Retrospectiva 2023: Power tem ano apagado e vai de campeão a coadjuvante na Indy

Depois de travar uma das disputas mais acirradas em 2022 e superar Josef Newgarden e Scott Dixon para ficar com o título da Indy, tinha-se muitas expectativas sobre o que poderia ser a campanha de Will Power em 2023. No entanto, embora a performance no geral não tenha sido das piores, o bicampeão se tornou mero coadjuvante, sequer venceu corridas e foi superado na tabela pelos companheiros de Penske Newgarden e Scott McLaughlin.

O problema com vitórias, no entanto, foi algo que esteve com o australiano desde a campanha que lhe rendeu a segunda taça da Indy. Afinal, o título de 2022 foi mais fruto da consistência do que do domínio propriamente dito. Enquanto naquele ano Newgarden e Dixon tiveram, respectivamente, cinco e duas vitórias, Will conseguiu apenas uma, mas foi coroado campeão graças aos 12 top-5 que obteve enquanto os rivais enfrentaram alguns impasses.

E vencer voltou a ser um problema em 2023. Zerado nesse quesito, Power ainda viu Newgarden triunfar no GP do Texas, nas 500 Milhas de Indianápolis, e nas duas provas em Iowa, enquanto McLaughlin levou a melhor no Alabama. Na classificação final a diferença também foi considerável. O bicampeão foi apenas o sétimo colocado com 425 tentos, enquanto Josef quinto com 479 e Scott terceiro com 488.

Depois de ser sétimo na abertura da Indy em St.Pete, ficar apenas em 16º no Texas, e ser o sexto em Long Beach, Power se valeu do bom ritmo da Penske no Alabama e, ao ver McLaughlin cruzar a linha de chegada em primeiro, garantiu um pódio duplo para a equipe ao fechar o dia em terceiro. Na ocasião, o bicampeão havia partido de 11º e contou com uma boa estratégia para se recuperar. Por isso, reconheceu que precisava melhorar o desempenho na classificação. 

“Foi um dia extremamente bom. Quando vi todo mundo economizando combustível, conversamos sobre fazer três paradas e eu disse que achava que era o melhor a se fazer, foi aí que a equipe me chamou. Estávamos muito rápidos quando conseguimos a pista limpa, o que foi chave para chegar ao terceiro lugar. Eu tinha um carro muito rápido”, afirmou Power.

“É uma pena que eu não tenha largado mais à frente, mas a Chevy [Chevrolet] fez um ótimo trabalho com o motor. Estamos em outra campanha de título, cara. Ainda estamos trabalhando neste ano, vamos conseguir uma vitória em breve, apenas temos de continuar melhorando a classificação e sim, apenas nos divertindo, aproveitando muito”, completou.

O primeiro pódio do ano poderia servir como combustível para tentar igualar aos resultados dos companheiros que, àquela altura, já tinham uma vitória na conta. Porém, Will voltou a andar mal no GP de Indianápolis 1 e na Indy 500, quando viu Newgarden voltar a vencer e se colocar como um possível candidato ao título. Um novo ânimo poderia vir após o GP de Detroit, quando ficou com o segundo lugar e celebrou muito o resultado.

“Tive um bom dia. Simplesmente não consegui chegar no Palou. Ele estava muito rápido e muito bem hoje. Isso é corrida, cara. Esta é a Indy. É tão difícil e eu sou tão grato e abençoado por viver isso. Não há um dia em que eu possa reclamar disso, não importa onde eu termine ou se eu termino [uma corrida]. Foi um ótimo trabalho”, contou após a corrida.

O titular da Penske ainda voltou a repetir um pódio em Mid-Ohio, e as duas poles nas corridas em Iowa deram a entender que o #12 finalmente tinha retomado a forma e, em breve, voltaria a vencer. Mas nada disso aconteceu. O bicampeão foi apenas quinto colocado na prova 1, enquanto salvou mais um pódio com o segundo lugar na corrida 2. O vencedor das duas provas foi o companheiro Newgarden. A Power restou reconhecer a superioridade do #2.

“É muito difícil vencer Josef aqui [em Iowa]. Mas, um dia, vamos pegá-lo. Gostei da corrida, apesar de sofrer com o desgaste com o primeiro composto de pneus. Os meus engenheiros me ajudaram bastante ao longo desses últimos anos. É muito difícil pilotar aqui. É necessário encontrar o momento exato para parar nos boxes porque as voltas são curtas. Logo, o undercut tem um benefício enorme”, contou após a prova.

A partir de Nashville, Power até ficou um pouco mais consistente. Foi décimo no circuito urbano depois de chegar a liderar a corrida, ficou em sexto no GP de Indianápolis 2 e salvou um nono lugar no GP de Gateway. Um tropeço em Portland, no entanto, o fez ficar no 25º posto. Após a penúltima etapa da Indy 2023, o próprio piloto revelou que estava passando por problemas pessoais e isso estava se refletindo em sua pilotagem.

Liz, esposa de Will Power, enfrentou um grave problema de saúde durante o ano depois de contrair infecção estafilocócica causada por complicações após uma cirurgia nas costas. A situação delicada fora das pistas se refletiu diretamente no desempenho do #12 nas pistas. A barra foi tão pesada que o australiano cogitou deixar a disputa no meio da temporada para não deixar o filho sem a presença dos pais, caso a esposa demorasse a sair do hospital.

“Pessoalmente, foi um começo difícil para mim com o que estava acontecendo com minha família. Isso continuou em Road America, quando tivemos um pequeno problema. Certamente afeta sua preparação e sua mentalidade. Não é uma desculpa, mas eu sei o quão difícil é a categoria e você não pode ter problemas fora da pista se quiser ir bem na pista”, contou o bicampeão.

“É uma situação difícil, porque se ela [esposa] estivesse em uma situação em que não tivéssemos certeza sobre que aconteceria, provavelmente não deveria estar competindo, porque não queria deixar o meu filho longe dos pais. Isso [abandonar a competição] realmente passava pela minha cabeça à época”, contou.

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O quadro de saúde de Liz melhorou e Power conseguiu voltar o foco para a disputa da Indy. No GP de Laguna Seca, último do ano, liderou os testes no novo asfalto do traçado e fez boa corrida, terminando no quarto lugar. O resultado, inclusive, foi o melhor obtido desde o pódio no GP de Iowa 2.

Embora tenha terminado 2023 em alta, Power  encerrou a sequência de pelo menos uma vitória por temporada que estava em andamento desde 2007. A boa corrida em Laguna Seca e a melhora da esposa, no entanto, devem servir de combustível para voltar mais forte em 2024.

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