem na sequência, cerca de 0s1 atrás dos laranjas.

“É um bom dia para a McLaren, mas meus pensamentos são: vamos entender este resultado, o que precisamos fazer extra ainda, para confirmar o plano de desenvolvimento”, disse o italiano que hoje lidera todo o setor técnico da McLaren.

E se de fato a equipe de Woking ratificar o ritmo melhor em corrida será interessante entender o comportamento das rivais. Em tese, a Ferrari é quem tem mais a ganhar, apesar de ter sido superada na classificação. Afinal, o primeiro objetivo dos italianos foi atingido ao seguir à frente dos adversários diretos, Mercedes e Aston Martin, puxando ainda a performance de uma semana atrás. “É uma mistura de emoções e há um pouco de contradição, porque estamos à frente dos nossos concorrentes diretos, mas por outro lado, podíamos ter feito melhor. Não foi um resultado ruim, mas vamos ver amanhã”, declarou Frédéric Vasseur.

Quem também busca a redenção (ou uma compreensão maior) é a Mercedes. Hamilton novamente reclamou da performance do W14 revisado e chegou a comparar o trabalho feito pela McLaren. O heptacampeão entende que o avanço feito por sua primeira equipe na F1 serve de alerta aos oito vezes campeões. O inglês sai apenas em sétimo, uma posição atrás do colega George Russell. “Não é um golpe. É apenas um alerta para nós. Outros estão nos ultrapassando e precisamos fazer mais”, afirmou um invocado Lewis.

Lewis Hamilton chegou a andar na ponta por breve período no Q2 (Foto: Mercedes)

Com toda a certeza, é um problemão para a Mercedes estar atrás não só da McLaren, mas principalmente da Ferrari, em um circuito em que apostas todas as fichas, devido a melhor adaptação do W14, que gosta de altas velocidades. O ritmo de corrida é consistente, mas ainda perde para quem está à frente. Não será das provas mais fáceis.

Agora, a Aston Martin parece em maus lençóis. Fernando Alonso ainda foi capaz de entregar alguma performance no piso molhado, mas no geral o carro verdinho apresentou uma queda de rendimento preocupante, e isso aconteceu também na Áustria. O bicampeão creditou os problemas à natureza da pista, entendendo também ser um ponto de forte das oponentes diretas. “Precisamos de uma estratégia defensiva e tentar marcar alguns pontos no fim de semana em vez de querer entrar na briga por muitos pontos. Não fomos muito rápidos no fim de semana até agora”, falou o espanhol, que larga em nono, enquanto o colega Lance Stroll sequer avançou para a fase final da classificação.

“Será uma temporada inteira de altos e baixos. Começamos fortes e, até duas corridas atrás, éramos fortes. Alguns de nossos rivais trouxeram atualizações que também são específicas de pista para pista”, acrescentou.

Mas se a briga promete ser acirrada dentro da F1 ‘A’, a vitória dificilmente sai das mãos de Verstappen. O holandês conquistou a 27ª pole-position na F1, a sétima em 2023 — quinta seguida. A temporada é de tamanha superioridade que Max se dá ao luxo até de pequenos erros, como aconteceu no pit-lane. Mas, quando é para valer mesmo, nada lhe tira a concentração, reforçada pelo carro ultra competitivo que tem à disposição. E ainda que a classificação tenha tido um ar imprevisível, o bicampeão foi capaz de superar os donos da casa para garantir a posição de honra.

Max Verstappen garantiu mais uma pole, agora na Inglaterra (Foto: Red Bull Content Pool)

O único revés, aí em termos de Red Bull, é Sergio Pérez mais uma vez. O mexicano caiu ainda no Q1 e deve partir para uma prova de recuperação em um momento em que vive sob enorme pressão e cobrança por resultado. Também será interessante acompanhar a prova do rapaz.

Por fim, apesar da previsão de tempo seco, a Pirelli alerta para as mudanças bruscas no clima em Silverstone. Ainda assim, prevê como estratégia mais rápida a adoção de duas paradas. Para a fornecedora, o pneu macio dele ser a escolha mais viável para a prova.

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