GUIA 2021: Ganassi muda tudo, mas ainda precisa apostar fichas em Dixon na Indy

A Ganassi perdeu um piloto e trouxe três para o line-up de 2021. Muda tudo, só não muda uma coisa: qualquer sonho de título passa diretamente por um Scott Dixon cada vez mais velho, mas ainda muito forte

Chamada da Cultura trouxe trilha antiga do SBT (Vídeo: TV Cultura)

Há vezes em que as coisas parecem mudar apenas para que tudo siga como já está. Essa frase é muito usada em um contexto político-social, mas serve também para a Ganassi na Indy: a equipe americana perdeu um piloto e contratou outros três, mas segue dependendo apenas de Scott Dixon para sonhar com algo mais grandioso em 2021.

O veterano dispensa apresentações. Dixon é hexacampeão da Indy e, tal qual um bom vinho, só parece melhorar com o passar dos anos. Quatro desses títulos vieram nos últimos oito anos, algo impressionante para alguém em vias de completar 41 anos. No mais recente desses, abrindo a campanha com uma sequência inesperada de três vitórias consecutivas. É verdade que o neozelandês teve uma reta final de 2020 decepcionante, sofrendo para conseguir mais do que alguns top-10 e fazendo valer a gordura acumulada nas primeiras corridas, mas isso não muda o fato de ainda ser um piloto capaz de trazer os resultados quando necessário.

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Dixon conquistou seu sexto título na Indy em 2020 (Foto: Indycar)

Quando se fala em campanha por título, a menos que um novo candidato surja com forças renovadas, Dixon tem de lidar com Josef Newgarden. O americano foi vice-campeão em 2020, e acabou ganhando muito terreno na segunda metade do campeonato, ao nível de agitar uma briga pelo título que parecia inexistente. Uma reedição desse embate em 2021 tende a ser mais parelha, mas a Ganassi tem motivos para se preocupar: Scott não está ficando mais novo, e essa conta vai chegar em algum momento.

Dixon merece aplausos por chegar aos 41 anos ainda como um piloto de ponta em uma categoria de ponta, um feito raríssimo em monopostos. Só que não dá para achar que o alto nível visto nos últimos cinco anos vai se repetir nos próximos cinco, e é aí que os problemas da Ganassi começam: a Dixondependência vai cobrar seu preço em algum momento.

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A Ganassi ainda não achou um piloto capaz de andar no mesmo nível de Dixon. Desde a aposentadoria forçada de Dario Franchitti ao fim de 2013, o neozelandês precisou se virar sozinho para carregar a equipe nas costas. Basta olhar os números: nos cinco anos entre 2016 e 2020, seis pilotos (Max Chilton, Tony Kanaan, Charlie Kimball, Ed Jones, Felix Rosenqvist e Marcus Ericsson) competiram em tempo integral como companheiros de Dixon, sendo que só um desses venceu corrida – Rosenqvist em 2020. Todos os outros 12 triunfos no período foram fruto do veterano. Ou seja, ficar trocando de line-up ano sim, ano também não está dando muito certo.

Ainda assim, 2021 é um ano de novas mudanças. Ericsson segue na Ganassi, tentando finalmente dar um passo adiante na carreira americana. Os outros pilotos são completamente novos: Álex Palou vem em tempo integral após uma temporada de calouro digna na Dale Coyne, enquanto os veteraníssimos Jimmie Johnson e Kanaan dividem um quarto carro.

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Marcus Ericsson, mesmo evoluindo, não tem muita esperança de acompanhar o ritmo de Scott Dixon (Foto: IndyCar)

A análise sobre esses três carros não é tão empolgante assim quando o assunto é briga por vitórias e desempenho no nível de Dixon. Ericsson pode evoluir, mas simplesmente não parece ter o talento necessário para realmente brilhar na Indy. Palou é uma incógnita: o espanhol conseguiu um pódio pela Dale Coyne e merece aplausos por isso, mas não há garantia alguma de que será o ‘Colton Herta que habla’, em termos de ser um jovem talento com enorme potencial a ser explorado.

Johnson e Kanaan merecem seu próprio parágrafo. O primeiro é uma surpresa enorme: o heptacampeão da Nascar optou por uma mudança completa de rumos, não só fazendo estreia em monopostos como também optando por correr apenas em mistos, sem ovais. Isso aos 45 anos, diga-se. O começo foi um tanto preocupante, com JJ sofrendo na adaptação e ficando nas últimas posições nos testes de pré-temporada. Não é exagero dizer que as esperanças de bons resultados no #48 ficam por conta de Tony, que fez um trabalho bem decente como piloto de ovais da Foyt em 2020 e reatou com a Ganassi para 2021. Ainda assim, tem 46 anos e dificilmente vai voltar a ser um grande protagonista, por mais que seja, naturalmente, um candidato forte na Indy 500.

Como se vê, todos os caminhos levam a Dixon. É no neozelandês que a Ganassi deve apostar se quiser algo grandioso em 2021. Os outros quatro pilotos têm potencial de fazer bons trabalhos, mas dentro de suas limitações. É hora de cruzar os dedos para Scott não enfrentar suas próprias limitações, as da idade, e colocar uma temporada inteira a perder.

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