Mercedes tem na velocidade de reta arma para tentar pegar Red Bull em Interlagos

Em meio a um dia confuso marcado por uma desclassificação, a Mercedes pode sorrir em Interlagos – e até desabafar. O alívio vem forma de velocidade de reta, uma vantagem providencial que pode ajudá-la a combater a Red Bull no GP de São Paulo, ainda que os taurinos não tenham apresentado todos os seus recursos

A Mercedes parece viver em uma montanha-russa desde que colocou os pés em Interlagos. Da ‘pole’ de Lewis Hamilton à desclassificação, além das longas horas em um looping de debates e argumentações com os comissários, a vitória na corrida de classificação soou mais que um triunfo – e o desabafo, digamos, pouco ortodoxo de Toto Wolff no rádio diz muito. No entanto, esse carrinho ainda não voltou para o ponto de partida, só ficou mais perto. O caso é que os heptacampeões tiveram de lidar com um duro revés que poderia ter colocado tudo a perder, mas um ajuste certeiro do carro preto e um desempenho forte nas 24 voltas da pequena prova desta tarde de sábado reacenderam as garagens do time alemão, que jamais foi desafiado como agora. E a esquadra foi buscar em seu DNA a arma para combater essa Red Bull cada vez mais perfeita.

A Mercedes rapidamente percebeu que Interlagos poderia sorrir mais que as últimas provas. E isso se deu em um acerto aerodinâmico interessante combinado com uma potência maior. A decisão pela troca do motor de combustão interna tem muito a ver com o circuito paulistano, que permite ultrapassagens e que tem duas retas capazes de gerar aquilo que realmente tem feito a diferença: a velocidade final.

Tanto é assim que os taurinos ligaram a luz de alerta ainda na sexta-feira. Daí todo o imbróglio envolvendo a asa traseira, mas, principalmente, o DRS. E a corrida de classificação deixou tudo mais claro. Uma vez atrás de Valtteri Bottas após a largada, Max Verstappen encontrou um paredão que não pode ultrapassar. Apesar do melhor rendimento dos trechos mais seletivos do traçado da capital paulista, o holandês não teve forças para investir em uma manobra no fim das retas. “A Mercedes é muito rápida nas retas. Para ter uma chance, eu deveria ter estado perto da saída da curva 12. Não tive sucesso”, relatou Verstappen, que havia herdado a primeira posição depois da punição dada a Hamilton pela irregularidade na asa móvel.

DIRETO DE INTERLAGOS
Verstappen sofre com potência da Mercedes em SP. E largada ganha ares de decisão
Hamilton deixa punições para trás em SP com show em sábado que reflete lema da vida

Valtteri Bottas segurou Max Verstappen na corrida sprint e ficou com a pole (Foto: Mercedes)

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E enquanto o líder do campeonato tentava se aproximar do finlandês – mesmo sob os protestos do engenheiro para que tratasse a disputa com mais cautela –, Hamilton partia para o ataque depois de largar da última posição. O inglês se atirou em uma corrida de recuperação, passando os adversários na força do motor, mas também quase sempre no ar sujo. Hamilton não perdeu tempo com ninguém – foram 15 posições nos 30 minutos de prova – e andou tudo o que o carro proporcionou. Então, reunindo a performance de Valtteri na ponta e a remontada de Lewis, a Red Bull não tem dúvida sobre os trunfos do adversário, embora ela mesma não tenha revelado sua melhor forma. Isso vai ficar para amanhã – acertadamente.

“Para ser honesto, não tivemos surpresa alguma com o que aconteceu ontem. Dava para ver que a velocidade de reta de Lewis é incompreensível. Já hoje, perdemos a largada. Eles arriscaram com os pneus macios, nós fomos nos médios e tivemos um problema com a sincronia do câmbio, mas ainda marcamos dois pontos. Vamos aceitar isso, porque amanhã será uma corrida diferente, com muito mais calor”, disse um desconfiado Christian Horner, chefão dos taurinos.

“Temos visto isso se desenhar há algumas corridas. Começou na Turquia e, depois, no México, vimos a velocidades de reta: estavam bem mais velozes no fim da reta. Vimos ontem que é fenomenal, especialmente com o tamanho da asa traseira que temos no carro. O que temos de fazer é focar na nossa própria performance”, completou.

De fato, a abordagem dos energéticos no domingo tende a ser bem diferente. A agressividade controlada de Max deve ser substituída por um comportamento mais perto do habitual. E há a escolha de pneus. O composto médio é uma opção, pensando no longo prazo. Verstappen mostrou enorme ritmo, apesar das dificuldades em seguir Bottas. A Mercedes, por outro lado, pode novamente lançar mão dos pneus macios para o nórdico, que conquistou o direito de sair da pole com a vitória – a segunda em corridas de classificação neste ano.

Max Verstappen foi segundo na sprint race de SP (Foto: Red Bull Content Pool)

Já o britânico foi exemplar neste sábado. A quinta colocação é mais uma de suas mágicas. Se pensar que, se tivesse partido da ponta e vencesse, Lewis teria de sair em sexto no grid neste domingo. No cenário atual, vai largar de décimo, apenas quatro posições pior do que seria. Diz muito sobre a performance dele e como soube administrar a punição dada.

Diante desse cenário, Lewis terá certo trabalho para superar o pelotão intermediário, mas nada do que já não tenha feito. A confiança está nessa performance apurada do W12. “Foi um dia longo, agitado e difícil, mas terminamos em alta. Uma corrida fantástica de Valtteri para garantir a pole para amanhã. Foi um risco calculado começar com o pneu macio, mas funcionou bem para nós de manhã e a aderência ajudou, mesmo do lado sujo. Nós assumimos a liderança, e Valtteri então teve um trabalho difícil para segurar Max, mesmo com os pneus se desgastando mais, mas ele administrou isso de forma brilhante”, disse Andrew Shovlin, engenheiro da Mercedes.

“Lewis teve uma corrida igualmente impressionante. Ele atacou cada centímetro do caminho e se colocou de volta na luta por um bom resultado amanhã. Também foi encorajador ver o carro funcionar tão bem de novo, as condições estavam muito boas, e isso pode ter nos ajudado a seguir de perto, mas certamente parece que temos um bom ritmo nesta pista”, completou.

Portanto, a corrida deste domingo será também estratégica, para ambos os lados. E a largada será um ponto fundamental novamente. Se o efeito se repetir, Bottas terá um enorme papel no estratagema da Mercedes, também para que Hamilton ganhe tempo e consiga se aproximar do rival. Já Verstappen tenta repetir o que fez há uma semana e fechar a conta, de preferência, antes do ‘S’ do Senna, para se livrar da temida velocidade de reta dos oponentes.

GRANDE PRÊMIO acompanha o GP de São Paulo ‘in loco’ em Interlagos com os jornalistas Fernando Silva e Gabriel Curty, além de toda equipe de maneira remota. O GP também segue todas as atividades de pista do fim de semana AO VIVO e EM TEMPO REAL. A largada está marcada para 14h (de Brasília) do domingo.

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