Leclerc sente piora da SF-24 e precisa cuidar para não despencar com Ferrari em 2024
Charles Leclerc já é um piloto experiente e que hoje é visto como a prioridade da Ferrari na F1. Porém, mesmo com toda a bagagem adquirida ao longo dos anos, o monegasco dá seus sinais de fraqueza quando as coisas começam a dar errado para sua equipe. Tem acontecido de novo
Charles Leclerc começou a temporada 2024 da Fórmula 1 em ótima forma e conseguindo extrair todo o potencial da então forte e consistente SF-24. O #16 teve grandes atuações em boa parte da primeira metade do ano e cruzou a linha de chegada no top-4 nas oito primeiras corridas. O ponto alto foi a vitória no GP de Mônaco, em casa, quando deu indícios de que poderia se colocar na briga pelo título do Mundial de Pilotos. O grande problema é que o monegasco perdeu fôlego na disputa justamente quando o carro demonstrou fraquezas e a equipe precisava de uma liderança no processo de reestruturação.
Leclerc já é considerado líder dentro da Ferrari há algum tempo. Desde que chegou ao time em 2019, o #16 conquistou espaço, desbancou o tetracampeão Sebastian Vettel, conseguiu a confiança da equipe e se tornou prioridade dos italianos. Charles, de fato, é um ótimo piloto e, vestindo vermelho — com exceção de 2021 —, nunca perdeu a disputa direta para um companheiro de equipe. O ponto fraco do monegasco, no entanto, é que parece sentir a pressão quando a escuderia não consegue fazer as coisas fluírem de forma perfeita.
Foi assim em 2022, quando a Ferrari perdeu terreno em relação à Red Bull após as quebras na Espanha e no Azerbaijão, e agora depois conquistar a vitória em Mônaco. Isso sem contar, claro, anos em que o time esteve abaixo e Charles não conseguiu se destacar tanto assim, como o próprio 2021. Desta vez, Leclerc saiu do Principado com 31 pontos de desvantagem para Max Verstappen. No Mundial de Construtores, a diferença dos taurinos para os italianos era de 24 tentos — uma margem extremamente pequena, ainda mais levando em consideração o momento ruim de Sergio Pérez.
Os indícios de que a Ferrari errou no desenvolvimento da SF-24 começaram a surgir quando os pilotos reclamaram da atualização que chegou para o GP da Emília-Romanha, etapa realizada antes do GP de Mônaco. Naquele momento, o time liderado por Frédéric Vasseur tinha como objetivo não apenas retomar o posto de segunda força — que acabara de ser ocupado pela McLaren —, mas também se colocar no mesmo patamar da Red Bull e brigar efetivamente pelo título.
“O ritmo não foi bom hoje e não estou feliz. Após a classificação, vimos algo no carro que não estava funcionando como pretendido ou esperado. Tivemos dificuldades e sofremos com alguns problemas. Em geral, as coisas não deram certo hoje e, por isso, não estou feliz. Mas tenho certeza que podemos reverter a situação em Mônaco e solucionar alguns problemas que estavam nos impedindo de sermos melhores. Estaremos de volta no ritmo”, destacou Carlos Sainz após o GP da Emília-Romanha.
O resultado em Mônaco, com Leclerc em primeiro e Sainz em terceiro, ofuscou um pouco a declaração do espanhol e parecia um indicativo de que a Ferrari estava de volta ao páreo. Mas o choque de realidade veio logo na prova seguinte, no Canadá, quando a dupla sequer foi capaz de avançar ao Q3. É verdade que durante a corrida o monegasco foi prejudicado por uma perda de potência do motor e também foi atrapalhado pela estratégia da Ferrari — que colocou pneus de pista seca quando o asfalto ainda estava molhado. Mas faltou também leitura de corrida por parte do #16 — habilidade importantíssima principalmente em momentos delicados, e que Carlos já mostrou dominar com maestria.
