Opinião GP: Mais perto do título, Verstappen neutraliza Hamilton com atuação decisiva

Ainda que tente disfarçar ou que evite falar sobre, a verdade é que Max Verstappen está muito perto do primeiro título mundial na F1. A vitória categórica no GP da Cidade do México é a prova. A corrida no Hermanos Rodríguez ratificou a reviravolta da Red Bull e deixou evidente os pontos fracos da Mercedes, que passam muito longe de Lewis Hamilton

Era preciso se recuperar rápido do revés doloroso do dia anterior. A perda da pole e a confusão na classificação haviam tirado a Red Bull e Max Verstappen do prumo – ainda que momentaneamente. De fato, diante da performance mostrada ainda manhã de sábado, era frustrante não estar na primeira fila. Só que, como tudo nesta temporada, o cenário mudou completamente menos de 24 horas depois. Isso porque o encantado pole Valtteri Bottas virou de novo abóbora e abriu um mar para que Verstappen tomasse a ponta antes mesmo da primeira curva. Afinal, também em um campeonato tão intenso e parelho como esse, o senso de oportunidade tem de ser crucial. No entanto, o triunfo que se seguiu foi construído em cima de performance e do zero vacilo, o que neutralizou qualquer ataque rival.

Esse talvez seja o ponto principal dessa jornada da Red Bull e de Verstappen em 2021. A forte combinação não só é capaz de ameaçar a hegemonia de uma esquadra que beirava a perfeição, mas também a faz temer pelo fim da supremacia. Mais uma vez, os taurinos, sobretudo Max, surpreenderam e tomaram o protagonismo para si, reavendo a liderança técnica na F1, em mais uma insolente reviravolta no campeonato.

Só que agora acontece em um momento que pode não ter volta. A Mercedes havia retomado as rédeas do próprio destino com o certeiro pacote de atualizações do GP da Inglaterra e reafirmado o controle na versão mais nova de seu motor, além da intrigante solução da suspensão traseira, que assustou a concorrência na Turquia. Ali, pareceu que os atuais campeões trilhariam um caminho de retorno às vitórias. Só que algo aconteceu em Milton Keynes também. Coincidência ou não, o ótimo alinhamento de trabalho entre a fábrica e a pista, combinado com o retorno de Adrian Newey às garagens, reposicionou os energéticos.

Max Verstappen obteve a nona vitória na temporada e agora sustenta uma confortável vantagem de 19 pontos para Lewis Hamilton na temporada 2021 da Fórmula 1 (Foto: Red Bull Content Pool)

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Veio, então, a vitória nos EUA, em um circuito que estava reservado à Mercedes. Aquele triunfo revelou também um Verstappen de olhar mais apurado àquilo que acontece com seu carro. Max pegou Hamilton no contrapé ao poupar a borracha no fim de uma corrida sem erros. Duas semanas depois, o México acabou por ratificar o momento da Red Bull na temporada.

É bem verdade que já se esperava um desempenho forte dos carros taurinos. A altitude e a eficiência aerodinâmica se tornaram aliadas fundamentais. Só não estava nos planos aquela classificação desastrosa. Mas o domingo trouxe a porta aberta que Max precisava. Enquanto Bottas ficou pelo caminho, o holandês tomou a liderança em largada primorosa e desapareceu. Hamilton não teve qualquer chance para contra-atacar, apesar de todos os esforços. Nem mesmo o pit-wall da Mercedes conseguiu pensar em algo para surpreender os adversários, tal a performance de Max.

A reflexão do heptacampeão nas redes sociais resume bem o cenário. “Eu dei tudo de mim e, às vezes, isso simplesmente não é o suficiente”, escreveu Hamilton, reiterando que desistir não é uma opção. Mas, certamente, a luta ficou bem mais complicada agora, restando quatro etapas para o fim, sendo uma delas um circuito que ainda casa melhor com o oponente. O fato é que a Mercedes não tem mais tempo também e precisa lidar não só com as deficiências técnicas, mas também com um elo fraco da corrente, que antes era mascarado pelo domínio dos carros pretos. Valtteri está realmente fazendo hora extra.

“Temos que parabenizar a Red Bull porque o ritmo deles foi em outro nível. Eu não acho que venceríamos mesmo se estivéssemos à frente na primeira curva, porque eles poderiam pilotar entre circulos sobre nós com os pit-stops. No fim, para o campeonato de Lewis, foi limitação de danos, e para os Construtores, a rodada de Valtteri na curva 1 foi dolorosa”, afirmou o chefão Toto Wolff em entrevista à Sky Sports.

LEWIS HAMILTON; GP DA CIDADE DO MÉXICO; F1;
Está cada vez mais difícil para Lewis Hamilton buscar o octa em 2021 (Foto: F1/Reprodução)

“Aquilo não pode acontecer [largada]. Acho que tínhamos dois carros na frente e parece que abrimos o mar para Max vir por fora. E mesmo depois da rodada, não somar pontos com Valtteri, quando poderia ser terceiro ou quarto, incomoda”, completou.

“Adoro o automobilismo porque tudo pode ser acontecer e nenhum de nós sairá daqui pensando que não temos mais chances. Ainda temos quatro corridas pela frente, quatro vitórias em potencial ou quatro fins de semana para esquecer. Vamos continuar a lutar, o nosso carro provou ser excelente há duas corridas na Turquia, por isso temos de acreditar”, emendou o austríaco.

E a opinião do dirigente é prudentemente compartilhada por Verstappen, que sabe que a vitória representa um enorme passo rumo ao título, mas todo o cuidado é pouco em um ano tão imprevisível. “Claro, está indo tudo bem agora, mas as coisas podem virar rapidamente. Ainda existe um longo caminho a percorrer”, disse Max.

De qualquer jeito, o serviço é da Red Bull de novo, que tem toda as chances de confirmar o saque, para fechar de vez esse jogo mais rápido do que aparentava o cenário de semanas atrás.

A próxima etapa da temporada é especial porque vai marcar o retorno da Fórmula 1 ao Brasil depois de um ano de ausência. O GP de São Paulo acontece logo nesta semana, entre 12 e 14 de novembro, com cobertura ‘in loco’ do GRANDE PRÊMIO em Interlagos.

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