Aleix Espargaró aproveita evolução da Aprilia e chega mais perto do sonho do pódio
Na quinta temporada com a marca de Noale, o mais velho dos irmãos de Granollers vem aproveitando o passo à frente dado pela RS-GP para se consolidar entre os ponteiros. Apesar da evolução notória, a expectativa pelo primeiro pódio da Aprilia no ano ainda não se consolidou
Aleix Espargaró foi um dos destaques da primeira metade da temporada 2021 para chegar mais perto do pódio da MotoGP. Embora não seja postulante ao título e tampouco tenha marcado presença no top-3, o catalão é quem coloca a sexta marca do grid em evidência e lidera quase que solitário o esforço em prol da evolução da RS-GP da Aprilia.
Desde que chegou à casa de Noale, Aleix tem sido o protagonista do time. Além da reconhecida capacidade de desenvolvimento ― que já tinha sido demonstrada nos tempos de Suzuki ―, o irmão de Pol teve uma série de diferentes companheiros de equipe. Assim, foi o único que teve tempo o bastante para ver a RS-GP se desenvolver.
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É fato, porém, que os italianos demoraram a evoluir. Ao contrário da KTM, que chegou mais tarde e já até conseguiu vencer, a Aprilia segue devendo resultados expressivos desde que voltou à MotoGP, em 2015.
Só que não é menos verdade que o protótipo italiano deu um importante salto de qualidade neste ano. Desde os primeiros testes, Aleix se mostrou animado com a RS-GP e falou sobre chances reais de pódio.
A vaga no top-3 da classe rainha não vem desde o GP da Grã-Bretanha de 1999, com o terceiro lugar de Jeremy McWilliams, mas os números evidenciam que a Aprilia está hoje muito mais perto do pódio da MotoGP. Por enquanto, o melhor resultado da equipe é o sexto lugar ― conquistado pelo piloto de Granollers cinco vezes: nos GPs do Catar de 2017, de Aragão em 2017 e 2018, e de Portugal e da Espanha de 2021 ―, mas a diferença em relação ao vencedor caiu.
Nessas cinco corridas, a menor margem foi registrada em Jerez de la Frontera no início do ano, com 5s164 separando Espargaró de Jack Miller, o vencedor na Espanha. A maior diferença tinha sido em Aragão em 2018, com 9s396 de atraso para Marc Márquez.
Mas não é só isso. Nas nove corridas disputadas neste ano, Aleix só não esteve no top-10 em duas oportunidades, justamente nas duas corridas que abandonou. Nos anos anteriores, o pai dos gêmeos Max e Mia tinha registrado três top-10 em 2020, cinco em 2019 e quatro em 2018.
Antes de partir para as férias, o mais velho dos Espargaró ainda colocou a RS-GP pela primeira vez na primeira fila do grid da MotoGP, com um terceiro lugar no GP da Alemanha, em Sachsenring.
É inegável que a Aprilia cresceu na classe rainha do Mundial de Motovelocidade. E é também fato notório que a RS-GP de 2021 é a melhor moto da marca desde o retorno. Mas em uma MotoGP altamente competitiva, é preciso de um pouquinho mais chegar ao pódio.
“Depois de muitos anos com a Aprilia, acho que todos os engenheiros realmente acreditam no meu talento, no meu trabalho e em tudo que digo a eles. Então eles realmente sabem que, no momento, o motor é a nossa limitação”, disse Aleix. “O bom é que este ano eles me deram uma moto cuja base da RS-GP está pronta para receber mais potência. Quer dizer, estamos usando toda a potência disponível e a moto não está fazendo wheelies por causa da nova aerodinâmica”, explicou.
“Então agora estamos prontos e eles sabem que a única coisa que nos falta é potência pura. Na reta, quando estou acelerando ao máximo e está tudo no pneu, a potência total não é suficiente para brigar com nossos rivais”, seguiu.
O problema apontado por Aleix, contudo, tem solução, já que entre as seis construtoras do grid atual, a Aprilia é a única que pode fazer mudanças no motor, uma vez que conta com as concessões previstas em regulamento.
“Eles estão trabalhando e tenho certeza de que não terei de esperar até 2022 para receber alguma coisa. Espero que ter algo novo para a última parte da temporada, pois estamos muito, muito próximos”, avaliou. “Quero curtir o que estamos conseguindo, pois estamos fazendo um bom trabalho, mas sinto frustração e acho que precisamos de só um pouco mais para lutar pelo pódio em todas as corridas”, completou.
Se conseguir o que precisa do propulsor da Aprilia, o irmão de Pol tem totais condições de, enfim, voltar ao pódio da MotoGP ― onde esteve pela primeira e última vez em 2014, quando foi segundo colocado no GP de Aragão.
Sob o comando de Massimo Rivola, os italianos alcançaram um avanço importante, mas precisam resolver a composição do time com mais cuidado. As muitas trocas de pilotos até aqui não foram benéficas para a equipe. A presença de Lorenzo Savadori do outro lado dos boxes também agrega pouco, já que ele não só não extrai o melhor da RS-GP, como também não tem a experiência necessária para ajudar no desenvolvimento.
É fato que a Aprilia tentou outras alternativas, mas é incompreensível que tenha esperado tanto pelo desfecho do caso Andrea Iannone. Afinal, era difícil imaginar que ele fosse escapar de um gancho por doping, ainda mais com a justificativa que apresentou e com as poucas evidências que levantou na própria defesa.
Agora, a Aprilia tem testado com Andrea Dovizioso, uma ajuda importante, já que o italiano tem experiência e talento e, mais do que isso, passou os últimos anos montado no motor mais potente do grid. Se os engenheiros conseguirem colocar a potência necessária na moto, a RS-GP pode apimentar ainda mais o campeonato.
Talento, empenho e capacidade, Aleix já provou que tem. Está na hora de coroar o trabalho com um resultado efetivamente expressivo.
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