Retrospectiva 2020: Suzuki faz melhor moto do ano e celebra centenário com título
20 anos depois da conquista de Kenny Roberts Jr., a marca de Hamamatsu apareceu com uma GSX-RR quase impecável e viu Joan Mir surpreender para faturar o título da MotoGP de 2020
Ninguém surpreendeu mais no campeonato 2020 da MotoGP do que a Suzuki. Na sexta temporada desde o retorno à classe rainha do Mundial de Motovelocidade, em 2015, a casa de Hamamatsu acertou a mão na GSX-RR, soube aproveitar as oportunidades e viu Joan Mir se valer da regularidade para encerrar uma espera de 20 anos pelo título.
Na fila do Mundial de Pilotos desde a conquista de Kenny Roberts Jr. em 2000, a Suzuki passou por um processo de reconstrução recentemente, já que deixou o Mundial no fim da temporada 2011 por conta dos efeitos da crise econômica global e voltou apenas em 2015. Sob a batuta de Davide Brivio, porém, a marca fundada por Michio Suzuki conseguiu otimizar os recursos ― bastante menores do que os das gigantes Honda e Yamaha, por exemplo ― e aproveitou o regulamento da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) para se desenvolver em ritmo acelerado e assumir o papel de protagonista.
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Antes do início do campeonato, porém, ninguém esperava que a Suzuki fosse fechar o ano com o título. Tal qual nos últimos anos, Marc Márquez abriu o ano como favorito, mas, com uma RC213V manhosa nas mãos e rodando acima do limite já na primeira corrida de 2020, o piloto de Cervera caiu em Jerez, quebrou o braço direito e ficou de fora do restante da temporada.
Sem o protagonista de sempre, a disputa da MotoGP ganhou contornos inesperados. Fabio Quartararo, que venceu as duas primeiras corridas do ano, passou a maior parte de 2020 rotulado como favorito, mas, pouco a pouco, Mir foi ganhando espaço sob os holofotes.
E, embora o piloto de Palma de Maiorca tenha levado a melhor no resultado final, é justo dizer que Álex Rins teve contribuição decisiva no título. Na Suzuki desde 2017, o piloto de 25 anos contribuiu decisivamente com a evolução do protótipo de 1000cc e só não teve um ano ainda melhor por causa da lesão sofrida no ombro na primeira corrida.
Sem Márquez e com a Ducati quase irreconhecível na comparação com os anos anteriores, 2020 viu um confronto entre Yamaha e Suzuki pelo título. Inicialmente a esquadra de Iwata parecia em melhores condições, mas as deficiências da YZR-M1 foram ficando claras com o passar das rodadas. Se largavam na frente, as motos dos três diapasões eram quase imbatíveis, mas, no bolo, a dificuldade de ultrapassar se fazia muito presente e os pilotos mais pareciam andar para trás.
A Suzuki, por outro lado, ganhava força durante as corridas. A classificação foi o ponto fraco do ano, mas tanto Mir quanto Rins mostraram habilidade ao conservar o equipamento e eram sempre aguardados como rivais nos giros finais.
No fim das contas, a Suzuki é um acerto total. A juventude de Mir e Rins é uma escolha do presidente Toshihiro Suzuki, que fez a opção por talentos que possam ser desenvolvidos na casa para que identifiquem com os valores da companhia. O projeto comandado por Ken Kawauchi envolve bem menos pessoas que nas equipes rivais, mas a correção do trabalho tem dado resultados cada vez mais interessantes. O experiente Brivio é também um trunfo importante, já que comanda a equipe equilíbrio, deixando os pilotos livres para brigarem entre si, controlando a pressão e motivando sempre que necessário.
Com o resultado de 2020, a Suzuki agora soma sete títulos na classe rainha do Mundial. Antes de Mir, apenas Barry Sheene, Marco Lucchinelli, Franco Uncini, Kevin Schwantz e Kenny Roberts Jr. tinham atingido a glória do esporte com a marca que nasceu em 1920 a partir de uma fábrica de teares.
Por enquanto, ninguém sabe se Mir vai estampar a GSX-RR com o #1 ou manter o #36. Mas o fato é que a equipe vai para 2021 como referência. A Suzuki é a marca a ser batida na briga pelo título da MotoGP.
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