Retrospectiva 2020: Pandemia tumultua, mas MotoGP entrega temporada divertida

Depois de uma série de atrasos e cancelamentos, a Dorna conseguiu colocar de pé um campeonato de 14 etapas para a classe rainha, que, apesar de ser completamente realizado em solo europeu, foi competitivo e atrativo na medida certa

Parecia que a temporada 2020 da MotoGP não sairia do papel, mas, depois de uma série de adiamentos e cancelamentos, a FIM (Federação Internacional de Motociclismo) e a Dorna conseguiram colocar de pé um campeonato de 14 etapas ― 15 para Moto3 e Moto2 ― e, apesar de todos os muitos pesares, ninguém tem lá grandes motivos para reclamar.

Originalmente, a disputa começaria em 28 de março, com o GP do Catar. Às vésperas da corrida, porém, o governo catari passou a restringir a entrada no país por conta da pandemia do novo coronavírus, o que inviabilizou as corridas da classe rainha. As classes menores só conseguiram correr, pois já estavam em Losail para o último teste da pré-temporada.

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Joan Mir encerrou um jejum de 20 anos da Suzuki (Foto: Divulgação/MotoGP)

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Depois, uma pausa inédita na programação. O Mundial de Motovelocidade precisou cancelar provas tradicionalíssimas, como Mugello, Assen e Phillip Island, e elaborou um calendário integralmente europeu. Além de permanecer no velho continente, a programação trouxe repetição de praças como Jerez, Red Bull Ring, Misano, MotorLand e Valência. E teve tempo até para uma pista inédita: Portimão, que saiu do banco de reservas para encerrar o ano de um jeito glorioso.

Para tornar a temporada viável, a MotoGP precisou de um plano sanitário rigoroso, submetendo pilotos, integrantes de equipes e etc. a inesgotáveis testes, além de limitar o contato entre os membros do paddock. No geral, as medidas funcionaram e foram poucos os positivos para Covid-19 entre os competidores: Riccardo Rossi, da Moto3; Jorge Martín, da Moto2; Iker Lecuona e Valentino Rossi, da MotoGP. Tony Arbolino, também da classe menor, perdeu uma etapa por causa do Sars-CoV2, mas não por ter contraído a doença e sim por ter tido viajado ao lado de um caso positivo.

A parte mais difícil, porém, ficou com os não-europeus do paddock. Australianos e japoneses, por exemplo, não puderam voltar para casa ao longo de todo o ano, já que o risco de ser impedido de voltar seguia pairando no ar ― além, claro, das muitas quarentenas obrigatórias em vigor em diversos países.

Marc Márquez quebrou o braço em uma queda feia na Espanha (Foto: Reprodução)

Apesar dos desafios extras, ao menos na pista as coisas transcorreram normalmente para a MotoGP em 2020. Ou quase. Ainda na primeira corrida do ano, o GP da Espanha, Marc Márquez caiu e quebrou o braço direito. Operado, o espanhol tentou voltar antes de hora, não conseguiu, mas seguiu empenhado nos treinos físicos. Resultado? Danificou a placa de titânio e precisou de uma segunda cirurgia. O dono da moto #93 acabou passando todo o ano longe das pistas, mas teve de fazer uma terceira intervenção, no início de dezembro, já que o osso não consolidava como esperado.

Sem Márquez, a Honda saiu do posto de protagonista. Takaaki Nakagami até ganhou força, mas longe de estar no nível de Marc. Estreante, Alex Márquez demorou a engrenar e deu à marca japonesa os únicos dois pódios do ano. Cal Crutchlow, por outro lado, teve um ano título de 2020: cheio de lesões e problemas.

Com a marca da asa dourada enfraquecida, a Yamaha ficou sob os holofotes, vencendo sete das 14 etapas do campeonato. Os números, contudo, não são um fiel retrato da temporada. Se largava na ponta, a YZR-M1 conseguia até dominar a corrida, mas, se começasse no meio do bolo, parecia andar para trás. Para piorar, ainda perdeu pontos nos Mundiais de Construtores e Equipes por conta de uma infração com os motores e fechou o ano chupando o dedo.

Franco Morbidelli foi o segundo melhor na temporada 2020 da MotoGP (Foto: SRT)

Por outro lado, a Suzuki só tem motivos para celebrar. Se o ano começou ruim, com a ausência de Álex Rins na primeira etapa por causa de uma lesão que causou problemas ao longo de todo o ano, a GSX-RR logo se mostrou a moto mais equilibrada do grid, permitindo que Joan Mir usasse a consistência para encerrar um jejum de 20 anos da marca com o título de MotoGP.

A Ducati até ganhou o Mundial de Construtores ― o primeiro desde 2007 ―, mas o campeonato ficou longe de ser bom. Além de criar um climão dentro da equipe ainda antes do início do campeonato, a casa de Borgo Panigale não correspondeu à expectativa de ser protagonista e ainda que tenha sonhado com uma vitória de Andrea Dovizioso em meados do campeonato, passou longe de alcançar o sonhado bicampeonato.

A KTM, porém, joga no time da Suzuki e saiu mais do que feliz do campeonato da MotoGP na temporada 2020. Caçula entre as fábricas, a marca de Mattighofen venceu três vezes no ano ― duas com Miguel Oliveira e uma com Brad Binder ― e fechou o ano com 200 pontos, uma média de 14,2 por corrida, contra a marca de 5,8 pontos em cada uma das 19 corridas de 2019.

Andrea Dovizioso deixou a Ducati após oito temporadas (Foto: Ducati)

Já a Aprilia… O ano começou a dar errado ainda em 2019, quando Andrea Iannone foi provisoriamente suspenso por doping. Apostando na inocência do italiano, a casa de Noale optou por esperar pelo julgamento, acionando os pilotos de testes para formar para com Aleix Espargaró. No fim, nem o piloto de Granollers conseguiu mostrar muita coisa, apesar da evolução da RS-GP, mas o golpe mais duro foi mesmo o gancho de quatro anos ao piloto italiano, que veio só no fim do ano. O time comandado por Massimo Rivola, então, tentou contratar jovenzinhos para 2021, mas acabou rejeitada por todo mundo e vai ter mesmo de se virar com Bradley Smith e Lorenzo Savadori.

Apesar dos desafios e dificuldades, a MotoGP conseguiu entregar em 2020 uma temporada atrativa, divertida e, até certo ponto, saudável. O que é mais do que a gente podia esperar no início do ano.

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