Retrospectiva 2020: Albon desperdiça rara tolerância da Red Bull e acaba rebaixado
A Red Bull tem, de fato, um moedor de pilotos. Mas Alexander Albon deu chances demais para o azar, não teve o apoio nem de Max Verstappen, e perdeu sua vaga na Fórmula 1 para Sergio Pérez
A foto que ilustra esse texto, ali em cima, com o fundo branco e Alexander Albon com cara de preocupado, foi salva nos arquivos do GRANDE PRÊMIO com a palavra “prestigiado”, se referindo à situação do piloto tailandês na Red Bull. Faz alguns meses, é claro, e no contexto atual, neste fim de 2020, faz lembrar do discurso de dirigentes brasileiros para com técnicos de futebol: quando usam tal palavra, é sinal de que a demissão está por chegar.
No caso de Albon, chegou mesmo: ele até continua na Red Bull, mas a vaga na Fórmula 1 se foi. Sergio Pérez substitui o tailandês, e coloca de lado todo o programa de jovens pilotos dos touros. Mais uma peça que vira no máximo um reserva, dentro do eterno insatisfeito sistema da marca.
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Albon perdeu sua vaga um ano e meio após conquistá-la, ao substituir Pierre Gasly no time principal da dupla Red Bull-AlphaTauri. Por isso, deveria saber que precisava entregar ao menos perto do que Max Verstappen entrega para se manter na equipe. Gasly não conseguiu e foi embora em meia temporada – por que ele não seguiria o mesmo caminho?
Deu chance para o azar: na comparação imediata, Verstappen foi ao pódio em seis das sete corridas iniciais, sendo que a única prova em que ficou sem troféu foi por pane no carro, e ainda venceu o GP dos 70 Anos; já Albon começou sem pódio em nenhum desses GPs, se aproximando apenas na Estíria, quando foi quarto.
Mas essa corrida de nome inédito traz uma situação que, meses depois, é curiosa: Albon andou sozinho a maior parte do tempo, bem longe do trio Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Verstappen, sendo pressionado apenas nas voltas finais. Adivinhe por quem: Sergio Pérez…
Ficou o simbolismo do que aconteceria ao final de 2020, mas também entrou a suspeita de que as coisas não estavam boas para ele na Red Bull. Estas, reforçadas no GP da Itália, quando Gasly, com um carro mais fraco, venceu, e ele sequer pódio havia conquistado ainda.
Isso mudou um GP depois: em Mugello, Albon foi terceiro, ensaiando uma recuperação e um alívio. A sequência infernal se encerrava e, curiosamente, o GRANDE PRÊMIO escreveu na ocasião como outra sequência poderia se iniciar, a do convencimento de que merecia continuar no grid.
Não rolou: após celebrar o pódio solitário (à época, contou história em que ficou preso na Itália para uma gravação, foi a um restaurante sozinho e não foi reconhecido por ninguém), a sequência que veio foi completamente oposta à que necessitava.
Albon foi 10° na Rússia, abandonou o GP do Eifel – neste caso, foi cobrado publicamente pela Red Bull e ameaçado em perder a vaga para Pérez ou Nico Hülkenberg por Helmut Marko -, e tudo piorou com o 12° lugar em Portugal e o 15° na Emília-Romanha. Um ponto em quatro GPs? Demissão pede passagem…
E pediu, mesmo. Nas quatro corridas finais um pódio ainda veio, no Bahrein, mas mesmo ele indicou que o futuro provaria: o próprio Albon assumiu que só foi terceiro porque contou com a sorte. Qual? A de um estouro de motor. Sim, de Pérez.
A situação, nas entrelinhas, já era caótica, e a vitória do mexicano na mesma pista, logo em seguida, mas sob o nome de GP de Sakhir, finalizou o caminho tortuoso. Foi longo, dolorido, e acabou em rebaixamento.
Mesmo com a rara tolerância da Red Bull, aliás. É possível supor que demitir um piloto no meio de uma temporada disputada em apenas seis meses seria loucura até mesmo para os padrões nada altos da equipe, e por isso Albon sobreviveu. Mas o tailandês abusou, não melhorou, sucumbiu à pressão e, de promessa animadora em 2019, virou reserva sem luxo para 2021.
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