Líder da Stock Car, Zonta se vê “na melhor fase” desde volta ao Brasil com Toyota e RCM

Vencedor de duas provas em 2020, incluindo a Corrida do Milhão, Ricardo Zonta ressaltou o “melhor começo de temporada” desde que começou a correr na Stock Car, em 2007. O paranaense de 44 anos destacou a força do Toyota Corolla, mas lembrou que a Chevrolet tende a ter melhor rendimento em pistas mais travadas, como VeloCittà e Londrina, palco da prova deste fim de semana

Ricardo Zonta tem uma carreira recheada de títulos. Foi campeão da hoje extinta Fórmula 3 Sul-Americana em 1995, faturou a taça da F3000 Internacional dois anos depois — superando Juan Pablo Montoya por somente 1,5 ponto —, e chegou à glória no Mundial FIA GT em 1998 com a Mercedes ao lado do alemão Klaus Ludwig. Entre 1999 e 2004, realizou um total de 36 GPs no Mundial de Fórmula 1 correndo por BAR, Jordan e Toyota, sendo também piloto de testes de equipes importantes como McLaren e Renault. Nesse meio tempo, também foi campeão da Nissan World Series, em 2002. Até que o piloto nascido há 44 anos em Curitiba voltou a correr regularmente no Brasil, na Stock Car, a partir de 2007, chegando a atuar até por equipe própria, a RZ. Mas é neste 2020 de tantas novidades para a principal categoria do automobilismo que Ricardo Zonta vive sua melhor fase desde que regressou para acelerar no seu país-natal.

Em 13 temporadas correndo de novo no Brasil, Zonta, além da Stock Car, atuou em competições como o Brasileiro de Marcas, onde reforçou os laços com a Toyota. Na categoria, também extinta, Ricardo foi vice-campeão em 2012 e terminou em quarto lugar no ano seguinte. O curitibano, que representa a Shell Racing desde 2015, é membro frequente do grid da Porsche Endurance Series. Em 2018, foi campeão ao lado de Lico Kaesemodel na classe 4.0.

Neste 2020, a Toyota entrou novamente na vida de Zonta. O piloto, que tem um modelo de carro de Fórmula 1 da marca japonesa na sua casa, é um dos oito representantes da chamada Toyota Gazoo Racing no grid. Ricardo corre pela equipe RCM, chefiada por Marcel Campos, filho de Rosinei Campos, o ‘Meinha’, que faz parte da estrutura responsável por vários títulos e por dominar o campeonato nos últimos anos.

Ricardo Zonta venceu a Corrida do Milhão pela segunda vez em 2020 (Foto: José Mário Dias/Shell)

A bordo do Toyota Corolla #10 da Shell/RCM, Zonta largou na pole e venceu a primeira corrida do campeonato, realizada em Goiânia no dia 26 de julho. Quase um mês depois, em Interlagos, faturou um pódio na chuvosa prova de sábado.

No domingo, na disputa mais famosa do calendário, a Corrida do Milhão, Ricardo largou em terceiro e, depois de grande performance na pista e nos boxes, o paranaense cruzou a linha de chegada na frente. Foi a segunda vez que Zonta venceu a prova milionária, repetindo o feito de 2013, também no autódromo paulistano. Com os resultados das primeiras quatro corridas do ano, Ricardo tem 82 pontos, contra 78 de César Ramos, 71 de Rubens Barrichello e 64 de Ricardo Maurício. Nelsinho Piquet e Allam Khodair dividem o top-5, os dois com 50, mas o filho do tricampeão mundial de F1 leva vantagem no desempate por já ter vencido uma prova.

Para completar a fase dourada, Zonta venceu, no último fim de semana, as 4 Horas de Curitiba da Endurance Brasil ao lado de Xandinho Negrão e a bordo de um Mercedes GT3. Sendo assim, o piloto deixa claro que só há motivos para comemorar as conquistas alcançadas ao longo de 2020.

“Com certeza, está sendo a melhor fase… A gente começa liderando o campeonato, com duas vitórias em quatro corridas. É a primeira vez que estou numa equipe campeã, que tem vários títulos dentro da Stock Car, então isso acaba dando mais experiência para ter uma constância em toda a etapa”, respondeu o piloto em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO pouco depois do primeiro treino livre da categoria em Londrina na última sexta-feira.

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A velha casa e a nova casa

A união com a Toyota na Fórmula 1 começou em 2004. Nos anos seguintes, Zonta permaneceu vinculado à marca, que também tem sede europeia em Colônia, na Alemanha, sendo reserva e terceiro piloto. Tudo isso até voltar ao Brasil. Conquistou vitórias no Brasileiro de Marcas e, seis anos depois, tem a chance de reeditar a parceria.

2020 também marca o reencontro entre Zonta e a Toyota (Foto: José Mário Dias/Shell)

“Fiquei vários anos com eles na Fórmula 1… Quando voltei ao Brasil, corri o Campeonato [Brasileiro] de Marcas com a Toyota em 2012 e 2013. E quando surgiu a ideia de eles entrarem na Stock Car, eles me procuraram, conversamos bastante, e deu certo para que trabalhássemos juntos de novo. E está sendo muito bom porque, nas primeiras corridas, a gente viu o quanto a Toyota está andando bem. Então, casou uma coisa com a outra”, disse.

Por outro lado, se a Toyota é uma velha conhecida, Zonta tem a chance de representar pela primeira vez a equipe RCM. Não deixa de ser uma nova casa, ainda que esta esteja sediada onde mora Ricardo, em Curitiba.

Na visão do piloto, a chance de fazer parte de uma equipe de estrutura tão forte e vencedora tem sido vital para que seja possível alçar voos mais altos na Stock Car em 2020.

