No capítulo de hoje da série RUMO À GLÓRIA, o GRANDE PREMIUM conta a história e disseca a trajetória de Pedro Clerot. Vindo de uma família distante do automobilismo, o atual líder da F4 Brasil — de somente 15 anos — detalhou a pesada rotina e mostrou como vive e respira o esporte a motor

Adoniran Barbosa é sinônimo de São Paulo e espero que ele nos perdoe pelo trocadilho feito com uma das estrofes de seu “Samba Italiano” no título deste texto. Mas ele cabe perfeitamente com o perfilado do dia: Pedro Clerot. 

O brasiliense de 15 anos é o cara da Fórmula 4 Brasil em 2022. São seis vitórias em doze provas realizadas até aqui e, como não poderia deixar de ser, o GRANDE PREMIUM olha para o futuro e conta a história de mais uma das promessas do esporte a motor brasileiro na sexta edição do Rumo à Glória.

Pedro Clerot desponta como o grande destaque da primeira temporada da F4 Brasil (Foto: Alex Farias)

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Mas, se tem algo que não se pode dizer que foi planejado foi este 2022 tão profícuo em vitórias e grandes resultados. A confirmação da F4 brasileira abriu um portal de triunfos, de certa maneira, inesperados para Pedro. “Foi uma coisa meio inusitada para mim. Até antes de dezembro de 2021, não sabia o que faria, mas tudo vai de um jeito bem melhor do que eu imaginava, superando as minhas expectativas.”

A categoria de monopostos brasileira é a grande novidade do esporte a motor nacional para esta temporada. Ao todo, seis rodadas triplas funcionando como preliminares da Stock Car foram e serão disputadas até novembro — e, para tal, houve muito esforço dos pilotos envolvidos na F4. Ao GP*, Clerot deu um panorama de como foi este processo.

“Nossa associação tinha 16 membros e nosso objetivo era andar de Fórmula 4 em algum lugar do mundo. Seria na Argentina, mas levamos a ideia para o Giovanni Guerra (presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo) e ele trouxe a categoria para o Brasil para acontecer junto à Stock — e nós topamos. Não foi exatamente um convite, mas uma iniciativa nossa que, depois, teve a adesão de outros pilotos”, revelou.

Além disso, Pedro teve a chance de pilotar o carro da F4 Brasil na pré-temporada que fez na Itália. Embora os bólidos tenham chegado em cima da hora para a estreia no Velocittà, no mês de maio, o contato e a experiência na Europa foram fundamentais para o bom desempenho deste ano. “Fiz a etapa de Ímola da F4 Italiana, onde choveu muito. Foi um grande aprendizado para mim e deu para perceber que o carro tem uma ‘manhazinha’. Sem muita potência, tem de frear antes e ganhar mais na saída, falta downforce, escorrega bastante”, contou.

Testes de Pedro Clerot na F4 Italiana (Foto: RF1)

Foram duas rodadas triplas na Bota — Ímola e Misano — e o melhor resultado foi um 11º lugar, sem pontos conquistados. Mas nada disso tira a experiência de Pedro de andar em alto nível e com muitos adversários andando bem próximos uns dos outros. “Minha equipe não era tão boa (correu pela AKM Motorsport), mas acho que consegui trazer bons resultados para casa. (Ímola) é bem difícil, (Misano) tem mais técnica, sofri bastante andando por lá, mas gostei do que vivi, me trouxe muito aprendizado para o Brasil.”

Por lá, não pôde usar o número que vem lhe dando sorte em 2022. Embora diga que o #69 não lhe serve como amuleto, Pedro curte os louros e falou ao GP* da inspiração para a escolha do número. “Eu gostava muito do Nicky Hayden da MotoGP e ele sempre esteve presente dentro de casa, então, quis prestar essa homenagem.” O piloto norte-americano morreu em maio de 2017, aos 35 anos, atropelado por um carro durante uma caminhada, em Rimini, na Itália.

As motocicletas também são um capítulo à parte na vida de Clerot. Seu pai, João Luiz, realizava track days de moto no Planalto Central na companhia do filho e, assim, despertou a paixão pelo automobilismo na vida do garoto. “Ele nunca teve a oportunidade de correr, mas por causa dele, sempre fui um apaixonado, desde criancinha”, afirmou.

