Pneus como ponto chave e táticas distintas: o que revelam os treinos livres em Silverstone

Diferentemente do aconteceu na Áustria, quando a escolha dos pneus foi a mesma, em Silverstone, a Pirelli tentou inovar. Com o propósito de dar um toque de imprevisibilidade, a fabricante italiana optou por entregar compostos mais macios às equipes, o que vai tornar a classificação ainda mais decisiva para a tática de corrida no GP dos 70 Anos

Pouco menos de uma semana depois de vencer com apenas três pneus, Lewis Hamilton voltou a comandar a F1. O inglês liderou a sexta-feira de treinos livres em Silverstone, que neste fim de semana sedia o GP dos 70 anos, e deixou claro que a disputa de pole e vitória será ainda mais complicada. Adendo interessante aqui: a Mercedes corre com uma ferradura da sorte no carro para a corrida deste domingo, em uma homenagem a Stirling Moss. Nem precisamos entrar no mérito de sorte ou azar aqui, não é? Dito isso, é importante também destacar que o ponto chave desta passagem consecutiva do Mundial por Northamptonshire são os pneus, que devem desempenhar um papel ainda mais intrigante do que na semana passada, aproveitando uma pista mais veloz e emborrachada.

Como forma de tornar a coisa menos previsível e diferente do que foi feito quando a F1 viveu a rodada dupla na Áustria, a Pirelli decidiu entregar às equipes um conjunto distinto de pneus neste fim de semana. Há sete dias, os pilotos tinham nas mãos compostos mais duros, próprios para o exigente circuito inglês. Notoriamente, Silverstone pede maior trabalho da borracha por causa de suas longas e rápidas curvas, especialmente a sequência Maggots, Becketts e Chapel – não por acaso alguns dos problemas vistos na última semana aconteceram nesses trechos. É claro que a destruição acentuada dos pneus no GP da Inglaterra, conforme relatório da Pirelli, foi provocada pelo “uso extremamente longo” dos compostos, algo que não deve se repetir agora. Mas o cenário muda de novo: os times ganharam pneus um estágio mais macio. E foram imediatamente mais velozes.

Até por isso, o maior desafio deste primeiro dia de treinos foi entender o comportamento do pneu mais macio desse conjunto, o C4, que jamais foi usado em Silverstone. Contribuiu para essa avaliação as altas temperaturas. De novo, a sessão vespertina foi disputada sob um calor de 32ºC, sendo que os termômetros atingiram 48ºC no asfalto. Uma condição severa, mas que não deve se repetir ao longo do sábado e do domingo – a previsão aponta um clima mais ameno, repetindo o que aconteceu no último fim de semana. Ainda assim, notou-se um enorme desgaste dos pneus vermelhos e ficou claro que não serão utilizados como referência para corrida. Uma prova é o fato de que Hamilton preferiu conduzir a simulação de classificação com os pneus médios amarelos, cravando o tempo que lhe deu a liderança do dia em 1min25s606. O colega Valtteri Bottas ficou a 0s176, mas usando os compostos macios.

“Tanto os pneus macios quanto os médios têm uma sensação muito semelhante e não há uma diferença grande de tempo entre eles. Notamos um superaquecimento nos pneus, então eles vão precisar de cuidados para tirar o melhor proveito deles”, disse Hamilton, confirmando que a Mercedes, de fato, tem mais cartas na manga que a concorrência, embora a Pirelli tenha afirmado que uma distância de 0s6 entre os compostos médios e macios.

Aqui é essencial dizer que a realidade da Mercedes é bem diferente da do resto do grid, então é bem possível pensar em uma estratégia mais ousada dos hexacampeões.

Lewis Hamilton não se impressionou com os pneus macios, que se desgastaram demais em Silverstone (Foto: Mercedes)

Mas como dizíamos, os pneus macios apresentaram enorme desgaste e não servem para o ritmo de corrida, apenas para uma única volta rápida. Isso quer dizer que o Q2 será dos mais interessantes: no ritmo que tem, a Mercedes poderia até arriscar os pneus duros e iniciar a corrida com eles, mas deve mesmo fazer uso dos médios. E quem tenta acompanhar? Certamente, Max Verstappen e a Red Bull, ainda que a simulação de classificação tenha colocado o holandês a 0s8 de Hamilton, em cima de compostos macios. Só que, mesmo tendo um RB16 arisco nas mãos, Max foi quem mais se aproximou dos carros pretos em ritmo de corrida e pode incomodar se algo der errado na frente – aliás, apenas Verstappen parece ter essa condição, como a semana passada mostrou.

Após uma exibição sólida na semana passada, a Renault se coloca também candidata a segunda fila, depois dessa volta excepcional de Daniel Ricciardo no TL2, mas igualmente de macios, apesar de que teve um belo desempenho na simulação de corrida com os pneus duros. A briga ainda deve ter McLaren e Racing Point, uma vez que a Ferrari ainda apresenta deficiências aerodinâmicas e de potência.

Então, a questão toda se resume a que pneu escolher no Q2, porque é certo que a chance de um único pit-stop é nula, enquanto a possibilidade de três paradas não parece tão impossível. “Com uma tática de duas paradas sendo provavelmente o padrão no domingo, uma grande variedade de estratégias de corrida é possível. Como esperado do composto mais macio, em particular, vimos algumas bolhas, mas também uma velocidade muito rápida ao longo de uma volta que possivelmente levará a um novo recorde de pista neste fim de semana. Não há dúvida de que o macio não será o pneu de corrida preferido, então o desafio é tirar o máximo dele como parte de uma estratégia geral, que começará com as decisões tomadas durante a classificação de amanhã”, explicou Mario Isola, o chefão da Pirelli.

Portanto, a estratégia vai trabalhar de forma decisiva no domingo e será muito diferente do GP da Inglaterra. E a classificação já vai mostrar como a banda vai tocar.

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