Apesar de um respiro com o quinto lugar no GP da Espanha, o monegasco voltou a figurar fora dos pontos nos GPs da Áustria e da Inglaterra. No Red Bull Ring, errou na última tentativa de volta rápida no Q3 e alinhou no grid apenas em sexto. Na largada, se envolveu em um toque com Oscar Piastri na curva 1, teve de ir para os boxes e caiu para o fundo do grid. No fim, não teve ritmo para se recuperar, colecionou pit-stops e cruzou a linha de chegada apenas em 11º — em uma comparação direta, Sainz novamente aproveitou as oportunidades e se valeu do enrosco entre Lando Norris e Verstappen para garantir um pódio. Leclerc se limitou a dizer que a corrida na Áustria não teve nada de positivo.
Em Silverstone, mais um fim de semana em que a Ferrari não estava bem, Charles voltou a cometer erros. Primeiro na classificação, em que não contornou a curva 13 da forma ideal, perdeu 0s3 e foi eliminado ainda no Q2. Na corrida, novamente não teve uma boa leitura, aceitou a sugestão de estratégia “agressiva” da Ferrari, e acabou rodando oito voltas com pneus intermediários enquanto a pista estava praticamente seca. No fim, foi 14º e viu Sainz — que não aceitou a sugestão do time — ficar em quinto.
Sem desempenho e se vendo tão perdido quanto a Ferrari, Leclerc reconheceu que não sabia como retomar a boa forma.
“Nunca realmente encontrei o ritmo do carro”, disse após a corrida em Silverstone. “Guiei numa configuração diferente da que tinha usado ontem para fazer uma comparação, mas revertemos às especificações antigas hoje. Devo dizer que não ajudou na minha preparação, especialmente em pista seca. Perdemos ritmo e não sabemos como recuperar”, afirmou.
Ainda pressionado pela falta de performance da SF-24, Leclerc errou durante o treino livre 2 do GP da Hungria. A Ferrari, no entanto, tentou minimizar a situação e isentou o #16 dos erros constantes.
“As últimas corridas foram difíceis para Charles, mas não é culpa dele. Talvez ele tenha ficado condicionado a forçar além do limite por conta dos nossos problemas na parte técnica. Cometemos erros juntos e reagimos juntos enquanto grupo”, disse Vasseur.
Apesar do erro no TL2, foi na Hungria que a Ferrari e também Leclerc deram um sinal de reação. Apesar de ter se classificado em sexto, o piloto alinhou o ritmo decente com a boa estratégia e conseguiu retornar ao top-4 — embora tenha admitido que isso não foi o suficiente.
Na Bélgica, novamente a Ferrari esboçou uma reação e Leclerc correspondeu. Na classificação, desbancou Pérez, as McLaren e as Mercedes, e ficou com o segundo tempo — que acabou virando a pole por causa da punição de Verstappen. Na corrida, fez o que era possível e conseguiu salvar um pódio após se beneficiar da desclassificação de George Russell antes de partir para as férias de verão
Foi justamente quando Vasseur destacou que as coisas voltaram a se alinhar e a equipe “teve algum progresso”, que Leclerc também retomou a boa forma e conseguiu voltar a conquistar resultados positivos. Portanto, apesar das adversidades, os dois top-4 seguidos chegaram em boa hora. Agora, com as férias de verão, Charles vai ter um tempo para colocar as coisas no lugar e voltar com mais foco para que as coisas estejam mais sob controle na segunda metade da temporada.
Querendo ou não, esse também é um dos últimos momentos que Leclerc tem para mostrar que pode seguir como um grande nome de confiança dentro das garagens da Ferrari. Afinal, Lewis Hamilton está chegando a Maranello em 2025 e certamente vai receber um tratamento diferenciado. Fazer uma segunda metade de temporada ruim em 2024 tende a deixar tudo mais complicado para o #16 no ano que vem.
É hora de Leclerc mostrar que não é só excelente quando as coisas vão bem na equipe, mas também de mostrar força quando os astros se desalinharem nas garagens vermelhas.
A Fórmula 1 agora faz a tradicional pausa para as férias de verão na Europa e volta de 23 a 25 de agosto em Zandvoort, para a disputa do GP dos Países Baixos.
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