FIM precisa adotar superlicença para selecionar quem pode correr na MotoGP

Promoção de Darryn Binder da Moto3 direto para a MotoGP reascendeu o debate sobre a necessidade de o Mundial de Motovelocidade exigir uma qualificação mínima dos pilotos para a classe rainha

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O salto de Darryn Binder direto da Moto3 para a MotoGP reascendeu o debate sobre a necessidade de uma superlicença para que os pilotos possam subir nos protótipos da classe rainha do Mundial de Motovelocidade. Aos 23 anos, o sul-africano ganhou uma vaga na RNF, novo nome da SRT para a temporada 2022.

Binder não será o primeiro a fazer essa ligação direta entre as classes menor e maior. Jack Miller passou por isso antes. Mas a questão aqui não é nem quem e nem quando. O debate que precisa ser feito é: a MotoGP não deveria ter uma exigência mínima para garantir a qualificação de pilotos para os protótipo mais potentes do Mundial?

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Darryn Binder vai correr na RNF Yamaha em 2022 (Foto: Yamaha)

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A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) exige que os pilotos tenham a superlicença, que é o documento que permite ao competidor fazer parte de uma corrida de Fórmula 1.

O sistema atual determina que um piloto está habilitado a competir na Fórmula 1 depois de acumular 40 pontos ao longo das três últimas temporadas (limite temporal ampliado para quatro em razão da pandemia).

A pontuação pode ser acumulada em várias categorias como Fórmula 2, Fórmula 3, WEC, Indy, Super Fórmula Japonesa e até a F4 nas mais diversas versões espalhadas pelo mundo.

Se, por exemplo, aplicássemos o exemplo da FIA a Binder, usando a Fórmula 3 como equivalente da Moto3, o irmão de Brad somaria apenas nove pontos, já que não pontuaria pelo 22º lugar na classificação de 2019, teria três pontos pelo oitavo de 2020 e outros seis pelo atual sexto lugar no Mundial de Pilotos.

Miller por outro lado, teria pontos o bastante, já que antes de saltar para a classe rainha em 2015, foi sétimo na Moto3 em 2013 e vice-campeão em 2014, o que lhe renderia 48 pontos nessa suposta superlicença.

É claro que nem todo mundo que chega à Fórmula 1 com pontos o bastante na superlicença é um potencial campeão, mas é uma espécie de nota de corte para separar quem está ou não preparado para a classe de elite. E isso é algo que a FIM (Federação Internacional de Motociclismo) poderia muito bem aplicar.

Há alguns anos, em 2018, os próprios pilotos pediram a adoção de um sistema assim. Na época, o pedido foi fruto da escalação de Christophe Ponsson como substituto do lesionado Tito Rabat na Avintia para o GP de San Marino e da Riviera de Rimini. Os competidores temiam a inexperiência do novato com os freios de carbono e os pneus Michelin.

“A MotoGP é uma categoria super difícil. Não podemos dar uma moto da MotoGP para qualquer um, pois até na curva 1 será perigoso para todos nós”, disse Aleix Espargaró na época.

Marc Márquez ecoou a posição do mais velho dos Espargaró e considerou que é necessário estar em um estágio mínimo da carreira para poder saltar para a divisão principal.

“Já dissemos antes que para estar em uma corrida da MotoGP, você precisa estar em um nível mínimo da sua carreira. Chegar aqui por causa de dinheiro não é certo, pois estamos no melhor campeonato do mundo. Sei que alguns precisam chegar desta forma, mas não é a melhor e nós precisamos ter segurança”, defendeu o espanhol na ocasião.

Como está hoje, o regulamento exige apenas a idade mínima de 18 anos e a posse de uma licença para correr em GP. E pronto. É pouco. Muito pouco.

Em um momento onde o debate sobre a segurança está em alta, a FIM bem que poderia definir critérios mais sólidos para peneirar quem pode ou não entrar na MotoGP.

Não é uma questão específica em relação ao caçula dos Binder, mas uma forma de também assegurar que os pilotos tenham o preparo necessário da base do esporte antes de chegar ao nível máximo da motovelocidade.

É preciso ressaltar, porém, que um sistema como o da FIA, por exemplo, impediria o salto de Fabio Quartararo para a MotoGP em 2019, quando ele teria acumulado apenas três pontos em um paralelo entro Moto2 e Fórmula 2. Assim, é preciso encontrar um equilíbrio, um sistema que assegure a experiência necessária, mas que também não barre aqueles que estão prontos para o salto.

É como dizem: se não fizer bem, mal também não vai fazer.

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