Sprint amansa na Argentina. E Binder mostra que também cresce aos sábados

Depois de uma estreia extremamente agressiva em Portugal, a corrida curta foi menos bruta em Termas de Río Hondo. Desta vez, o saldo foi positivo: Brad Binder mostrou que não é só ‘domingueiro’, enquanto Franco Morbidelli deu sinais de que aquele piloto que foi vice-campeão da MotoGP ainda existe

Depois de uma estreia trabalhada na agressividade, a corrida sprint da Argentina teve um clima um pouquinho mais ameno — ninguém derrubou ninguém, pelo menos. Mas nem por isso deixou de ser divertida. A disputa de 12 voltas deste sábado (1) foi definida apenas na linha de chegada e trouxe Brad Binder calando aqueles que duvidavam da capacidade dele de brilhar em disputas mais breves. O sul-africano, contudo, não foi o único a se destacar: metido em uma crise sem fim, Franco Morbidelli ressurgiu em Termas de Río Hondo.

Diferente de Portimão, onde todos chegaram mais ou menos prontos por causa dos testes de pré-temporada, o traçado assinado por Jarno Zaffelli em Santiago Del Estero ofereceu um teste real do que será este novo formato da MotoGP. Por causa da introdução das corridas sprint, a sexta-feira ganhou mais peso, já que é o dia que efetivamente divide os pilotos para a classificação.

Brad Binder venceu a corrida sprint depois de uma largada espetacular (Foto: KTM)

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Assim, o segundo treino de sexta, que ficou 15 minutos maior, ganhou uma dinâmica diferente, com a reta final mais próxima de uma classificação ‘old style’ do que um efetivo preparo para a corrida. Esse preparativo para a prova, aliás, também foi abalado no sábado. Antes, o TL4 oferecia ótimas condições para um ensaio, já que acontecia mais ou menos na hora do GP. Agora, isso não acontece mais. O TL3, única sessão que é efetivamente livre, é realizado pela manhã, em condições climáticas diversas daquelas do GP.

Com ou sem mudanças, a MotoGP foi aquela que a gente conhece: com todas as marcas bastante próximas. Mas, confirmando aquilo que os pilotos vêm dizendo há meses, a classificação se mostrou importante. Porém, não determinante.

15º no grid, Binder se colocou no ataque logo no apagar das luzes e entrou na briga pela vitória logo no primeiro giro. Ao longo da carreira na classe rainha do Mundial de Motovelocidade, o #33 mostrou outras vezes ter essa capacidade de escalar o pelotão, mas, em uma corrida menor, restava a dúvida se ele poderia fazer o mesmo.

Em Termas de Río Hondo, a largada foi o grande diferencial para encurtar a escalada do sul-africano.

“Acho que fiz a minha melhor largada”, avaliou Binder em entrevista ao serviço de streaming espanhol DAZN. “Eu me via conseguindo algo assim, mas não desse jeito. Entrei na curva 1 e mantive no máximo. Quando saí da curva, não podia acreditar que estava em quarto ou quinto”, seguiu.

“Me senti muito bem desde a primeira volta, então me coloquei na ponta o mais cedo possível”, explicou. “Tem vezes que tudo se encaixa. No final, conseguia escutar as Ducati atrás. Mas eles teriam de me ultrapassar sendo muito agressivos”, ponderou.

Apesar do bom desempenho, Brad não sabe se poderá voltar ao pódio no domingo. Na corrida menor, os pneus não são uma preocupação, mas no GP, é preciso preservar a borracha.

“Vou tentar repetir amanhã, mas é completamente diferente quando temos 25 voltas pela frente, porque não pode ser tão agressivo quanto eu fui hoje”, completou.

Marco Bezzecchi e Luca Marini fizeram a festa da VR46 (Foto: VR46)

O titular da KTM, contudo, não foi o único destaque no traçado argentino. Segundo no grid, Marco Bezzecchi teve um toque com Luca Marini ainda no início e chegou a cair para a oitava colocação, mas deu um jeito de avançar para até pressionar Binder no final.

“Estou contente. Larguei bem, mas, no início, foi uma confusão, muita confusão e eu perdi posições”, indicou Marco. “Fiquei um pouco para trás, mas consegui passar as duas Aprilia, aí Álex Márquez, Pecco [Bagnaia], Morbidelli e Marini”, listou.

Marco avaliou que, com uma volta a mais, poderia ter alcançado Binder, mas, mesmo com um ritmo forte, optou por manter os pés no chão para a corrida.

“Brad estava um pouco longe e tentei. Com uma volta mais, teria tentado superá-lo, mas estava muito no limite e tinha desgastado muito os pneus, então a traseira estava derrapando muito”, contou. “Amanhã eu vou tentar, mas esta pista é complicada”, encerrou.

Para completar a festa da VR46, Luca Marini conseguiu o terceiro posto, deixando para trás o fim de semana atípico de Portugal, quando caiu muito mais do que estava habituado.

“Estou muito feliz, porque Portugal não foi fácil”, comentou Marini. “Largando em sétimo, eu sabia que poderia ser complicado, mas me concentrei muito para fazer uma boa largada, o que, na MotoGP atual, com as sprint, é uma grande ajuda”, indicou.

O #10 destacou a importância da classificação, mas, como os colegas de pódio, avaliou que será difícil repetir a dose em uma corrida com a duração normal.

“Se você está atrás, é impossível chegar. Por isso, é cada vez mais importante a classificação. Amanhã será mais difícil, porque não acha que tenha ritmo para estar no pódio”, avaliou.

Franco Morbidelli fez uma bela largada para brigar entre os ponteiros (Foto: Yamaha)

Ainda que o trio ponteiro esteja sorridente com o resultado, ninguém tem um sorriso mais largo em Santiago Del Estero do que Franco Morbidelli. Atravessando uma já longa crise de performance, o ítalo-brasileiro ressurgiu, foi melhor do que Fabio Quartararo na classificação, chegou a liderar a sprint, mas acabou em quarto, no melhor resultado desde o quarto lugar no GP de Portugal de 2021.

“Até aqui, foi um fim de semana suave. Está correndo bem para nós”, destacou Franco. “Já tivemos uma boa performance na sexta e demos alguns passos que são, com certeza, refletidos na classificação”, seguiu.

“Hoje conseguimos fazer uma boa largada e batalhar com os principais competidores. Essa foi uma boa sensação. Estou feliz com isso”, comemorou. “Esse resultado vai para a equipe. Eles realmente merecem isso e este tipo de injeção de energia. Tenho certeza que agora vamos trabalhar para reduzir a diferença para os ponteiros”, completou.

A largada da MotoGP para o GP da Argentina está marcado para as 14h (de Brasília) de domingo. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade.

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