“Eles têm muita experiência. São vários anos que o ‘Meinha’ trabalha na Stock Car, e o Marcel, com a equipe dele, que é muito bem estruturada também. Meu engenheiro direto é o Joselmo [Barcik], o ‘Polenta’, que também está há muito tempo na Stock Car, E a gente, trabalhando junto, está dando muito certo. Mostramos, nessas quatro etapas, que estamos bem”, afirmou o dono de seis vitórias na categoria.

A força da Toyota

O que mais tem chamado a atenção nesta temporada que marca a inauguração de uma nova geração de carros da Stock Car é a força imposta pelos Toyota Corolla. Em quatro corridas, a marca japonesa está invicta neste princípio de campeonato. Zonta e Rubens Barrichello venceram em Goiânia, enquanto Nelsinho Piquet e, novamente, Ricardo, triunfaram em agosto em Interlagos.

Mas Zonta espera que a Chevrolet, que acelera nas pistas da Stock Car com o novo modelo Cruze, seja superior à Toyota em circuitos mais travados, como é o caso de Londrina neste fim de semana.

“Nas duas primeiras pistas, Goiânia e Interlagos, a Toyota obteve melhores resultados. Acontece que a Toyota é muito rápida de reta, tem menos arrasto aerodinâmico, então é um carro rápido de reta, com motor, tudo, mas não é tão rápido de curva na comparação com a eficiência aerodinâmica da Chevrolet. Agora que a gente chegou a Londrina, que é uma pista que não tem reta, a reta é curta, e tem muitas curvas, freadas em curvas, precisa de um suporte maior de aerodinâmica, a outra marca já teria mais eficiência que a Toyota”, explicou.

A Toyota venceu as quatro primeiras corridas do ano, duas delas com Zonta (Foto: José Mario Dias)

“Para essa etapa, eles têm outros componentes para suporte de evolução, tanto de mecânica como aero. A gente viu hoje, nos treinos, a Toyota ficando um pouco mais para trás… Eu mesmo tive muitos problemas de aerodinâmica, o carro aqui não está conseguindo ‘copiar’ as curvas, então estamos tendo de trabalhar muito para achar um acerto melhor, enquanto a outra marca está mais rápida e, talvez, seja por isso, pelas curvas serem lentas, e essa marca tem uma eficiência maior”, salientou.

“Londrina, Cascavel, VeloCittà… são pistas onde as retas são menores. Talvez em Cascavel ainda a Toyota [possa ir bem] por ser uma pista de curvas de média e alta velocidades. Mas aí você chega em VeloCittà, Londrina, são pistas que não têm retas, só curvas…”, complementou.

Além das novidades principais como a nova geração de carros e a entrada da Toyota para medir forças com a Chevrolet, uma mudança no regulamento esportivo chama a atenção: isso porque a Stock Car instituiu o chamado lastro de sucesso, que consiste em um peso adicional nos carros dos cinco primeiros colocados do campeonato. O primeiro corre com 30 kg a mais, o segundo 25 kg, o terceiro 20 kg, o quarto 15 kg e o quinto acelera com 10 kg a mais.

O lastro da discórdia

No caso de Zonta, em Londrina, por exemplo, o lastro é de 30 kg. A alegação da Stock Car é oferecer meios de tornar o campeonato mais nivelado e abrir chances a mais pilotos. Zonta falou sobre as dificuldades de correr com peso extra.

“A gente tem, nessa corrida, 30 kg a mais. Isso acaba prejudicando porque, tanto na eficiência de freada, como na potência, você acaba carregando o lastro e perde potência com isso… E tem o desgaste de pneus, porque nas curvas você tem um peso que te empurra para fora da curva, e o pneu tem de aguentar esse peso. E, além disso, a temperatura está muito alta, o desgaste de pneus está muito elevado”, apontou.

Outra novidade para 2020 na Stock Car é o chamado lastro de sucesso (Foto: José Mario Dias/Shell)

“A temperatura do carro é sempre muito alta. Ano passado, em corrida a temperatura dentro do carro ficou perto de 50ºC. Nesse ano, com as mudanças, os carros ficaram mais quentes que os do ano passado, então, para a corrida, vai ser difícil”, opinou.

Favorito ao título?

Recentemente, a Stock Car divulgou o complemento do calendário para a temporada 2020, que teve os rumos modificados em razão da pandemia de Covid-19, o que aconteceu, na verdade, em todas as competições do automobilismo, motociclismo e do esporte como um todo.

No fim das contas, a categoria, vendida pela T4F para o grupo de investimentos Paraty Capital, conseguiu encaixar uma temporada que compreende um total de 12 etapas.

Zonta, ainda que esteja vivendo grande fase, entende que é prematuro falar em título pelo fato de o campeonato estar começando. Mas confia que, na esteira da união entre Toyota e RCM, seja possível, enfim, soltar da garganta o grito de campeão pela primeira vez na Stock Car.

Zonta se vê em condições para finalmente buscar o título da Stock Car em 2020 (Foto: José Mário Dias/Shell)

“Ainda é muito cedo para falar alguma coisa sobre isso. Mas está sendo o meu melhor começo de temporada. Estou numa equipe muito constante, com um carro muito estável. A gente, então, não quer falar 100%, mas nós temos grandes chances de disputarmos o título deste ano”, completou.

A Stock Car volta a acelerar neste sábado, a partir de 8h (de Brasília), para o segundo treino livre do fim de semana e define o grid de largada a partir de 11h15. O GRANDE PRÊMIO faz cobertura completa sobre a rodada dupla de Londrina que marca a quarta etapa da temporada 2020 da Stock Car com o repórter Felipe Noronha.

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