Opinião GP: Verstappen é tetra na F1. E rivais passam vergonha ao sequer brigar com Pérez
Max Verstappen deu outra demonstração de força na Fórmula 1. Ao volante do imbatível RB20, o neerlandês impôs o ritmo que quis na Arábia Saudita e, de novo, venceu com autoridade, deixando a entender que sequer usou todo o potencial do que tem nas mãos. E mais: em um confortável segundo lugar, Sergio Pérez também ajudou a corroborar a ideia de que os taurinos, sobretudo com Max, têm condições de ganhar todas as etapas daqui até o fim do ano. O único entrave é realmente o caos interno instalado em Milton Keynes. Enquanto isso, o resto do grid ainda bate-cabeça
A QUESTÃO AGORA NÃO É SE, mas quando. Quando Max Verstappen vai sacramentar o tetracampeonato em 2024 na Fórmula 1? Essa sensação já vem desde a estreia da temporada no Bahrein, mas a Arábia Saudita deixou ainda mais evidente que ninguém tem o que é preciso para entrar em uma briga direta com o neerlandês. Nem mesmo quem divide a garagem da Red Bull com ele. Verstappen comandou como quis a corrida em Jedá e agora se torna cada vez mais real a chance deste rapaz de 26 anos vencer todas as etapas do campeonato. Simplesmente foi o nono triunfo consecutivo na F1, contando desde o GP do Japão de 2023 — ainda, é a 29ª conquista em 34 corridas. Um absurdo.
Ainda que diga que tenha encontrado certa dificuldade aqui e ali, com retardatários ou uma intervenção do safety-car, Verstappen jamais foi ameaçado. E ele mesmo afasta também qualquer possível inconveniente. Quer dizer, fez da assombrosa pole uma largada segura. Em seguida, passou a imprimir um ritmo fortíssimo, até a primeira parada, aproveitando a entrada do safety-car. Voltou em segundo, porém pouco ficou nessa posição. Logo já ocupava a liderança e por lá permaneceu até a bandeirada, controlando cuidadosamente dos pneus, em uma tocada firme e sem erros.
A segunda vitória no ano já o faz disparar na tabela. A Red Bull acertou em cheio novamente com um carro de conceito e características diferentes. O RB20 parece não ter defeitos. É veloz em volta única e consistente em corrida. E tem em Max alguém que sabe interpretar todos os sinais. E a prova maior da eficiência taurina está em Sergio Pérez.
O mexicano foi capaz de, pela segunda vez seguida, completar a dobradinha com Max, sem qualquer grande drama. Nem mesmo uma punição e o fato de ter de superar Charles Leclerc tiraram Checo do prumo. Ou seja, a máquina taurina é mais do que vencedora, dominante.
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A única ressalva mesmo segue sendo o ambiente dentro das garagens taurinas. Apesar do espetacular início de temporada, os problemas que envolvem o chefe Christian Horner e o consultor Helmut Marko continuam ocupando as manchetes e forçando um posicionamento que ninguém gosta muito dentro da equipe austríaca. Ainda que a Red Bull tenha considerado Horner inocente após a denúncia sobre conduta inadequada, o caso parece ainda muito quente e borbulhante, e com potencial para mudar o cenário dentro do time.
Isso porque o pai de Max, Jos Verstappen, segue contra a permanência do inglês como chefe, enquanto Marko também foi alvo de investigação. Ele mesmo chegou a dizer em Jedá que poderia sofrer uma sanção. O negócio só mudou quando o próprio tricampeão saiu em defesa do conselheiro, confirmando lealdade ao austríaco. Em seguida, o consultor garantiu que também continua na esquadra.
Entretanto, há no ar a chance de uma nova reviravolta. Acredita-se que uma reunião de nomes fortes do grupo da Red Bull, realizada em Dubai no fim de semana, teve Horner como alvo. A preocupação da marca se dá por conta dos desdobramentos caso ao redor do mundo. Há um temor que isso afete diretamente a venda de bebidas da empresa, principalmente nos Estados Unidos — que tem adotado uma política de tolerância zero em casos de assédio.
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Há quem já aponte para uma saída de Christian do cargo. Isso em um primeiro momento aliviaria a tensão dentro da equipe, uma vez que Verstappen também se sente mais confortável com Marko. Mas até quando? Horner é um pilar importante dentro e fora do time. Ainda que não desempenhe um papel mais firme no andamento do campeonato, é algo que pode interferir em outros aspectos e a longo prazo.
E quanto às rivais? Certamente, as adversárias mais diretas, como Mercedes e Ferrari, seguem atentas aos acontecimentos e talvez compartilhem da mesma visão de que o grupo dos energéticos pode enfraquecer diante das polêmicas, porém, na pista, o cenário é bem diferente. E uma vergonha.
Acontece que ninguém parece forte o suficiente nem para entrar em uma briga com Pérez — notoriamente o elo mais fraco da Red Bull, uma vez que o mexicano não consegue reproduzir e nem se aproximar do desempenho do colega neerlandês. Checo não encontrou problemas para superar Leclerc e ainda impôs uma diferença tranquila de 5s para o monegasco na bandeirada, garantindo o segundo lugar e, provavelmente, também o emprego.
É certo dizer que a escuderia italiana é a segunda força do grid, mas está longe de ser uma ameaça aos taurinos. A SF-24 vai bem de ritmo de classificação, mas perde muito em desempenho de corrida. Só que há cenários piores. A Mercedes é um exemplo. Apesar do enorme investimento em um projeto novo, o W15 ainda precisa de muita quilometragem para tentar se aproximar dos vermelhos e nem faz cócegas nos lideres. O carro simplesmente não tem performance. Já a McLaren parece um pouco melhor que os alemães, mas também tem seus problemas, como a falta de velocidade de reta. Enquanto isso, a Aston Martin pena e vive dos brilhos de Fernando Alonso.
O problema aqui é que há uma barreira difícil de ser quebrada. Enquanto a Red Bull entendeu todos os aspectos do regulamento do efeito solo e amadureceu suas ideias, as demais ainda estão em um bate-cabeça humilhante, inacreditável e que parece não ter fim.
Para azar da Fórmula 1.
A Fórmula 1 retorna daqui a duas semanas, entre os dias 22 e 24 de março, com o GP da Austrália, terceira etapa da temporada 2024, em Melbourne.
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