E como é não ser de uma família de pilotos?

Clerot falou com exclusividade ao GP* (Vídeo: Grande Prêmio)

Há de se lembrar, neste momento, que Clerot está na adolescência, mas com rotina de gente grande. O jovem tenta combinar toda a preparação para ser um piloto profissional com o dia a dia de um jovem de 15 anos. “Eu acordo, tenho aulas de italiano às terças e quintas, vou para a academia trabalhar com um personal no restante da semana, ando de kart para manter a preparação de pista. Depois do almoço, estudo, tenho entre 1h e 1h30 para isso, depois volto a malhar. É puxado, demorei para acostumar, mas consigo administrar isso bem”, falou.

E nem o videogame que, anteriormente, era visto apenas como um hobby, deixa de ser usado em sua preparação para a vida de piloto. Clerot é integrante da Texaco Racing, equipe de iRacing liderada por Tony Kanaan. “Estou sempre no simulador, todo dia estou andando junto à equipe, vai começar em breve um campeonato de F4 virtual, então, treino muito sério. Mas, às vezes, consigo me distrair um pouco jogando CS (Counter Strike) ou Call of Duty com os meus amigos”, disse o piloto.

Pedro Clerot no box da Full Time em Goiânia (Foto: RF1)

Faltam apenas duas rodadas triplas — Goiânia e Brasília — para o fim da temporada 2022 da F4 Brasil e Clerot tem tudo encaminhado para ser o primeiro campeão da história da categoria. São 75 pontos de vantagem para o vice-líder, Lucas Staico, e o título já pode vir na etapa goiana, em outubro. Mas ele quer primeiro ter o troféu em mãos para depois pensar no seu futuro em 2023. Futuro este que pode, muito bem, ser longe do Brasil.

“Não tem nada decidido para o ano que vem. Claro, tenho o sonho de correr na Europa, tem alguns testes já programados, quero muito ir para lá, mas vai depender do que vai acontecer. Tenho de terminar o campeonato aqui no Brasil, minha prioridade é ser campeão antecipado em Goiânia, porém, tem muito trabalho pela frente”, afirmou Pedro.

O brasiliense fala como gente grande. A maturidade impressiona pela pouca idade e a impressão que fica é que o profissionalismo já ficou incorporado ao espírito adolescente do garoto. Essa tensão ‘experiência vs. juventude’, inclusive, é traduzida nas inspirações de Clerot — em quem ele se espelha para ser um grande piloto.

“Tenho várias inspirações, a nova geração da F1 me inspira muito, o (George) Russell, (Lando) Norris, gosto muito do (Max) Verstappen também. Mas não tem como deixar Hamilton de fora, ele fez muita coisa na categoria. Mas hoje, além de Max, eu gosto muito do (Ayrton) Senna, esses são os principais.”

Max Verstappen: principal inspiração de Pedro Clerot (Foto: Red Bull Content Pool)

E, como não poderia deixar de ser, estar na Fórmula 1 é o grande sonho da vida de Pedro. Os percalços para atingir o topo deste Everest são, naturalmente, muito difíceis — afinal, já são cinco anos sem um representante titular do Brasil na categoria. Mas, para Clerot, o título de Felipe Drugovich na Fórmula 2 pode, enfim, abrir novamente estas portas — fechadas a sete chaves há tanto tempo. Algumas coisas precisam ser modificadas, porém.

“O Brasil sempre teve bons pilotos e com muita qualidade mas, para mim, o principal problema é a moeda. Para se ter uma ideia, uma temporada de Fórmula 3 pode custar a partir de 2 milhões de euros (cerca de R$ 10 milhões, na cotação atual), então quem não tem um investimento muito bom, quem não tem um patrocinador muito forte acaba não conseguindo — às vezes o cara tem o talento para chegar na Fórmula 1, mas não tem a grana, não tem investimento. Hoje em dia não depende só do talento do piloto. Infelizmente é isso”, completou.

Este é Pedro Clerot, um garoto bastante centrado na carreira de piloto, que respira automobilismo 24 horas por dia mas, nas raras horas vagas, curte a busca por ser um adolescente normal. “Deu para dar uma descontraída, né? Contar um pouco das minhas experiências. Fiquem de olho em Goiânia, vai ser bem legal, quero tentar levantar logo esse campeonato.”  

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