Foi aposta de risco, mas Ducati acerta ao liberar Dovizioso para prova de motocross

Andrea Dovizioso se acidentou e acabou com a clavícula esquerda fraturada em uma corrida de motocross em Faenza. O risco, porém, existiria mesmo que ele estivesse apenas em um treino da modalidade

Não é a primeira vez que um piloto da MotoGP se machuca praticando motocross ― tampouco deve ser a última ―, mas é bem incomum vê-los participando de corridas oficiais. Inclusive com a anuência de suas fábricas. Mas foi justamente isso que aconteceu com Andrea Dovizioso e a Ducati.

No último domingo, Dovizioso participou de uma corrida do Campeonato Regional de Emilia Romagna, na pista de Monte Coralli, em Faenza. O italiano de Forli, porém, caiu e acabou com fratura na clavícula esquerda. Andrea foi submetido a uma cirurgia na Policlínica de Modena, onde os médicos colocaram uma placa e seis parafusos para estabilizar a lesão.

MotoGP 2020 Andrea Dovizioso Motocross Faenza
Andrea Dovizioso está acostumado ao motocross (Foto: Reprodução)
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Já em casa, Dovizioso planeja iniciar a reabilitação em breve e garante que estará em forma para a abertura da temporada 2020, no próximo dia 19, em Jerez de la Frontera.

Mas, afinal, foi uma boa ideia disputar prova de motocross às vésperas do GP da Espanha?

“Apesar de sabermos que o motocross é uma atividade que apresenta vários riscos, permitimos que Andrea participasse dessa corrida regional, porque ele explicou que precisava redescobrir os estímulos e sensações que só a competição real pode proporcionar”, contou Paolo Ciabatti, diretor-esportivo da Ducati. “Por outro lado, o motocross é uma disciplina que muitos pilotos da MotoGP usam para treinar regulamente. Então, no fim, temos de ficar aliviados com o fato de a lesão não ter consequências sérias e de que Andrea poderá estar regularmente no início do campeonato em Jerez”, completou.

Ciabatti tem razão. O motocross é mesmo uma modalidade bastante utilizada pelos pilotos da MotoGP, mesmo que eles não tenham domínio total da técnica. Passado o período de lockdown resultante da pandemia do novo coronavírus, pilotos como Marc e Álex Márquez, Valentino Rossi e Maverick Viñales, por exemplo, correram para se aventurar nas pistas de terra. Dovizioso também vinha praticando a modalidade.

O histórico recente mostra que não é preciso uma competição para que os pilotos se machuquem no motocross. Dias atrás, Marco Bezzecchi, da Moto2, fraturou o tornozelo esquerdo em um acidente de treino. Em 2017, Rossi teve uma lesão no peito após uma queda às vésperas do GP da Itália. Em 2015, Franco Morbidelli perdeu o GP da Grã-Bretanha após fraturar tíbia e fíbula na mesma pista de Faenza.

Os riscos do motocross são mais do que conhecidos, mas existe mesmo uma alternativa? Um guitarrista treina sua habilidade tocando guitarra, um pugilista pratica boxe e assim por diante. O off-road pode até não ser a opção mais segura, mas correr de moto tampouco é sinônimo de segurança.

Anos atrás, em 2017, Marc Márquez deu uma boa explicação para justificar a prática no off-road ao ser questionado sobe o acidente de Rossi.

“Claro que entendo todos os lados, mas, sabe, Valentino, eu, os outros pilotos, em casa no sofá? Você não melhora. Você tem de treinar, fazer algumas coisas. Parece que Valentino não caiu num salto, mas não sei. Mas, mesmo quando você pedala, você pode cair. Quando você pedala, muitas coisas podem acontecer. No sofá, certamente será mais fácil e agradável, mas aí você não melhora. Se algo tiver de acontecer, vai acontecer, mas vou continuar fazendo motocross”, garantiu.

É preciso ressaltar, também, que os pilotos estão afastados das competições há muito tempo. A pausa resultante da pandemia é maior do que a habitual. Normal, então, que eles queiram recuperar a competitividade. Ainda mais por se tratar de uma temporada tão compacta.

Marc Márquez também já voltou aos treinos de motocross em 2020 (Foto: Honda)

Com apenas 13 GPs previstos até aqui, a temporada da MotoGP vai exigir que os pilotos estejam ligados e prontos desde a primeira corrida. Nos últimos anos, Dovizioso demorou um pouco a acordar para a vida e, quando o fez, já tinha perdido qualquer chance de fazer frente ao #93 da Honda.

É compreensível que o vice-campeão de 2017, 2018 e 2019 tenha pedido para correr. A Ducati correu um risco, é verdade. Mas esse risco também existiria se o #4 estivesse só treinando.

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