Retrospectiva 2022: Marc Márquez entra na faca de novo para tentar salvar carreira

O drama de Marc Márquez pós-fratura teve um novo capítulo na temporada 2022, quando o espanhol precisou se afastar do Mundial para passar por uma cirurgia nos Estados Unidos para tentar recuperar a velha forma. Por enquanto, a falta de performance da RC213V ainda impede a certeza, mas os indícios são de que a saúde não será um problema em 2023

Marc Márquez viveu nesta temporada um novo capítulo do drama pós-fratura que protagoniza desde que quebrou o braço direito na abertura da temporada 2020 da MotoGP. Em maio passado, durante o fim de semana do GP da Itália, o piloto da Honda comunicou os fãs e a imprensa que se afastaria do campeonato para passar por uma nova cirurgia, a quarta, para tentar recuperar a mobilidade. Tratava-se de uma tentativa final de salvar a carreira, já que, da maneira como estava, a permanência no esporte não seria muito mais longa.

O problema todo começou em 19 de julho de 2020, quando Marc caiu na curva 3 de Jerez de la Frontera. No momento da queda, o espanhol acabou atingido no braço pela roda da Honda, o que causou uma fratura no úmero. O já multicampeão do Mundial de Motovelocidade foi operado pelo Dr. Xavier Mir, mas, ainda no hospital, começou a fazer flexões, pois planejava correr na mesma semana. Ele até foi liberado pelos médicos, mas sucumbiu às dores e se retirou do GP de Andaluzia.

Marc Márquez passou pela quarta cirurgia no braço direito pare recuperar mobilidade (Foto: Reprodução/Redes sociais)

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O irmão de Álex, então, decidiu seguir treinando para estar em Brno, na terceira corrida do ano. O esforço repetido acabou danificando a placa de titânio — quem não lembra da versão oficial de que a placa foi danificada no momento em que ele abriu uma janela? Por causa disso, Márquez precisou de uma segunda intervenção, 13 dias depois da primeira, para a colocação de uma nova placa.

Desta vez, porém, a recuperação passou longe do esperado. O osso não consolidava. Em 31 de dezembro de 2020, Marc passou por uma terceira operação, desta vez em Madri, no Hospital Ruber Internacional, com o Dr. Samuel Antuña, que segue cuidando dele até hoje. É a mesma equipe médica que cuida de Rafael Nadal, por exemplo. Nessa intervenção, foi necessário fazer enxerto ósseo, usando osso do quadril, além da colocação de uma nova placa de titânio.

Dias depois, porém, os médicos constataram uma infecção no osso no local da fratura, o que retardou a calcificação e manteve o piloto com antibióticos por um longo tempo. O #93 só voltou a subir na RC213V em abril do ano seguinte e venceu uma corrida — o GP da Alemanha — 336 dias depois da lesão. Mas os problemas não estavam resolvidos.

Em outubro de 2021, Marc caiu durante um treino de enduro e o acidente trouxe de volta um episódio de diplopia, um problema que afeta a visão. Desta vez, porém, o retorno às pistas foi rápido.

Mas… Em 20 de março deste ano, uma queda forte no warm-up do GP da Indonésia resultou em uma concussão que tirou o espanhol da corrida. Dias depois, um novo diagnóstico de diplopia, 141 dias depois do caso anterior — dez anos antes, Marc tinha tido um primeiro caso, ainda nos tempos da Moto2.

O caso não era cirúrgico e demandava apenas repouso e paciência. A volta à ativa veio apenas em 8 de abril, mas a falta de performance da Honda mascarava as dificuldades físicas dele. Até onde o problema era a moto? Até onde o problema era a forma física dele?

A resposta veio só em 28 de maio. Naquele sábado em Mugello, Marc revelou que vinha lidando com uma série de limitações, não só em cima da moto, mas também na vida pessoal e, por isso, tinha procurado especialistas, que o convenceram que uma nova cirurgia era o melhor caminho. A intervenção, porém, ficaria a cargo do Dr. Joaquin Sánchez Sotelo, na Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota (EUA).

“Infelizmente, preciso dar uma pausa nesta temporada 2022, o que vai me manter longe das competições por um tempo. Depois de todos esses meses de intenso trabalho com a minha nova equipe médica em Madri, a minha condição física melhorou e eu reduzi o desconforto no meu braço direito para poder competir nos GPs, mas ainda tenho limitações significativas no meu úmero que não me permitem pilotar a moto adequadamente e atingir as metas que sempre estabeleci para mim”, disse Márquez na época. “É por isso que, junto com a minha equipe médica, o Dr. Samuel Antuña e o Dr. Ángel Cotorro, e depois de consultar especialistas da Clínica Mayo, tomei a decisão de passar por uma nova cirurgia para melhorar a minha posição na moto para que possa pilotar sem as minhas atuais limitações. Pessoalmente, tenho motivação máxima e entusiasmo para seguir trabalhando e fazer o esforço para voltar a competir no nível máximo”, seguiu.

Nesta nova intervenção, o médico foi claro: a recuperação seria feita com calma. “É assim, ou nem venha”. Marc passou por uma osteotomia, o termo técnico que significa o seccionamento cirúrgico do osso, e aí uma rotação de 30°, a colocação de uma placa e vários parafusos para estabilizar o braço na nova posição.

89 dias depois da cirurgia, Marc voltou a pilotar uma moto. O retorno à RC213V aconteceu apenas em 6 de setembro, durante um teste da MotoGP em Misano, quando ele completou mais de cem voltas. O retorno definitivo às corridas aconteceu pelo GP de Aragão, em 16 de setembro.

Marc fechou 2022 sem vitórias e com um único pódio — um segundo lugar conquistado no GP da Austrália — e terminou o ano como a melhor Honda, mesmo tendo vários GPs, em 12º no Mundial de Piloto, com 113 pontos.

Ao longo dos últimos meses, Marc falou cada vez menos da parte física, um sinal de que as coisas caminham bem neste aspecto. A preocupação maior, agora, é de nível técnico, já que a Honda não fez um bom ano e tampouco foi bem no teste coletivo de Valência.

Marc quer voltar a brigar pelo título e, da parte física, fez tudo que podia para estar em forma. Agora, depende da Honda para ter um equipamento que lhe permita brigar com a concorrência em 2023.

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