De Vries flerta com perfeição na abertura da FE. Mas vai ter gás para buscar título?

Nyck de Vries sobrou na primeira corrida do ano, dominando de forma inesperada. Isso não torna o holandês favorito ao título, de forma alguma, mas é um sinal dos mais promissores para o futuro da já forte Mercedes na Fórmula E

Os dias que antecederam o começo da temporada da Fórmula E reservavam um debate sobre quem seria capaz de derrotar António Félix da Costa. Afinal, o português dominou a temporada 2019/20 e segue na Techeetah, suposta equipe a ser batida. Aí veio a primeira corrida de 2021, que não poderia ser mais eficaz em mudar essa retórica: Nyck de Vries dominou com a Mercedes nesta sexta-feira em Diriyah e reafirmou que não há como prever a luta pelo novo título.

É que, para começo de conversa, não havia como prever uma Mercedes tão forte assim. O carro que esteve com pista limpa – o companheiro Stoffel Vandoorne passou o tempo inteiro preso em tráfego – liderou com tranquilidade e nunca foi verdadeiramente ameaçado. De quebra, a dupla da Techeetah, com Da Costa e Jean-Éric Vergne, nem sequer pontuou. O mesmo vale para Sébastien Buemi, enquanto Lucas Di Grassi somou apenas 2 pontos. Os favoritos mais óbvios não começaram o ano com o pé direito e tornaram o dia de De Vries ainda mais especial.

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A Fórmula E voltou com uma Mercedes brilhando (Foto: Fórmula E)

Posto isso tudo, entra em campo um outro fator: a rotatividade de vencedores na Fórmula E. É difícil acreditar em performance parecida de De Vries na corrida 2, já que ele passa a fazer classificação no primeiro grupo, o que pega a pista menos aderente. A chance de largar no meião e lutar apenas por pontos é concreta. Some isso à falta de experiência de um piloto apenas no segundo ano de FE e veremos que não há como falar em Nyck como homem a ser batido, nem mesmo no curto prazo.

O que dá para falar é que a Mercedes acertou a mão no trem de força. A equipe agarrou a chance de vencer com as duas mãos e não foi ameaçada por Porsche ou Audi, que atacaram De Vries através de Pascal Wehrlein e René Rast. No longo prazo, isso é mais importante do que o resultado em particular de Nyck, já que indica também que cedo ou tarde Vandoorne também vai entrar na brincadeira. Atuando em dois fronts, aproveitando dois pilotos dos mais talentosos, a equipe prateada abre 2021 com o pé direito e prometendo voar alto.

Camponato ainda tem uma série de protagonistas (Foto: Fórmula E)

Esse panorama só pode – ou deve – mudar conforme outras equipes atualizarem seus trens de força. É que a Mercedes começou 2021 já com a versão atualizada, enquanto outras resolveram adiar novidades para a fase europeia. É o que vai acontecer com Techeetah e Nissan, mantendo um elemento de surpresa quando o assunto é divisão de forças para o campeonato. Mesmo que a rodada dupla na Arábia Saudita termine com Vandoorne e De Vries com pontuação gorda, isso ainda não significará muito. Se um dos dois chegar à metade do campeonato ainda liderando de forma convincente, aí sim poderemos falar mais abertamente em caminhos rumo ao título.

O primeiro eP de Diriyah também deu sinais interessantes sobre outras montadoras. A Porsche dá sinais de ter evoluído também, mas de forma mais discreta. Jaguar e Audi, outras que andaram em posições de destaque, seguem em condições de vencer, mas dependendo das circunstâncias. Di Grassi, por exemplo, provavelmente vai depender de um campeonato bem parelho para retomar aquelas campanhas convincentes vistas em 2015, 2016 e 2017. O mesmo vale para Mitch Evans e Sam Bird, candidatos da Jaguar, mas que já estão há anos pecando pela falta de regularidade.

A FE é um campeonato de surpresas, e quem acompanha há mais tempo sabe bem disso. A regularidade pode pesar mais, com Di Grassi aprendeu a fazer, assim como a velocidade bruta de Da Costa em 2020 levou a melhor. Lição de moral: por mais convincente que Nyck de Vries tenha sido na primeira corrida do ano, não cometa o erro de achar que o certame elétrico é um de narrativa linear.

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