Peter Pan, Rossi ainda tem espaço na MotoGP. Mesmo aos 41 anos

Eternamente jovem, o italiano ainda não perdeu o amor pela classe rainha, mesmo com 21 temporadas, sete títulos, 89 vitórias, 199 pódios e 55 poles. E uma fortuna para chamar de sua também

Valentino Rossi bem que podia ser um personagem de James Matthew Barrie. Tal qual o Peter Pan do dramaturgo nascido na Escócia, o piloto da Yamaha se recusa a crescer e segue a vida em meio às muitas aventuras possibilitadas pelo Mundial de Motovelocidade. Mesmo que não precise mais disso: nem financeira e nem esportivamente.

No último sábado (26), a Yamaha anunciou um contrato de um ano com Rossi, que vai migrar para a escuderia satélite SRT com suporte total de fábrica. Assim, o piloto que já conquistou sete títulos entre 500cc e MotoGP ― nove considerando as taças de 125cc e 250cc ― estará no grid em 2021, aos 42 anos. Mas esse pode nem ser o fim da linha.

Diretor da equipe de Iwata, Lin Jarvis revelou um acordo verbal com Rossi para avaliar, em meados do próximo campeonato, se ele quer seguir ou não em 2022. O contrato não prevê essa opção por uma questão técnica: a Yamaha ainda não tem pacto com a Dorna para participar do Mundial depois de 2021, mesma data em expira o acordo vigente com a equipe malaia.

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Valentino Rossi segue apaixonado pela MotoGP e pela vida de piloto (Foto: Divulgação/MotoGP)

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A permanência na MotoGP, embora tenha alegrado centenas de fãs ao redor do mundo, é também alvo de questionamentos. Afinal, o Rossi de hoje não é o mesmo de dez anos atrás. As vitórias se tornaram escassas, a briga pelo título tem sido um sonho distante e número de pilotos com qualidade de protagonista aumenta ano a ano.

Mas apesar de tudo isso, Rossi segue merecendo um lugar na MotoGP, especialmente por não ser um ex-piloto em atividade. O filho de Graziano Rossi não perdeu a fé na própria habilidade e, justamente por isso, segue empenhado em ser competitivo, segue buscando um caminho para ser mais veloz. E, ainda que os resultados estejam deixando a desejar, o fato que ele é hoje mais competitivo do que foi em 2019.

No GP da Catalunha, por exemplo, o italiano largou na primeira fila e passou a maior parte da corrida entre os ponteiros, mas cometeu um erro na curva 2, caiu e abandonou. Foi o terceiro GP que o piloto da moto #46 não completou em 2020, o segundo seguido por erro ― o primeiro foi resultado de uma quebra da YZR-M1 no início da temporada.

Com três zeros em oito corridas, Valentino despencou para a 11ª colocação no Mundial, exatos 50 pontos atrás de Fabio Quartararo. Matematicamente, o título ainda é viável ― restam 150 pontos em disputa ―, mas o próprio piloto reconhece que a situação é difícil.

Com ou sem taça, Rossi tem condições de avançar na tabela e buscar um resultado melhor do que o do ano passado, quando foi apenas sétimo, o terceiro entre as quatro Yamaha. E o próprio desempenho da M1 permite isso, ainda que o protótipo japonês siga contando com algumas fraquezas, especialmente no quesito velocidade.

Existe quem diga que o legado de Rossi está sendo afetado pela performance recente. De fato, os números são muito diferentes de outrora, o que impacta especialmente os índices de aproveitamento, mas não é também parte desse espólio o fato de ele seguir tentando e trabalhando para ser melhor? Mesmo já tendo acumulado fortuna o suficiente para viver pleno e belo pelo resto da vida sem precisar franzir a testa com o acumulo dos boletos. De acordo com o jornalista Simon Patterson, do site britânico The Race, a marca VR46, por exemplo, vende cerca de € 30 milhões (aproximadamente R$ 196 milhões) por ano em merchandising.

Esportivamente falando, Rossi é hoje o recordista de vitórias, com 89, 21 a mais do que Giacomo Agostini, o segundo no ranking, e 33 à frente de Marc Márquez, o campeão vigente da MotoGP. Valentino lidera, também, a lista de voltas mais rápidas, pódios, primeira fila do grid, corridas na zona de pontuação, voltas na liderança e pontos, por exemplo. O piloto só é segundo na contabilidade dos títulos, já que na divisão principal fica atrás de Agostini, que soma oito canecos.

Com um currículo como estes, difícil imaginar que ainda falte algo para que Rossi seja plenamente realizado profissionalmente. O irmão de Luca Marini já conquistou tudo que era possível, venceu mais do que qualquer outro, provou que o piloto faz a diferença, encarou desafios com três marcas diferentes, passou por altos e baixos e marcou, definitivamente, a história da MotoGP.

O dicionário pode até não mostrar, mas Valentino Rossi é sinônimo de MotoGP. Talvez o maior sinônimo de todos. O italiano ajudou a construir o Mundial como ele é hoje, auxiliou a popularização do esporte. Rossi ultrapassou até mesmo as barreiras do campeonato promovido pela Dorna.

A performance de hoje não é como a de antes. Mas isso não significa que ele precisa parar por aqui. Talvez a gente só precise aprender a apreciar a jornada tanto quanto Rossi aprecia.

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