Grande promessa do início do ano, O’Ward dá passo em falso ao deixar Indy ainda cru

Pato O'Ward é um dos ótimos jovens do automobilismo mundial, mas sua carreira começa a tomar rumos estranhos. Ao fechar com o programa de jovens da Red Bull, o mexicano trocou a Indy pela Super Formula e já quer chegar na F1. No entanto, apesar de muito potencial, ainda parece estar cru

Poucos atletas no mundo devem estar vivendo um 2019 tão movimentado quanto o do piloto mexicano Pato O'Ward. Em poucos meses, o atual campeão da Indy Lights passou de dúvida no grid da Indy para aposta principal da Red Bull em seu programa de jovens.
 
Só que é preciso contextualizar bem tudo o que aconteceu nos últimos meses para entender a virada na vida de O'Ward e, principalmente, os riscos que o piloto tem pela frente na busca por uma das mais cobiçadas vagas do automobilismo mundial.
 
Para começo de conversa, o talento de Patricio já era conhecido por quem o acompanhava em categorias menores. Vice-campeão da Pro Mazda, campeão no SportsCar, campeão da Indy Lights e estreando em nono na Indy no GP de Sonoma de 2018, O'Ward era, certamente, alguém para se ficar de olho.
Pato O'Ward era um dos grandes nomes da Indy no começo de 2019 (Foto: Indycar)

Só que faltava a ele algo bem importante, praticamente crucial: grana. Pato teve de abandonar uma temporada da Lights em andamento em 2018, não tinha grandes patrocinadores e, de repente, ficou sem vaga na Harding, que reduziu seu programa para apenas um carro com Colton Herta.

 
Então, o mexicano passou a ser dúvida no grid e teve de se virar para arranjar um lugar para correr. A solução foi a Carlin, que estava praticamente acertada com RC Enerson. O carro estava ali, garantido para cerca de dois terços do campeonato, mas se tratava de uma das piores equipes do grid.
 
O impacto do piloto foi impressionante desde cara. Com desempenhos fantásticos em classificações, um estilo bastante arrojado e um oitavo lugar marcante no GP de Austin, O'Ward não só mostrou que poderia ser competitivo com pouco equipamento, mas também conquistou os olhares de Helmut Marko, guru da Red Bull.
 
Três dias depois de completar 20 anos de idade, Pato ganhou um presente daqueles: poucos meses após estar sem vaga na Indy, o mexicano era chamado para o programa de desenvolvimento da Red Bull, um dos maiores do mundo. Do nada, surgia uma chance real de chegar, em pouco tempo, na F1.
Patrício O'Ward levou a Carlin além do limite nos primeiros meses (Foto: Indycar)
Acontece que O'Ward virou o fio quase que instantaneamente no que diz respeito a sua performance e aos resultados. No GP de Indianápolis, bateu em Alexander Rossi antes da largada e se arrastou na pista molhada. Na Indy 500, sequer conseguiu se classificar e acabou 'bumpado'. E assim seguiu nas provas que vieram depois, quase o tempo todo apagado.
 
O primeiro sinal de que algo não estava certo foi ter aberto mão dos demais ovais da temporada, algo que certamente foi conversado com a Red Bull. Pouco depois, aproveitando uma suspensão de Mahaveer Raghunathan, teve a chance de fazer sua estreia na F2 na Áustria.
 
Bom, o que se viu foi um piloto extremamente inseguro na pista e a impressão é que não foi apenas por ser uma categoria nova. Pato é ótimo, dono de grande potencial, mas não parece estar pronto para dar um salto tão grande na carreira para a F1.
 
E aí, no embalo de sua ida para a Europa, a confirmação de que não correrá mais na Indy em 2019, trocando os EUA pelo Japão e fazendo um campeonato que Pierre Gasly, por exemplo, disputou. 
Patricio O'Ward agora é Red Bull (Foto: F2)
Além da mistura de categorias não parecer o ideal para a formação de um piloto, ainda tem o ponto de praticamente todos os jovens sofrerem na Super Formula. Gasly é uma exceção que confirma a regra, com Dan Ticktum, agora ex-Red Bull, servindo bem para exemplificar a dureza que será para Pato.
 
Enfim, por mais que o desejo do mexicano de estar na F1 seja legítimo e completamente compreensível, deixar a Indy no meio da temporada sem ter amadurecido tudo que poderia parece ser um grande passo em falso. Além disso, ao mesmo tempo em que as chances parecem boas em uma Red Bull que tem Gasly ameaçado e ninguém pintando como substituto, o programa também é mundialmente famoso por ser um 'moedor de carne', trocando rapidamente nomes hoje consagrados como Sébastien Buemi e Jean-Éric Vergne.

Misturando categorias e na loucura atrás de pontos para a superlicença, Pato, que ainda está cru, pode sofrer e colocar a continuidade da carreira em risco.

 
Paddockast #23
Lágimas em Le Mans

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