De quarto na fila a vice-campeão: Morbidelli fecha 2020 entre melhores da MotoGP

Único entre os pilotos Yamaha a contar com uma versão B da YZR-M1, o ítalo-brasileiro foi não só o melhor entre os colegas de marca, mas também um dos competidores mais destacados de 2020

O melhor piloto é sempre quem ganha o título? Na frieza dos números, esta é uma verdade absoluta. Mas, se deixarmos a neutralidade dos pontos de lado, não seria nenhum exagero dizer que Franco Morbidelli fez frente ao campeão Joan Mir na temporada 2020 da MotoGP. Em alguns aspectos, o ítalo-brasileiro foi até melhor.

A história do piloto da SRT em 2020 é uma subida de montanha. Depois de chegar à equipe malaia no ano passado com status de protagonista e ser ofuscado por Fabio Quartararo, Morbidelli perdeu espaço e acabou em cima da Yamaha mais ‘frágil’ da temporada. Só que, apesar da decepção inicial, o piloto de Roma conseguiu dar a volta por cima e fechar o campeonato como o melhor do quarteto apoiado pela marca dos três diapasões.

Depois de um primeiro ano espetacular na MotoGP, o piloto de Nice começou 2020 como favorito e, durante semanas, figurou como o mais forte candidato ao título na ausência de Marc Márquez, liderando, inclusive, em boa parte do tempo. Todavia, Fabio pecou pela irregularidade. Apesar de ter conquistado três vitórias, nas demais corridas o piloto conseguiu apenas mais um top-5, o que o deixou em uma condição para lá de frágil. Tanto é assim que o francês despencou para a oitava colocação na classificação final.

Franco Morbidelli foi um dos grandes destaques da temporada 2020 da MotoGP (Foto: SRT)

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Franco, por outro lado, começou o ano mais discretamente, mas foi crescendo ao longo do tempo. Das três vitórias, a de Teruel foi a que veio com a performance mais dominante. Em Valência, o ítalo-brasileiro mostrou força também no confronto corpo a corpo.

No placar geral, a vantagem de Mir reside no número de pódios: 7 a 5. O piloto da Suzuki, contudo, além de ter vencido menos, também não conquistou poles. O piloto da moto #21 liderou o grid da classe rainha em duas oportunidades. Ao fim de 14 etapas, a diferença entre o campeão e o vice foi de só 13 pontos.

A história da temporada, todavia, poderia ter sido diferente não fossem os problemas de motor enfrentados pela Yamaha. Além da dificuldade da YZR-M1 no contraponto da performance com os protótipos V4 ― mas também com o propulsor quatro cilindros em linha da Suzuki ―, a quebra do GP da Andaluzia foi determinante para a derrota de Morbidelli na MotoGP. Tivesse Franco recebido a bandeirada na posição em que estava no momento em que o motor falhou, os 13 pontos correspondentes à quarta colocação seriam o suficiente para o título pelo critério de desempate. E, mais do que isso, considerando que Francesco Bagnaia não completou aquela corrida, o piloto SRT poderia ter subido para o terceiro posto, somando 16 pontos.

Curiosamente, o segundo GP da temporada foi motivo de festa para a Yamaha, já que Quartararo venceu, dividindo o pódio com Maverick Viñales e Valentino Rossi. O que poderia ser mais a cara de 2020, não é mesmo?

Ex-piloto da classe rainha, Chris Vermeulen não teve dúvidas em apontar Morbidelli como o melhor piloto do ano na MotoGP. Na visão do ex-Suzuki, Franco foi o mais rápido de 2020.

“Não escolho o campeão mundial como o número um. Franco Morbidelli foi o cara que, no fim do ano, foi o piloto mais rápido da MotoGP”, disse Vermeulen no podcast In the Fast Lane, produzido pelos organizadores do GP da Austrália. “Os outros caras estavam dizendo que ele estava emu ma Yamaha de 2019 e que ela é melhor do que a Yamaha de 2020, mas Valentino Rossi levantou pontos interessantes e disse: ‘É, a moto é diferente e temos mais dados sobre ela… mas a principal diferença é Franco Morbidelli. E temos de ouvir Rossi. Ele é um dos caras pilotando a moto”, apontou.

De fato, Morbidelli mostrou mais que os colegas de Yamaha e conseguiu mudar o cenário dentro da Yamaha. O campeão de 2017 da Moto2 vai para a próxima temporada com a mesma moto deste ano, mas isso não é exatamente um problema. Afinal, junto com Ramón Forcada, Franco fez uma bela limonada com os limões que tinha em mãos.

Semana passada, o GRANDE PREMIUM publicou um balanço da temporada 2020, com as notas de todos os pilotos no ano. Na média da pontuação distribuída por três jornalistas do GP, Morbidelli acabou com 8.8, contra 9.8 de Mir. Devo dizer, porém, que eu mesma dei notas iguais para os dois pilotos: 9.5. A nota, contudo, foi puxada para baixo pelo julgamento de Nathalia De Vivo e Pedro Luis Cuenca.

Ou seja, nem todo mundo vai colocar as temporadas de Mir e Morbidelli em pé de igualdade, mas, para usar uma expressão da moda no mundo da política, não dá para dizer que Franco não ganhou musculatura com a performance 2020.

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