Série à la ‘Drive to Survive’ é impulso necessário para expansão da MotoGP

Apesar de ainda não ser oficial, rumores dão conta de um acerto entre a MotoGP e a Amazon para a produção de uma série para o Prime Video com os bastidores do Mundial de Motovelocidade

Fabio Quartararo conquistou a quarta vitória da carreira na MotoGP (Vídeo? MotoGP)

Chegou a hora de a MotoGP ter uma série para chamar de sua. Elite do motociclismo mundial, o campeonato promovido pela Dorna tem uma boa e sólida base de fãs, mas difícil imaginar que alguém sairia prejudicado se o campeonato conseguisse um alcance maior.

Desde o início da temporada 2021, surgiram rumores de um acerto entre a Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, e a Amazon para a produção de um seriado sobre os bastidores do campeonato para o Prime Video. Embora isso ainda não tenha sido oficializado pelas partes, jornalistas presentes em Losail já flagraram as equipes de produção no circuito.

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Com ou sem suspense, o fato é que a MotoGP acerta em buscar uma alternativa para alcançar uma audiência maior. É válido reconhecer que a promotora espanhola faz muito bem o trabalho com redes sociais e produz conteúdo em quantidade e qualidade superior a muitas de suas concorrentes. Mas o público que acompanha o campeonato no Instagram, no Twitter ou no YouTube ― plataformas em que soma 17,6 milhões de seguidores ― é majoritariamente composto por pessoas que já conhecem e se interessam pelo Mundial.

Destino de Valentino Rossi pode ser um apelo extra à uma série documental (Foto: SRT)

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A aliança com um gigante do streaming ― qualquer que seja ele ― representa um salto importante na popularização do esporte. Assim como acontece com os documentários ‘Fastest’ e ‘Hitting the Apex’, ambos produzidos por Mark Neale, mas que contaram com o envolvimento de nomes consolidados em Hollywood, com Ewan McGregor e Brad Pitt, astros de filmes como Star Wars e Bastardos Inglórios, respectivamente.

Nos últimos anos, o esporte tem sido um alvo das plataformas de streaming. O documentário ‘The Last Dance’ [‘Arremesso Final’, no Brasil], que relata a carreira de Michael Jordan com o Chicago Bulls nos anos 1990, focando especialmente na despedida do astro do basquete da NBA, alcançou uma audiência de 23,8 milhões fora dos Estados Unidos em apenas um mês disponível na plataforma Netflix.

No caso do esporte a motor, o exemplo mais bem sucedido é da série ‘Drive to Survive’, que mostra os bastidores da Fórmula 1. No fim de março, a Nielsen Sports projetou que o campeonato promovido pelo Liberty Media pode alcançar 1 bilhão de fãs em 2022 graças à série que está na terceira temporada e às competições de eSports. O mesmo levantamento indica um crescimento no interesse entre a faixa etária de 16 a 35 anos.

Diferente das redes sociais, que majoritariamente são acompanhadas por pessoas que já se interessam pelo esporte, as plataformas de streaming têm potencial de alcançar um novo público, atrair o interesse de pessoas que talvez nem soubessem da existência do campeonato.

Sozinha, a MotoGP tem feito um bom trabalho neste campo, especialmente por contar com pilotos extremamente hábeis também na área do marketing. Valentino Rossi é um exemplo claro disso e, provavelmente, um dos atletas que melhor soube se promover no mundo, principalmente em se tratando de um esporte de nicho. Mas sempre é possível fazer mais.

A Dorna produz ótimas séries documentais dos bastidores do esporte, mas trata-se de um conteúdo que, além de ser feito por pessoas envolvidas com a MotoGP, está ‘escondido’ atrás de um sistema de pagamento caro e cobrado em Euro, o que dificulta muito mais o acesso de fora da Europa. No Brasil, por exemplo, um mês de acesso ao VideoPass, o serviço de streaming da MotoGP, custa R$ 201,83 (considerando o valor do Euro em R$ 6,73). A assinatura mensal do Amazon Prime é de R$ 9,90 e, junto ao Prime Video, dá acesso também ao Prime Reading, ao Prime Music e ao Prime Gaming, além de frete grátis nas entregas da gigante do varejo.

É verdade que o VideoPass fornece outros serviços, como corridas ao vivo, acervo de provas antigas e entrevistas, mas este é um serviço que interessa ao fã mais hardcore e pouco faz para atrair novos adeptos.

No mundo de hoje, ter uma série em uma popular plataforma de streaming é quase como aparecer na programação da TV aberta, já que expõe conteúdo para pessoas que talvez não o vissem de outra forma.

Em um momento de alta competitividade, com pilotos que, ainda que majoritariamente europeus, têm apelo em outras partes do mundo, a MotoGP tem o momento ideal para buscar um novo público. Soma-se a isso o fato de que ninguém sabe ainda se 2021 será ou não o último ano de Rossi no Mundial. Aos 42 anos, o italiano quer esperar um pouco antes de definir o próximo passo profissional.

Dependendo de como as coisas acontecerem, a MotoGP pode acabar com um crossover de ‘Drive to Survive’ e ‘The Last Dance’. Quem é que vai querer perder?

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