Chefe da Mercedes abre “ringue” em luta contra Red Bull na Fórmula 1: “Agora é MMA”
Em entrevista tensa entre os chefes das equipes que lutam pelo título da F1 em 2021, Toto Wolff e Christian Horner trocaram farpas e souberam, na coletiva, que a FIA optou por negar o pedido da equipe alemã sobre a revisão do incidente entre Max Verstappen e Lewis Hamilton em SP
Era boxe olímpico, virou boxe profissional e agora é MMA. É assim que Toto Wolff definiu a intensidade da briga entre Mercedes e Red Bull pelos títulos em jogo na temporada 2021 da Fórmula 1. O ambiente nada amistoso entre as duas protagonistas do Mundial neste ano já vem desde o começo do ano, mas se tornou ainda mais explosivo em razão dos muitos incidentes entre Max Verstappen e Lewis Hamilton e de trocas de farpas e suspeitas dos dois lados sobre os respectivos carros. Nesta tarde de sexta-feira (19), em Losail, palco do GP do Catar, Wolff e Christian Horner, chefe da Red Bull, deram uma coletiva de imprensa e, lado a lado, sobraram cutucadas.
A conferência teve início ainda diante da dúvida sobre a decisão da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em acatar ou não o pedido de revisão da Mercedes sobre o incidente entre Verstappen e Hamilton na volta 48 do GP de São Paulo, no último domingo. A entidade negou a requisição da equipe heptacampeã do mundo e manteve a não-punição ao piloto holandês, encerrando o caso definitivamente.
Horner entendeu que a grande polêmica em Interlagos foi meramente um lance de corrida, como compreenderam também os comissários de pista no GP de São Paulo, e disse que uma eventual revisão e punição a Verstappen abriria um grave precedente.
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“Se eles trilharem esse caminho, todos os resultados serão questionados. Filmagens do vídeo [oficial], filmagens de fãs… Isso vai ser considerado uma nova evidência. Os dois pilotos frearam longe e os dois escaparam. Os adversários fazem tudo o que é possível”, disse.
Foi aí que o dirigente britânico trouxe à baila novamente o acidente que Verstappen sofreu ao dividir a curva Copse com Hamilton na primeira volta do GP da Inglaterra, o que acentuou ainda mais as rusgas entre as duas equipes. “A diferença entre Silverstone e o Brasil é que um piloto terminou na pista com um carro destruído e outro escapou da pista e venceu”, disparou.
Os dois chefes de equipe falaram também sobre relacionamento e respeito para com os rivais em meio a uma batalha tão ferrenha. “A intensidade é alta. É normal”, disse Wolff. “Dois pilotos e duas equipes lutando por um título. Está pendendo para um lado, depois para o outro. Eles tiveram um fim de semana fantástico no México e nós demos a volta por cima. São diferenças muito pequenas”.
Na visão de Horner, “relacionamento e respeito são coisas diferentes. Respeito o que a Mercedes fez e o que Lewis fez, mas não preciso jantar com Toto e beijar sua bunda, como outros chefes de equipe podem fazer. É a primeira vez em sete anos que eles estão sendo desafiados”, salientou. “Espero que tenhamos uma luta dura e justa até o fim da temporada”, acrescentou o chefe da Red Bull.
Wolff, por sua vez, voltou a falar em diplomacia, mas ressaltou que, nesta reta final de campeonato, não há como ter outro clima a não ser o de uma briga sem luvas, como no MMA.
“Abro um discurso diplomático. Acho que ninguém largaria com um motor ilegal e uma asa ilegal. Há muita gente excelente trabalhando na Mercedes e na Red Bull. Há respeito pela capacidade uns dos outros. O que começou como boxe olímpico virou boxe profissional e agora é MMA, mas tudo certo. Estamos no ringue tentando fazer o melhor trabalho possível. Tiramos a luva e lutamos”, disse.
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Quando a coletiva se desenrolava, veio a notícia da decisão da FIA e o desfecho, enfim, das consequências do GP de São Paulo. Toto Wolff disse que “já esperava, completamente. Queríamos incentivar a discussão porque vai ser um tema nas próximas corridas e o objetivo foi alcançado. Não esperávamos ter ido mais longe. Se o piloto vai por dentro da curva e se defende assim, não haverá mais ultrapassagens por fora”, decretou.
Em seguida, Horner retrucou. “Max passou por fora na largada no México”.
“Não estamos mais no jardim de infância. Os comissários obviamente tomaram a decisão certa. Isso abriria a caixa de Pandora em relação a um monte de outros incidentes que aconteceram naquela corrida”, acrescentou.
Por fim, o comandante da Red Bull reforçou as suspeitas sobre o carro da Mercedes, sobretudo depois da melhora nas últimas semanas em relação à velocidade em reta.
“Vocês escutaram Toto no rádio após a corrida sprint [“Lewis, fodam-se todos”, bradou Wolff logo depois da corrida de recuperação de Hamilton depois da prova de sábado em São Paulo]. Pela primeira vez eles têm um rival, e é interessante ver como as pessoas se relacionam sob pressão. É a luta política mais intensa do esporte nos últimos anos. Nosso carro está em conformidade com o regulamento, sem dúvida. Temos dúvidas sobre o ganho da Mercedes nas retas nas últimas corridas? Com certeza. Esperamos que a FIA fique de olho nisso? Confiamos totalmente na FIA. Queremos ter certeza de que, nessas últimas corridas, os carros serão observados com muito cuidado”, comentou.
“Com duas equipes e dois pilotos lutando pelo maior prêmio deste esporte, tudo o que você quer é ter certeza de que haja equilíbrio neste terreno de jogo”, complementou.
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